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Herança dos neandertais, variante genética afeta resposta contra covid e HIV

Por| Editado por Luciana Zaramela | 23 de Fevereiro de 2022 às 08h30

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iLexx/Envato
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A gravidade da covid-19 e o risco de uma pessoa ser infectada pelo HIV são afetados por uma mesma variante genética, herdada dos neandertais há milhares de anos. O curioso é que a variante age de forma oposta para as duas infecções, ou seja, quem a tem apresenta um maior risco de desenvolver complicações da covid, mas pode ter o risco de infecção pelo vírus da Aids diminuído, segundo estudo alemão.

Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o estudo sobre a variante genética de risco e as complicações da covid e do HIV foi desenvolvido pelo pesquisador Hugo Zeberg, do Instituto Max Planck, na Alemanha.

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Para o cientista, a descoberta mostra "como uma variante genética pode ser uma boa e uma má notícia", dependendo do ponto que a observamos. Isso porque pode oferecer maior proteção contra uma doença potencialmente mortal, mas pode expor o mesmo indivíduo a um maior risco contra outra infecção com graves consequências para o organismo.

Relação da variante com a covid e o HIV

A relação entre a variante genética e a gravidade da covid-19 foi observada, por Zeberg, ainda em 2020. Na época, o pesquisador trabalhava em parceria com o biólogo sueco Svante Pääbo. Juntos, eles identificaram que esta variante poderia ser um fator de risco e a chave para entender casos graves da infecção pelo SARS-CoV-2.

Vale lembrar que, na pandemia da covid-19, algumas pessoas podem ficar gravemente doentes, enquanto outras apresentam apenas sintomas leves ou passam de forma assintomática pela doença. Além de alguns fatores já conhecidos — como idade avançada e doenças crônicas, como diabetes —, a dupla validou a importância da herança genética no risco individual de gravidade da covid-19.

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E o vírus da Aids?

É importante explicar que a variante de fator de risco genético para a covid está localizada em uma região no cromossomo 3. Nesse local, existem diferentes genes que codificam receptores do sistema imunológico, sendo um desses receptores o CCR5. Este é usado pelo vírus HIV para infectar os glóbulos brancos.

Em suas análises, Zeberg observou que as pessoas que carregavam o fator de risco para a covid-19 tinham menos receptores CCR5. A partir desse insight, o pesquisador passou a investigar se estes indivíduos tinham um risco menor de se infectarem com o HIV.

A conclusão é que os portadores da variante de risco para a covid-19 tinham um risco 27% menor de contrair HIV. “Agora sabemos que essa variante de risco para a covid-19 oferece proteção contra o HIV", explica o autor do estudo.

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No entanto, ainda não se sabe o porquê desta variante ter se popularizado após a última era glacial — período que ocorreu há mais de 10 mil anos. A suspeita do pesquisador é que ela, em tese, protegeria a população de uma doença que era comum na época, mas que não chegou aos nossos dias. Esta infecção não poderia ser o HIV, já que foi descoberto no século passado.

Fonte: PNAS Instituto Max Planck