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Lesões e acidentes domésticos: procurar jogos e apps de fisioterapia é uma boa?

Por| 13 de Agosto de 2020 às 07h10

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Lesões e acidentes domésticos: procurar jogos e apps de fisioterapia é uma boa?
Lesões e acidentes domésticos: procurar jogos e apps de fisioterapia é uma boa?

É incontestável que a tecnologia tem sido responsável por tornar mais fácil várias áreas das nossas vidas, o que não tem sido diferente com a da saúde. De diferentes maneiras, seja nos equipamentos em si, seja na inteligência artificial ou até mesmo nos aplicativos e nas redes sociais, a tecnologia voltada ao corpo e à mente humana tem tido cada vez mais força. 

Mas em meio a isso, como será que áreas específicas da saúde são impactadas por essa ascensão da era digital? Quando se trata de fisioterapia, por exemplo, será que a tecnologia cumpre mais um papel de aliada ou acaba atrapalhando ainda mais, com informações errôneas e soluções inadequadas? Para cargo de compreensão, o Canaltech conversou com Shaunna Barbato, fisioterapeuta da clínica Leger.

Para contextualizar, Shaunna resume o que é a fisioterapia: "Ela pode ser definida como a ciência da Saúde que estuda, previne e reabilita pacientes com distúrbios cinéticos funcionais que acomete órgãos e sistemas do corpo humano, que podem ter sido causados por alterações genéticas, traumas e/ou por doenças adquiridas", explica.

Sendo assim, o fisioterapeuta possui conhecimento em diversas áreas como ciências morfológicas, ciências fisiológicas, patologias, bioquímica, biofísica, biomecânica, cinesiologia, dentre outros, para a construção do diagnóstico, além de analisar e interpretar exames e laudos para ter uma visão ampla do estado de saúde do paciente. Assim, é possível prescrever condutas fisioterápicas para promover a reabilitação total ou pelo menos uma melhora da qualidade de vida desse indivíduo, bem como acompanhar a evolução do quadro clínico funcional e as condições para alta.

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Shaunna conta que, atualmente, a Fisioterapia é uma das áreas da saúde que mais se desenvolve, avançando continuamente seus conceitos, métodos e tecnologias, além dos campos de atuação que os profissionais podem atuar. "Hoje em dia a Fisioterapia, através das suas variadas especialidades, contribui diretamente no bem-estar e qualidade de vida das pessoas, desde os tradicionais tratamentos de recuperação física, passando pela beleza estética, até a harmonia entre corpo e mente", afirma.

Tecnologia e Fisioterapia

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Mas vamos ao ponto: e aí, a tecnologia ajuda? De acordo com Shaunna, é possível afirmar que ela é uma aliada, sim. "A tecnologia ajudou bastante os fisioterapeutas, pois existem vários aplicativos que auxiliam tanto na gestão de clínicas, como em armazenar dados e avaliações dos pacientes, ajudando sempre durante as reavaliações, tendo todas as informações na palma das mãos".

Entretanto, há alguns aplicativos que ajudam a colocar exercícios da fisioterapia em prática, ou se informar mais sobre determinados tratamentos. E sobre isso, a profissional tem um pé atrás: "Infelizmente a quantidade desses aplicativos vem crescendo cada vez mais. E as pessoas não têm idéia do perigo que está por trás disso", opina.

Ela coloca em xeque a real eficiência dos vídeos e "tutoriais" de fisioterapia que a maioria dos aplicativos disponíveis nas lojas virtuais traz. De acordo com a profissional, um fisioterapeuta estuda por 4, 5 anos para adquirir conhecimento suficiente para traçar um tratamento específico para cada tipo de patologia ou distúrbio. "Quando um paciente acessa um aplicativo desse tipo, ele pode acabar piorando e muito seu quadro clínico, tendo em vista que ele não sabe se o exercício que está realizando é o mais indicado para a sua patologia e principalmente, se ele está realizando de maneira correta", emenda.

Mas o que fazer se tiver uma lesão? Procurar explicações em vídeos/na internet pode ser um complemento ao tratamento com um fisioterapeuta? De acordo com a profissional, não seria um complemento no tratamento fisioterápico e sim poderá piorar o quadro clínico desse paciente e ainda acarretar lesões que não possuía anteriormente, retardando a reabilitação completa.

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"É claro que o paciente pode buscar alternativas na internet, se informando sobre sua patologia e formas de tratamentos, mas nunca deixe de conversar com seu fisioterapeuta sobre isso — ele está ali buscando sempre o melhor para seus pacientes, e pode esclarecer todas as dúvidas", orienta. Sendo assim, é possível concluir que é válido abraçar a tecnologia, desde que seja com responsabilidade e respaldo do profissional.

Jogos interativos e terceira idade

Um tratamento que alia cuidados fisioterápicos em idosos, com diversão e muitas brincadeiras uso de jogos interativos, ou "gameterapia", tem ganhado cada vez mais espaço em clínicas e espaços dedicados à terceira idade. Segundo Vanessa Tamborelli Frakas, fisioterapeuta também do Residencial Club Leger, localizado em São Paulo, o uso de jogos interativos possibilita trabalhar o equilíbrio, o condicionamento físico, aeróbica e a estimulação cognitiva. 

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"Os jogos produzem movimentos semelhantes ao que fazemos dentro da fisioterapia convencional e abrange pacientes que fazem fisioterapia ortopédica, neurológica entre outras", destaca Vanessa, que ainda aponta que a utilização do videogame na reabilitação faz com que os idosos tenham mais motivação.

A cada ponto conquistado ou fase superada, o idoso consegue visualizar de forma muito interativa e rápida, fazendo com que as terapias se tornem mais lúdicas e leves. "Isso ajuda a humanizar o tratamento, muitas vezes doloroso e exaustivo, além de possibilitar acessibilidade para pacientes com deficiência. Muitos movimentos que o paciente, às vezes, não consegue mais realizar, através do jogo consegue vivenciar novamente aquela atividade ou movimento há muito tempo não executado", afirma a fisioterapeuta.

Vanessa explica que alguns estudos científicos mostram que os games ajudam, tanto em adultos quanto em idosos, no aumento das atividades do hipocampo (responsável pela memória), córtex pré-frontal dorsolateral (que controla o planejamento, a tomada de decisões e a inibição) e cerebelo (responsável por atuar no controle e no equilíbrio motor). Ela acrescenta que a escolha dos jogos a serem utilizados dependerá dos objetivos que o terapeuta estabelece para cada paciente.

"Os principais consoles utilizados e mais acessíveis são Wii e o X-Box, porém temos outros tipos e há também a possibilidade de desenvolvimento de jogos para programas específicos de reabilitação, porém o custo é mais elevado", explica.

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Enquanto isso, o gerente executivo do Leger, Vinícius Neves, ressalta que este tipo de atividade é difundida nos principais centros de tratamentos de idosos nos EUA. "Muitas instituições norte-americanas mantêm uma grade fixa com este tipo de programação. Vamos fazer o mesmo aqui no Residencial Leger, acontecendo, neste primeiro momento, às quartas. Além dos aspectos clínicos, temos uma ótima resposta em termos de socialização e do senso de competitividade saudável que ajuda a ativar a autoestima", relata Neves.

Vanessa alerta que os jogos têm de ser colocado dentro de um planejamento visando os objetivos traçados e observando os bons resultados que possam gerar. Assim como Shaunna, Vanessa também aponta a importância da responsabilidade quando o assunto é tecnologia e fisioterapia: "Mesmo divertidos, os movimentos, quando mal executados, podem até agravar a situação. Além disso é muito importante ressaltar que a os jogos não substituem a fisioterapia convencional, mas complementa o tratamento".