Indiano procura ajuda psicológica por vício em Netflix
Por Felipe Demartini | 09 de Outubro de 2018 às 12h52
Um homem não identificado procurou o Instituto Nacional de Saúde Mental e Neurociências da Índia alegando estar viciado em Netflix. No primeiro caso do tipo registrado no país, o indiano, de 26 anos de idade, disse assistir a mais de sete horas de conteúdo todos os dias, além de ter usado a oferta de opções do serviço de streaming como uma forma de fugir da realidade após ter perdido seu emprego cerca de seis meses atrás.
O caso aconteceu nesse final de semana na cidade de Bangalore e foi citada pela imprensa local como a primeira ocorrência desse tipo registrada no país. Aos médicos, o homem disse ainda sentir imenso prazer em assistir à oferta de conteúdos da Netflix, principalmente pelo fato de os filmes e séries da plataforma o ajudarem a esquecer de seus problemas, além de escapar da pressão de familiares para que arrumasse um emprego e ajudasse com as contas da casa.
De acordo com seu relato, ele começava a assistir o conteúdo logo cedo, pela manhã, e permanecia durante todo o dia consumindo séries e filmes, parando apenas ao anoitecer. Isso teria levado a problemas de sono, cansaço ocular e fadiga, que serão tratadas pelos médicos com acompanhamento psicológico, exercícios físicos e de respiração. Além disso, o rapaz foi encaminhado para um serviço de aconselhamento de carreira para que possa se recolocar no mercado de trabalho.
Apesar de a imprensa local ter categorizado o caso como o primeiro registrado na Índia, o problema teria precedentes no país. De acordo com Manoj Kumar Sharma, do Centro Nacional para o Uso Saudável da Tecnologia (SHUT, na sigla em inglês), mais e mais jovens e adultos estão se tornando viciados e experimentando problemas causados pelas longas horas diante de filmes, séries ou jogos eletrônicos, principalmente como forma de escapar do stress do cotidiano.
Ele lembrou que o uso exacerbado em entretenimento ou serviços de streaming não é oficialmente uma doença mental, mas que os centros de saúde estão caminhando para tratamentos desse tipo. Sharma citou, por exemplo, a recente catalogação do vício em games pela Organização Mundial de Saúde e afirmou que, em breve, o mesmo pode se encaixar também à adicção pela Netflix ou por aquilo que o médico chamou de “serviços baseados em tela”, de forma a se referir a todo tipo de conteúdo por streaming, bem como a utilização exagerada de celulares ou tablets.
O centro de saúde também citou um aumento nos casos de uso exacerbado entre crianças e adolescentes como uma forma de escapismo que interfere na capacidade de aprendizado e assimilação de conteúdo. Enquanto os mais jovens teriam uma tendência ao vício em games, adultos estariam mais propensos à adicção por conteúdo via streaming. Estudos estão sendo realizados no país e também em todo o mundo para encontrar as razões para esse tipo de comportamento e o melhor caminho para tratamento dos afetados.
Fonte: The Hindu