Cellebrite é acusada de violar direitos humanos e pode ter seu IPO paralisado
Por Felipe Gugelmin | Editado por Claudio Yuge | 14 de Julho de 2021 às 20h00
Conhecida por fornecer a forças policiais de todo o mundo ferramentas para desbloquear celulares de criminosos, a Cellebrite voltou a ser o centro de polêmicas esta semana. A empresa está sendo acusada de fornecer a autoridades da Botsuana tecnologias usadas para violar os direitos de jornalistas e obter informações confidenciais sobre suas fontes.
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O primeiro caso foi denunciado em maio deste ano pelo Comitê para Proteger Jornalistas (CPJ), que afirmou que Oratile Dikologang foi preso indevidamente e afirma ter sido torturado por autoridades. Os policias envolvidos no caso teriam usado os softwares da companhia israelense para invadir o celular do jornalista e obter dados sigilosos e sua lista de contatos.
Esta semana, o CPJ descobriu que as tecnologias da Cellebrite também foram usadas em 2019 contra Tsaone Basimanebotlhe, repórter do jornal Mmeggi. Ela afirma que foi forçada por um mandado de justiça a ceder seus dispositivos para uma análise que buscava informações sobre um membro da agência de espionagem da Botsuana.
Usando soluções como o Universal Forensic Extraction Device (UFED) e o Physical Analyzer, os policiais conseguiram extrair milhares de mensagens, registros de ligações e o histórico de navegação da jornalista. Basimanebotlhe afirma que as autoridades disseram não ter encontrado nenhuma das evidências procuradas e que elas estão em busca de qualquer pessoa que esteja fornecendo informações aos veículos de mídia.
Acusações devem atrapalhar a abertura de ações da empresa
As acusações contra a Cellebrite surgem em um momento pouco oportuno para a empresa, que negocia sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa digital NASDAQ. A transação, que deve levar sua avaliação para US$ 2,4 bilhões (R$ 12,19 bilhões) acontece através de uma fusão com a TWC Tech Holdings II Corp.
Um total de 30 grupos de defesa aos direitos humanos estão se posicionando de forma contrária à realização do negócio. Para eles, o processo só deve ter permissão para continuar após “parar de vender seus produtos a regimes repressivos e permitir processos judiciais, assédio a jornalistas, ativistas de direitos civis, dissidentes e minorias ao redor do mundo”.
A carta aberta, que também foi assinada por executivos e membros de grupos de investimento dos Estados Unidos, exige que a Cellebrite prove que tomou medidas para respeitar os direitos humanos. Segundo eles, qualquer percepção contrária pode prejudicar a reputação, as operações e os resultados das operações realizadas pela companhia.
Fonte: Gizmodo