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Giro da Saúde: recall de remédio da Pfizer; hepatite infantil; vacina da malária

Por| 01 de Maio de 2022 às 08h00

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Nadianb/Envato; Rido81/Envato; jcomp/Freepik
Nadianb/Envato; Rido81/Envato; jcomp/Freepik

A última semana foi muito movimentada no universo da saúde e da ciência. No Giro da Saúde deste domingo (1), temos como principais destaques uma nova cepa da Ômicron encontrada em SP, casos misteriosos de hepatite em crianças, resultados da CoronaVac trivalente, início de desenvolvimento da vacina contra malária pela Fiocruz e o recall da Pfizer de um remédio com substância potencialmente cancerígena.

Nova cepa recombinante da Ômicron em SP

Análises genômicas executadas por um laboratório da rede Dasa identificaram uma cepa recombinante inédita em um paciente pediátrico na cidade de São Paulo (SP). De acordo com o laboratório, "trata-se de um [vírus] recombinante ainda não descrito e não há no GISAID [banco internacional de dados com genomas do vírus da covid-19] nenhuma amostra idêntica". No entanto, ainda é cedo para afirmar se a cepa é ou não uma linhagem nova do coronavírus.

O laboratório ainda identificou duas amostras da cepa recombinante XE — combinação entre as subvariantes da Ômicron, BA.1 e BA.2, oriundas de amostras de crianças de 10 anos, também de São Paulo. A mais recente descoberta proveio de uma criança de 3 anos.

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Vale dizer que vírus recombinantes (em que uma parte de seu genoma provém de uma linhagem parental e outra vem de uma outra linhagem distinta) podem apresentar viabilidade biológica. Se isso acontece, ele consegue se replicar, disseminar e infectar outras pessoas — caracterizando uma nova linhagem. Apesar disso, poucos são os casos que se evoluem dessa maneira.

Hepatite infantil: qual o motivo do surto?

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O que vem causando tanto aumento de número de casos de hepatite infantil (cuja faixa etária média é de 1 a 5 anos) em alguns países da Europa e da América do Norte? Uma onda de casos começou a afetar misteriosamente crianças nesses locais, e especialistas suspeitam que a condição esteja associada com os adenovírus humanos (HAdV). Normalmente, esse tipo de agente infeccioso não causa complicações graves aos pacientes, sendo conhecidos pelo resfriado comum.

Até o momento, a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (Ukhsa) contabiliza que oito crianças precisaram de transplante de fígado devido à hepatite misteriosa. Segundo Susan Hopkins, consultora médica da agência, 77% dos casos em investigação testaram positivo para alguma forma de adenovírus. Para que o comportamento da infecção tenha se modificado nas crianças, a equipe de pesquisadores britânicos sugere que o adenovírus possa ter sofrido uma série de mutações, o que provocou esta maior capacidade em gerar inflamações no fígado.

Além disso, há outra suposição sobre os surtos de hepatite: as medidas que foram adotadas contra a covid-19, como o distanciamento social. É possível que, com o fechamento de escolas e a redução do contato social, crianças pequenas podem ter demorado mais a ser expostas ao adenovírus, o que desencadeou essa onda de infecções.

CoronaVac trivalente apresenta primeiros resultados

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A Sinovac, farmacêutica responsável pela formulação da CoronaVac (que, no Brasil, é produzida pelo Instituto Butantan) está desenvolvendo uma nova fórmula da vacina, dessa vez, trivalente, ou seja, capaz de proteger contra as variantes Ômicron (BA.1) e Delta (B.1.671.2), além da cepa original. De acordo com os primeiros resultados divulgados pela Sinovac, a vacina se mostra promissora. No entanto, nenhum estudo com dados detalhados foi publicado até agora.

“Nosso objetivo é unir as duas cepas mais transmissíveis junto à cepa original em uma única dose. Nós já conduzimos testes em modelos animais e os resultados são muito promissores", explica o vice-presidente da Sinovac, Weining Meng, em comunicado. Agora, "o próximo passo são os ensaios clínicos", segundo Meng. Em outras palavras, devem ser iniciados os estudos da versão trivalente da CoronaVac em voluntários humanos. "Em alguns meses, esperamos obter dados que possibilitem a produção de uma nova arma contra a covid-19”, completa o executivo.

Fiocruz desenvolve vacina contra malária

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Pesquisadores brasileiros iniciaram recentemente o desenvolvimento de uma nova vacina contra a malária. Os testes, atualmente em fase pré-clínica, avaliam a capacidade da potencial vacina para neutralizar o Plasmodium vivax, agente causador da doença, transmitido pelo mosquito Anopheles.

A pesquisa é liderada, no Brasil, pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia), em parceria com a Fundação de Medicina Tropical (FMT) e recebeu financiamento do Fundo Global de Tecnologia Inovadora em Saúde (GHIT) do Japão. No Brasil, Stefanie Lopes, vice-diretora de pesquisa da Fiocruz Amazônia, lidera o estudo. Se os testes ocorrerem conforme o esperado e o composto se mostre eficaz, a pesquisa passará da fase de avaliação ex vivo [amostras retiradas de organismos vivos] para in vitro, onde será possível avaliar o estágio hepático do P. vivax.

Apesar dos avanços no combate à malária, os medicamentos atualmente disponíveis não podem ser usados para todos os pacientes, como gestantes, devido aos seus efeitos colaterais. Nesse cenário, "a busca por novas substâncias com este potencial se faz necessária”, completa a cientista.

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Pfizer recolhe remédio com substância potencialmente cancerígena

Na penúltima semana de abril, a Pfizer anunciou o recolhimento voluntário e preventivo de cinco lotes do medicamento o Accupril (quinapril). O recall foi estabelecido após a empresa identificar níveis elevados de nitrosamina, que é potencialmente um causador de câncer, no remédio usado para tratar hipertensão. O recall abrange os Estados Unidos e Porto Rico, mas não é válido para o Brasil — por aqui, o medicamento parou de ser comercializado em 2015.

De acordo com a Federal Drug Administration (FDA), órgão americano análogo à Anvisa, a Pfizer identificou a presença de um tipo de nitrosamina, a N-Nitroso-Quinapril, acima do nível de Ingestão Diária Aceitável (ADI). Mesmo que as nitrosaminas sejam comuns na água e nos alimentos, incluindo carnes, laticínios e vegetais, o problema é o alto nível de exposição durante um longo período em que uma paciente usa o remédio. Nessas condições, a alta dosagem pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer.

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