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Vírus comedor de bactérias salva paciente imunossuprimido; entenda

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Maio de 2022 às 09h44

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maxxyustas/envato
maxxyustas/envato

Cientistas usaram um vírus comedor de bactérias para tratar um paciente imunossuprimido diagnosticado com um quadro de resistência antimicrobiana, uma condição tão preocupante que chegou a ser apontada como uma das principais causas de morte no mundo. O caso foi relatado na revista científica Nature Communications, no último dia 3.

Acontece que um paciente de 56 anos foi infectado por Mycobacterium chelonae, uma bactéria que corrói a pele e os tecidos. Os tratamentos com antibióticos ao longo de seis meses não apresentaram resultados, e ainda afetaram o corpo, danificando os rins e as articulações.

Cientistas investiram então em uma terapia experimental com um vírus chamado Muddy, um bacteriófago (comedor de bactérias) que representa uma ameaça até contra as bactérias mais resistentes. Esse vírus costuma ser encontrado no solo e nos esgotos.

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A terapia com vírus bacteriófagos já foi usada antes pela ciência, mas como uma combinação de vírus diferentes. Confiar em apenas uma única linhagem tornou tudo mais desafiador. Apesar de várias incertezas relacionadas ao tratamento, o paciente optou por continuar sua terapia até que os cientistas conseguiram eliminar a bactéria.

O voluntário recebeu o patógeno em combinação com antibióticos por via intravenosa. Em três dias, o sistema imunológico do paciente começou a gerar anticorpos contra o vírus. No entanto, os resultados começaram a surgir em duas semanas, com o paciente apresentando melhoras nas lesões sem manifestar efeitos colaterais graves.

No artigo, os cientistas também citam a possibilidade de adaptação das bactérias, além de um mistério ainda não desvendado acerca dos efeitos a longo prazo da terapia fágica no sistema imunológico. A conclusão é que ensaios clínicos são necessários para entender melhor os benefícios da terapia com esses vírus comedores de bactérias, em maior escala e em um ambiente mais controlado.

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Com isso, os autores do estudo pedem à comunidade científica que continue explorando os bacteriófagos como uma opção terapêutica, ainda que seja necessário entender os fatores que impulsionam o desenvolvimento da resistência bacteriana” e como a resposta imune do corpo interage com esses vírus.

Recentemente, um estudo brasileiro publicado na revista científica Journal of Hospital Infection destacou a pandemia silenciosa de resistência antimicrobiana que tem se instalado. Para se ter noção, a detecção de bactérias resistentes a antibióticos triplicou na pandemia de covid-19.

Fonte: Nature Communications, SingularityHub