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Hidratar-se com frequência pode reduzir risco de insuficiência cardíaca

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Abril de 2022 às 10h44

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James Graham/Unsplash
James Graham/Unsplash

Um novo estudo sugere que manter-se bem hidratado durante a meia-idade pode diminuir o risco de desenvolver insuficiência cardíaca em idades mais avançadas. Envolvendo mais de 11.000 adultos de 45 a 66 anos de idade e os acompanhando por 25 anos, a pesquisa examinou seu nível de hidratação através do nível de sódio no sangue — que aumenta à medida que o nível de fluidos no corpo cai.

Natalia Dmitrieva é pesquisadora no Laboratório de Medicina Regenerativa Cardiovascular no Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue (NHLBI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e foi a principal autora do estudo. Ela conta que os níveis normais de sódio ficam entre 135 a 146 milimols por litro (mmol/L), mas ressalta que valores mais altos podem fazer com que o corpo humano comece a conservar água.

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Perigos da falta de água

A pesquisa descobriu que pessoas com níveis altos de sódio no sangue, mesmo no final das taxas consideradas normais — ou seja, acima de 143 mmol/L — têm uma chance 39% maior de desenvolver insuficiência cardíaca nos 25 anos seguintes da vida, ao menos em comparação com pessoas com níveis de sódio menores no sangue. Essa condição de saúde ocorre quanto o músculo cardíaco não consegue bombear sangue o suficiente para suprir as demandas do corpo.

Além disso, os pesquisadores descobriram que a cada 1 mmol/L a mais no nível de sódio sanguíneo aumentam as chances de insuficiência cardíaca em 5% (isto é, dentro dos níveis normais). Os resultados persistiram mesmo ao considerar aspectos que afetam o risco da condição médica, como idade, sexo, índice de massa corporal, níveis de colesterol, uso de tabaco, pressão alta e uso de sal na comida. Pessoas com diabetes, obesidade ou insuficiência cardíaca já instalada não foram consideradas no estudo.

Problemas e pesquisas futuras

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Segundo os autores, mais pesquisas são necessárias para confirmar os resultados, como por exemplo um estudo controlado e randomizado onde pessoas são selecionadas para consumir mais água aleatoriamente. Já outros especialistas lembram que os resultados não se aplicam a todas as pessoas, já que determinados grupos foram excluídos da pesquisa, como citado. Além disso, as necessidades de hidratação variam de pessoa para pessoa: a quantidade de exercícios praticados, medicações tomadas e condições médicas modificam isso.

Quem já sofre de insuficiência cardíaca, por exemplo, pode ter de tomar menos líquido, já que a condição aumenta a retenção de fluidos no corpo. Quem toma medicamentos diuréticos, que ajudam a remover sal e água do corpo, também não deve beber tanto. Entre outras coisas, o estudo também não mediu o consumo direto de água dos participantes, apenas os níveis de sódio. Os autores lembram que altas quantidades de sal ingeridas são eliminadas pelos rins, não afetando o resultado do estudo.

Dmitrieva diz que, quando bebemos menos água, o corpo libera uma substância chamada hormônio antidiurético, que faz os rins conservarem água e produzir um volume menor de urina concentrada. O sistema renina-angiotensina-aldosterona também é ativado neste caso, que controla o volume de líquido extracelular e a pressão arterial, podendo aumentá-la, o que é um fator cardiovascular importante. Não é claro, no entanto, por que um consumo menor de água afeta o risco de insuficiência cardíaca.

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A equipe já havia feito estudos semelhantes anteriormente e descoberto que ratos sob acesso parcialmente restrito à água durante a vida têm mais risco de desenvolver um enrijecimento do músculo cardíaco — a fibrose miocárdica —, condição associada à insuficiência cardíaca.

Os pesquisadores lembram que um estilo de vida saudável pode ajudar a evitar problemas no coração, como boa alimentação, manutenção do peso e evitar consumo de tabaco. Além disso, recomenda-se que mulheres bebam de 1,5 a 2 litros de água por dia, enquanto os homens devem consumir de 2 a 3 litros diários.

Fonte: European Heart Journal