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Não é delírio coletivo! O álcool gel realmente ficou melequento — e há uma razão

Por| 22 de Julho de 2020 às 17h15

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Luisella Planeta Leoni/Pixabay
Luisella Planeta Leoni/Pixabay

Em tempos de coronavírus, um dos piores ranços de 2020 tem nome e sobrenome: álcool gel melequento. Pode parecer apenas uma impressão, mas não é. Esse item de primeira necessidade está verdadeiramente mais grudento do que antes da pandemia, e isso se deve ao fato de que um polímero que deixa o álcool espesso está em falta no mercado. As pessoas estão relatando essa agonia nas redes sociais, e os farmacêuticos estão explicando suas manobras químicas para fazer produtos que higienizam as mãos sem o tal componente.

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O que acontece é que o álcool gel esteve em falta em vários locais do país, especialmente devido à falta de uma das matérias-primas, o carbopol. No entanto, de acordo com uma análise feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), existe um protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a produção desse álcool sanitizante de eficácia comprovada. O produto não tem exatamente a forma de gel, não utiliza o carbopol e apresenta melhor custo-benefício.

O protocolo foi elaborado especialmente para ajudar farmácias de manipulação e demais empresas produtoras de álcool em gel no país. A agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu adaptar guia da OMS (Organização Mundial da Saúde) para aumentar a produção no Brasil. O documento traz instruções de como empresas podem obter o produto antisséptico sem carbopol, composto químico em falta no mercado mundial.

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O grupo de pesquisadores da USP traduziu o guia da OMS que sugere o uso de outras matérias-primas e segundo o pesquisador Filipe Canto Oliveira, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, trata-se de uma combinação de álcool 70%, que mata microorganismos, com glicerol, para manter a hidratação, e peróxido hidrogênio, que inativa “esporos de bactérias que álcool 70 sozinho não consegue”. De acordo com ele, o Brasil é um dos maiores produtores de etanol do mundo e outras substâncias também são facilmente encontradas. Nos EUA, destilarias estão produzindo e distribuindo para hospitais. No Brasil, é necessária liberação da Anvisa para assegurar esse fornecimento.

Com isso, diante da escassez de álcool em gel no país, o governo foi informado de que uma nova substância poderia ajudar na fabricação do produto. O secretário do Ministério da Economia, Gustavo Ene chegou a declarar durante uma entrevista à CNN que a Basf e a Dow Química aprovaram um substituto que pode atuar como o carbopol, responsável por transformar o álcool em gel.

Fonte: CNN, Jornal da USP