Giro da Saúde: novas sequelas da covid longa; tecnologia e crianças com autismo
Por Luciana Zaramela | 03 de Julho de 2022 às 08h00
Todo domingo, o Canaltech separa os principais destaques da semana na editoria de saúde para te deixar a par do que aconteceu de mais importante no universo da ciência e da medicina. Confira!
Novas possíveis sequelas da covid longa
A lista de sequelas da covid longa recebeu mais uma atualização na semana passada. Após a Fiocruz divulgar 23 sintomas relacionados à condição, médicos estão relatando casos de pacientes com problemas gastrointestinais, como complicações persistentes, advindas da covid-19.
Programas de reabilitação dos Estados Unidos estão recebendo relatos de sintomas pós-covid que incluem desde náuseas leves e apetite reduzido a constipação severa e intolerância a alguns alimentos, além de reações físicas a alguns alimentos. Aliás, de 147 pacientes que nunca se queixaram de problemas no trato gastrointestinal antes de contraírem a infecção, 16% relataram problemas no sistema digestivo em torno de 100 dias após terem pegado covid. Veja, abaixo, os mais comuns:
- Dores abdominais: 7,5%;
- Constipação: 6,8%;
- Diarreia: 4,1%;
- Vômitos: 4,1%.
Outro estudo identificou sequelas como azia, dificuldade para engolir, síndrome do intestino irritado, constipação, diarreia, inchaço e incontinência. Talvez isso aconteça porque nosso intestino conta com vários receptores aos quais o SARS-CoV-2 se liga para invadir as células, o que pode causar uma inflamação generalizada e perturbar as terminações nervosas locais.
Vacina da gripe age contra Alzheimer?
Gripe nada tem a ver com Alzheimer, mas, aparentemente, a vacina da infecção viral pode proteger contra a doença neurodegenerativa. Pelo menos, esse foi o achado de um estudo conduzido pela Universidade do Texas.
Segundo a pesquisa, além de a vacina contra a gripe reduzir o risco de Alzheimer por alguns anos, a efetividade dessa proteção aumenta junto ao número de anos consecutivos que o indivíduo recebe a vacina anual contra a doença. Isso significa que, nos idosos que receberam o imunizante anualmente, a taxa de incidência de Alzheimer foi reduzindo, indicando uma possível relação entre a vacina e o risco reduzido de Alzheimer.
O estudo analisou mais de 935 mil pacientes vacinados e o mesmo número de não-vacinados.
OMS: varíola dos macacos não é emergência de saúde global
Apesar de muito se falar na varíola dos macacos e na rápida propagação da doença por diversos países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, no sábado (25), que a atual onda de surtos da varíola dos macacos (monkeypox) não é considerada uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (Pheic).
É importante explicar que, para a OMS, uma emergência de saúde global é o nível mais alto de alerta contra doenças. No momento, a definição se aplica apenas à covid-19 e à poliomielite. Mas isso não impede que a decisão sobre a varíola dos macacos seja revista. Caso novas evidências apareçam e o número de infecções aumente de maneira considerável nas próximas semanas, concomitantemente à incidência de óbitos, a classificação pode mudar. Vale lembrar que doenças como Ebola, gripe H1N1 e Zika já foram classificadas como emergência de saúde global e hoje não são mais.
Tablets ajudam crianças com autismo a falar
Um projeto da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) descobriu nos tablets uma forma eficiente de ajudar crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a falar. Os dispositivos rodam aplicativos educativos com sistema de imagens e voz, especialmente direcionados para crianças no espectro. Esses aplicativos visam ensinar aos pequenos como explorar conteúdos de vocabulário a partir da estruturação de sentenças.
Adaptado do programa SPEAKALL!, o projeto é uma iniciativa da professora Cátia Walter e foi batizado de Vamos Conversar. Ele conta com a ajuda da plataforma Snap+Core, que usa digitalização do discurso para fornecer um modelo verbal de cartões pictográficos ou de fotos selecionados previamente pelos usuários. Nos tablets e computadores, a metodologia prevê o uso de até cinco fotos ou pictogramas que podem ser combinados para criar uma história ou mensagens, seguindo um protocolo já implementado e testado.
Coronavírus perde 90% da capacidade infectante em 20 minutos
Bastam 20 minutinhos (em média) para que o coronavírus perca sua capacidade infectante. Isso é o que apontam cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Além da questão do tempo, a capacidade de infecção do vírus da covid é diretamente afetada pela umidade do ar. Quanto mais seco, mais rápido o patógeno perde sua infecciosidade.
Na pesquisa, os cientistas observaram de que forma fatores ambientes, como umidade relativa (UR) e temperatura, afetam a capacidade de infecciosidade do SARS-CoV-2, usando um instrumento chamado Celebs, que mede os aerossóis. Segundo eles, ocorre uma perda significativa na infectividade já nos primeiros dez minutos de geração de partículas de aerossol. Este efeito não se alterou nas diferentes variantes analisadas (Alfa e Beta).
Quando a umidade relativa fica abaixo dos 50%, a diminuição na infectividade do vírus da covid ocorre quase imediatamente. Esta taxa cai para 50% em apenas dez segundos, após a geração do aerossol. Isso acontece porque as partículas "ressecam" muito rápido enquanto estão suspensas no ar. Já com a alta umidade relativa, a perda da capacidade de infecção é mais gradual, ocorrendo uma redução constante de infectividade de 50% nos primeiros cinco minutos. Após 20 minutos, ela chega a 90%.
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