Surto de covid em Pequim faz governo implementar testagem em massa na cidade
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 26 de Abril de 2022 às 11h50
Desde a última sexta-feira (22), 70 novos casos de covid-19 foram detectados na capital chinesa, Pequim, o que gerou preocupação e medidas de controle governamentais. Após incidentes semelhantes em Xangai, outra megacidade do país que acabou tomando medidas de lockdown para conter a transmissão da variante Ômicron, o temor de que o mesmo aconteça com a capital é grande.
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Na expectativa de medidas de isolamento, famílias chinesas foram a supermercados para estocar comida e suprimentos e fizeram filas para realizar testes de covid obrigatórios — num período de cinco dias, são exigidos três exames PCR, medida tomada na noite da última segunda-feira (25).
Cerca de dois terços dos casos vêm do bairro nobre de Chaoyang, que, no último domingo, exigiu a testagem de todos os seus 3,5 milhões de habitantes na segunda, quarta e sexta-feira: os moradores de outros 10 bairros, o que abarca quase toda a população da capital (menos áreas muito rurais), foram indicados a realizar o teste de covid na terça-feira, quinta-feira e no sábado.
Lockdowns na China
Recentemente, o governo chinês tem recorrido aos lockdowns como medida de contenção do coronavírus, o que faz parte da política "zero covid" do presidente Xi Jinping, medida que se alia — e, muitas vezes, se segue — a testes em massa. Xangai, por exemplo, está em lockdown desde o dia 28 de março, mas, em Pequim, a estratégia é um pouco diferente: alguns bairros foram isolados, e habitantes de distritos adjacentes são fortemente encorajados a não deixar suas casas.
A área isolada na cidade inclui aproximadamente 2,5 km² no sul do distrito de Chaoyang, próximo à Universidade Tecnológica de Pequim. No lado da instituição, as lojas ainda estavam abertas na segunda-feira, mas, a uma rua de distância, todos os estabelecimentos já estavam fechados. Viaturas e ambulâncias já estavam no local, mas nada das cercas de segurança usadas para o isolamento de bairros, como visto em Xangai.
O aumento de casos na capital vinha aumentando há cerca de uma semana, com vários ciclos de transmissão, segundo Pang Xinghuo, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Pequim. A população da cidade, agora, se apressa para a testagem em massa, já que um teste negativo é necessário para poder deixar a cidade antes de um lockdown mais generalizado. Em 2020, um pequeno surto na cidade já fez com que muitos habitantes deixassem a capital antes das medidas de isolamento.
Alguns especialistas alertam para efeitos sociais e econômicos negativos gerados pelas medidas — ondas de vendas de ações atingiram as bolsas de valores de Xangai e Shenzhen na segunda-feira, diminuindo o valor de mercado de grandes companhias chinesas. O governo, no entanto, afirma que as medidas são absolutamente necessárias. Cai Qi, secretário do Partido Comunista de Pequim, afirma que as medidas não podem ser adiadas, e indivíduos e regiões precisam ser testados o quanto antes.
Tanto em Xangai quanto em Pequim, há protestos por parte da população, que acredita estar passando por restrições muito duras. Na última segunda-feira (25), as autoridades de saúde de Xangai confirmaram 19.455 casos no dia anterior, uma queda diária de 1.603. Em alguns locais da cidade, foi permitida a saída de cidadãos, mas com o alerta de que restrições generalizadas continuarão até que os casos sejam eliminados por completo.
Fonte: The New York Times