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Sabia que a Internet tem guardiões que podem 'desligá-la' em casos extremos?

Por| 05 de Outubro de 2012 às 11h00

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Sabia que a Internet tem guardiões que podem 'desligá-la' em casos extremos?
Sabia que a Internet tem guardiões que podem 'desligá-la' em casos extremos?

E se, um belo dia, grandes hackers do mundo todo se reunissem com um objetivo comum: destruir bancos de dados de sistemas de e-mails como Gmail, Hotmail ou Yahoo, tomar a página inicial do Google e derrubar o YouTube? Enquanto isso mais parece roteiro de filme de ficção, uma equipe de guardiões está preparada para agir, se acaso qualquer calamidade virtual aconteça na web.

O esquadrão de sete homens é formado por Norman Ritchie, do Canadá; Dan Kaminsky, dos Estados Unidos; Jiankang Yao, da China; Bevil Wooding, de Trinidad e Tobago; Moussa Guebre, de Burkina Fasso; Ondrej Surý, da República Checa; e Paul Kane, da Inglaterra. Essa turma está pronta para salvar a web se qualquer dano escabroso ocorrer e acabar destruindo as barreiras de proteção à navegação.

Os 7 Guardiões (Crédito: Sattu)

Se um cataclisma virtual ocorrer, a equipe de guardiões será imediatamente convocada para entrar em ação em algum banco de dados poderosíssimo, muito bem escondido no território norte-americano. Ao se reunirem, precisam juntar suas credenciais e cartões para reiniciar um gigantesco sistema e restabelecer a ordem na web.

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Para restabelecer o estado normal da rede, é necessário que, no mínimo, cinco destes homens se encontrem para unir os cartões ultra confidenciais que receberam. Não vá pensando que arrancar informações destes homens é fácil assim: Norman Ritchie, 55 anos, por exemplo, guarda seu cartão tão bem guardado em um cofre que nem a pessoa que mora com ele consegue imaginar onde fica esta caixa forte. Além de ser protegido pelo segredo do cofre, o cartão ainda está guardado dentro de uma embalagem inviolável.

Se algo muito grave acontecesse com as máquinas que protegem os endereços da internet, a decisão caberia à equipe de guardiões que, reunida, discutiria as melhores diretrizes para reverter a situação com agilidade e segurança. Ao juntar os cartões, a equipe poderia gerar uma nova chave de segurança. De posse da nova senha confidencial, o próximo passo seria reiniciar um novo Módulo de Segurança de Hardware (HSM, ou Hardware Security Module).

O HSM é um dispositivo de emergência que traz, em alguns instantes, todo o backup do protocolo de segurança da maioria dos sites, para restabelecer a normalidade da navegação na internet.

A esta altura, você deve estar se perguntando para quem esses homens trabalham. O órgão responsável por todo o protocolo e sistema de segurança é a ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers). A corporação é financiada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, que escolheu os sete membros do esquadrão depois de um longo e minucioso processo seletivo.

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A menina dos olhos destes sete homens é o sistema DNSSEC (Domain Name System Security Extensions), que garante segurança aos internautas para que não caiam em sites pirateados. Vários domínios de diversos países do mundo utilizam esse sistema. Um deles é o nosso querido .br (o .com é protegido pela VeriSign, uma empresa privada dos EUA). Qualquer ataque ao DNSSEC traria consequências desastrosas que afetariam vários domínios do mundo todo.

Para reforçar ainda mais o sistema de segurança, 14 oficiais criptográficos auxiliam os guardiões, autorizando o uso de chaves e equipamentos de assegurem a autenticidade dos sites. Um destes oficiais é o brasileiro Frederico Neves, coordenador técnico do Registro.br, uma organização que trabalha com registro de domínios.

Toda essa estrutura de proteção não foi montada à toa. Por mais surreal que pareça, é preciso haver segurança em casos de uma cyberguerra, de um ataque nuclear ou de algum outro desastre que seja tão crítico a ponto de precisar convocar os guardiões. Mas, para chegar a esse ponto, seria necessário quebrar várias outras barreiras de segurança extremamente reforçada.