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Lesões renais por covid podem ter ocorrido 2 vezes mais do que o diagnosticado

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Junho de 2022 às 11h31

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Icetray/Envato Elements
Icetray/Envato Elements

Cientistas australianos investigaram a ocorrência de lesão renal aguda (LRA) em pacientes com covid-19 e descobriram muitos casos não diagnosticados — segundo o estudo, o número pode chegar aos milhões. A condição é caracterizada pela impossibilidade dos rins filtrarem os resíduos do sangue, podendo levar inclusive à morte.

Até então, os dados mostravam que cerca de 20% das pessoas hospitalizadas com covid-19 desenvolveram LRA, 40% entre os internados em UTI. A pesquisa, no entanto, estima que o dobro da porcentagem dos casos diagnosticados até agora pode ter sido afetada. A publicação é de abril, na revista científica PLoS Medicine.

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Rins e covid-19

Para investigar a ocorrência de LRA, os pesquisadores checaram a quantidade de creatinina no sangue dos pacientes: ela aumenta quando há mau funcionamento dos rins, mas há um porém. Se o aumento acontece antes do paciente ser admitido no hospital, o diagnóstico da lesão pode acabar não acontecendo, prejudicando o tratamento ainda nos primeiros dias de internação.

A análise foi feita em 75,6 mil participantes que contraíram a doença, admitidos em 1,6 mil hospitais de 54 países, entre 15 de fevereiro de 2020 e 1º de fevereiro de 2021. Foi detectada, então, uma queda nos níveis de creatinina após o aumento inicial característico da LRA, dobrando a incidência do problema renal em relação ao diagnóstico oficial.

E mesmo que a condição já esteja começando a melhorar enquanto o paciente está no hospital, o estudo revelou que estes acabam tendo piores resultados hospitalares e mais chances de morrer do que quem não teve LRA. O tratamento, apontam os cientistas, é simples: basta verificar o nível de hidratação do paciente e interromper a administração de medicamentos que podem ser tóxicos aos rins.

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Coletar e analisar os dados era um desafio durante a pandemia: as informações presentes no estudo vieram também de países com poucos recursos, e, por consequência, com maior incidência de LRA. O acesso a tratamentos nesses locais é mais complicado e a tendência de que os pacientes se apresentem tardiamente ao hospital também é maior, complicando ainda mais o diagnóstico.

Entre as conclusões da pesquisa, há a urgência de que uma definição mais abrangente da LRA seja feita, para que uma detecção melhor dos casos seja possível. O próximo passo, segundo os cientistas, é testar a definição em um ensaio clínico, visando identificar pacientes da condição o mais precocemente possível, evitando resultados como os que ocorreram durante a pandemia.

Fonte: PLoS Medicine