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Cigarro eletrônico da Juul coleta informações pessoais de usuários

Por| 06 de Agosto de 2019 às 11h52

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(Imagem: Reprodução/Financial Times)
(Imagem: Reprodução/Financial Times)

A indústria de cigarros eletrônicos (e-cigs) cresceu e obteve prosperidade com um público cada vez mais consciente sobre os malefícios de se fumar um cigarro comum, mas que não quer largar do vício tão cedo ou de forma tão direta. Nisso, diversas empresas criaram e-cigs cada vez mais avançados, que usam mais e mais recursos de interatividade e tecnologia.

O C1, da empresa canadense Juul, é um dos modelos mais recentes do setor e conta com capacidade Bluetooth que permite, entre outras coisas, a contagem e monitoramento de tragadas, travar e destravar o aparelho e encontrá-lo quando está perdido — tudo por meio do pareamento dele com um smartphone e o controle via aplicativo específico. Mas antes mesmo que o usuário possa fazer uso do C1, ele deverá assegurar uma série de permissões de privacidade que promete deixar os mais consternados do assunto com um pé atrás, como diz o ditado.

De acordo com informações do Financial Times, que cita um diretor de operações da Juul em seu braço no Reino Unido, o C1 “busca intensa verificação de idade que inclui reconhecimento facial e um sistema de verificação em dois passos que faz a comparação de dados identificados com bases de dados de terceiros”.

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Já a agência de notícias Bloomberg disse ter consultado uma fonte anônima próxima à companhia e descoberto que o C1 coleta dados de geolocalização para travar o cigarro eletrônico automaticamente em áreas onde o seu uso é proibido, como escolas e hospitais. Ao Gizmodo, a empresa emitiu um comunicado negando essa afirmação, embora confirme a função citada: “Nenhum dado de GPS é compartilhado com a Juul. Os dados de localização utilizados pela função vêm do próprio smartphone do usuário”.

Essa relação com o celular do consumidor, porém, não puxa apenas a localização: compartilhados com o cigarro eletrônico também são o número de telefone do proprietário (para autenticação de usuário), data de nascimento, número da identidade, além, claro, dos seus hábitos de fumo. A empresa disse que emprega uma tecnologia que “embaralha” as informações pessoais, atrelando-as a um smartphone específico, e que o armazenamento desses dados é feito de forma “segura e privada”.

“Nós levamos a privacidade de dados muito a sério. Insights dessas informações permitem que a Juul Labs continuamente aprimore seus produtos, além de melhor ajudar adultos fumantes a fazerem a transição [para cigarros eletrônicos]”, disse o comunicado enviado ao Gizmodo, que ainda ressalta que a empresa não vende nem compartilha dados do usuário com terceiros sem a expressa permissão dele, “em total conformidade com requerimentos regulatórios”.

A situação vem para adicionar aos problemas enfrentados pela empresa: nos Estados Unidos, órgãos de fiscalização e regulamentação alegam que os produtos da empresa têm responsabilidade no aumento do uso de cigarros eletrônicos pelo público jovem. Segundo o comissário da Food and Drug Administration (FDA), Scott Gottlieb, isso pode fazer com que a empresa seja proibida de comercializar seus produtos nos EUA, se essa tendência persistir.

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“Se vermos mais um salto no aumento [do uso de e-cigs] por parte dos jovens neste ano, seremos forçados a considerar medidas mais ‘dracônicas’ de curso, como retirar tais produtos do mercado por completo”, disse o comissário da agência que regula produtos farmacêuticos, cigarros, álcool e comida nos Estados Unidos.

A Juul diz que tem o compromisso de reduzir ou impedir o uso de seus produtos por jovens, e a coleta de dados descrita aqui a ajuda com este objetivo também.

Fonte: Gizmodo; Financial Times; Bloomberg