Giro da Saúde: Versamune protege por 12 anos; tipo sanguíneo não determina COVID
Por Luciana Zaramela | 18 de Abril de 2021 às 08h00
Domingo é dia de resumo semanal das notícias que mais se destacaram na editoria de saúde do Canaltech. Entre elas, a expectativas por vacinas dita o tom, com novidades acerca do imunizante brasileiro Versamune, além da chegada de vacinas da Pfizer neste mês. Além disso, tivemos um estudo contrapondo a ideia de que tipo sanguíneo pode estar relacionado à forma de desenvolvimento de COVID-19. Informe-se agora, aqui no Giro da Saúde!
Versamune promete memória imunológica de 12 anos e pode chegar em 2022
A vacina brasileira Versamune, que atualmente está em desenvolvimento por meio de uma parceria entre a Farmacore Biotecnologia, a PDS Biotechnology e a USP de Ribeirão Preto, despontou no noticiário na semana passada. Um estudo recente, conduzido pela universidade, aponta que o imunizante pode causar memória imunológica de até 12 anos no organismo.
O imunizante mostrou segurança durante os testes realizados em animais, além de uma capacidade de matar as células já infectadas pelo vírus.
“Os resultados dos estudos não clínicos mostraram que ela é segura para animais e, diferentemente das outras vacinas, ela tem a capacidade de ativar todo o sistema imunológico que impede não só a entrada do SARS-CoV-2 para dentro das células como também matam as células já infectadas. Acreditamos que o imunizante gere uma memória imunológica de até 12 anos”, afirmou o professor Célio Lopes Silva, durante uma entrevista realizada ao Jornal da USP.
EUA interrompem vacinação com imunizante da Janssen
Os Estados Unidos deram uma pausa na imunização com a vacina da Janssen (Johnson & Johnson), de dose única, contra COVID-19. A causa estaria atrelada ao surgimento de coágulos sanguíneos (trombose) em seis pessoas, duas semanas após receberem a vacina. Os seis casos aconteceram em mulheres de 18 a 48 anos, e uma delas foi a óbito no país.
Durante a suspensão da vacinação, pesquisadores da FDA, órgão de regulamentação que atua nos Estados Unidos, estão em reunião com cientistas do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) para analisar a relação da vacina com a formação de coágulos sanguíneos.
Até o momento, cerca de sete milhões de pessoas foram vacinadas com o imunizante da Janssen nos EUA.
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Vacina da Pfizer: 1 milhão de doses chegam ao Brasil neste mês
O programa COVAX Facility pretende distribuir cerca de 14,1 milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech entre abril e junho. Na terça-feira (13), o Itamaraty sinalizou que aguarda o recebimento de 842,4 mil doses para junho. E nesta sexta-feira (16), o Ministério da Saúde confirmou o recebimento de 1 milhão de doses já para o dia 29 de abril. Posteriormente, um segundo envio com mais 1 milhão de doses será feito para o país pela farmacêutica norte-americana Pfizer, conforme contrato assinado com o governo Federal.
Além das 2 milhões de doses que foram adiantadas para o país pela farmacêutica, o Ministério da Saúde ainda prevê a entrega total de 15,5 milhões de doses do imunizante contra a COVID-19 até junho.
Aqui no Brasil, aliás, a fórmula recebeu autorização definitiva de uso da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fevereiro. O país chegou a receber mais de um milhão de doses da Covishield, da AstraZeneca, em março. O acordo nacional com o COVAX prevê, no total, o recebimento de 42,5 milhões de doses de diferentes vacinas contra a COVID-19. Esta quantidade será suficiente para imunizar cerca de 10% da população.
Veja mais detalhes sobre a iniciativa do COVAX e o novo acordo do Ministério da Saúde
Vacinas da Pfizer e AstraZeneca têm bons resultados em idosos com dose única
Um estudo conduzido pelo UK Coronavirus Immunology Consortium mostrou que as vacinas da Pfizer/BioNTech e de Oxford/AstraZeneca geram boa resposta imune em idosos acima de 80 anos com apenas uma dose. Foram analisadas amostras de sangue de 76 pessoas, com idades entre 80 e 99 anos, que receberam uma dose da vacina da Pfizer, e de 89 que receberam a vacina da AstraZeneca.
Segundo o levantamento, 93% das pessoas avaliadas desenvolveram anticorpos contra a proteína spike do coronavírus em um prazo de cinco a seis semanas após a primeira dose da vacina da Pfizer, e 87% dos idosos desenvolveram anticorpos após a primeira dose da vacina da AstraZeneca.
Ao comparar as duas vacinas, o estudo mostra que 31% das pessoas desenvolveram células T contra a proteína spike ao tomar a vacina da AstraZeneca, em comparação com 12% das pessoas que receberam a dose da Pfizer. Pessoas que tomaram o imunizante da AstraZeneca também tiveram uma resposta imune mais forte. O estudo ainda conclui que o intervalo de 12 semanas entre a primeira e a segunda dose é seguro.
Saiba mais detalhes sobre o estudo
É possível ligar um computador ao cérebro sem usar fios!
Graças à ciência, já é possível conectar homens e máquinas, ou melhor, cérebro humano a dispositivos eletrônicos, porém, com um emaranhado de fios e eletrodos. Agora, uma nova técnica desenvolvida por cientistas da Universidade Brown, nos EUA, promete melhorar a tecnologia por meio de uma interface neural sem fios.
Graças à velocidade das conexões de banda larga existentes atualmente no mercado, os pesquisadores conseguiram desenvolver um novo transmissor de apenas cinco centímetros de diâmetro, que é conectado na mesma saída, no crânio do paciente, em que seriam conectados os cabos dos eletrodos. Aliás, o protótipo da universidade é baseado em um modelo de transmissor projetado pelos engenheiros da universidade em 2014, mas que funcionava com cabos e precisava ser acoplado ao BrainGate — um equipamento eletrônico semelhante a um minicomputador Raspberry Pi e utilizado em estudos para tratar epilepsia.
Com a nova tecnologia, os pesquisadores conseguiram eliminar o emaranhado de fios que ficam pendurados na cabeça do paciente. Os sinais, agora, podem ser transmitidos para antenas posicionadas na sala de exame, ou em qualquer lugar onde o paciente esteja.
Veja mais detalhes a respeito dessa inovação
Coquetel de anticorpos monoclonais pode prevenir contra COVID-19
Tomado pelo ex-presidente americano Donald Trump, o coquetel de anticorpos monoclonais da farmacêutica Regeneron pode funcionar como tratamento preventivo à COVID-19. A informação vem de um novo estudo, que, ao avaliar o efeito do coquetel no organismo, conclui que ele é capaz de prevenir sintomas mais graves da doença e até mesmo evitar a contaminação.
Os cientistas ainda concluem que o medicamento poderá ser usado por aqueles que ainda não conseguiram se vacinar. Além disso, o coquetel pode não só trazer uma forma a mais de proteção, como ser uma alternativa àqueles pacientes que não responderam bem à vacinação.
A Regeneron enviou a documentação sobre o coquetel à FDA (Food and Drug Administration), para que o medicamento seja liberado para uso no país. A agência concedeu o uso emergencial para habitantes dos EUA nesta quinta-feira (15). Aliás, em outubro de 2020, a CBS News especulou valores e mostrou que o tratamento pode custar entre US$ 1.500 a US$ 6.500, dependendo de cada caso. Em reais, sem considerar nenhum imposto, a terapia com anticorpos monoclonais da Regeneron custaria entre R$ 8.600 e R$ 37.200.
Conheça o tratamento da Regeneron e leia mais sobre o estudo
Peixinho de aquário pode ajudar na recuperação pós-infarto
Mais um avanço da medicina utilizando o peixe paulistinha veio à tona na semana passada: pelas mãos de cientistas do Instituto de Pesquisa Cardíaca Victor Chang, na Austrália, uma pesquisa concluiu que um dos genes dessa espécie pode recuperar e reparar o músculo cardíaco danificado após um infarto. Agora, o que é mais bacana, é que nós, humanos, também carreamos este mesmo gene em nosso DNA — porém, ainda não se sabe como ele é ativado para proteger o coração.
Durante a pesquisa, o grupo identificou que o gene Klf1, presente no DNA do peixinho, faz com que as células do coração se dividam e se multipliquem após um ataque cardíaco. Assim, os tecidos conseguem se regenerar logo após o infarto, resultando em cura. No peixe, entretanto, a função do gene só é acionada após o coração sofrer um ataque, como se fosse um interruptor.
"Ele entra em ação quando necessário e desliga quando o coração está totalmente curado. Em humanos, onde o músculo cardíaco danificado e com cicatrizes não pode se substituir, isso pode mudar o jogo", comenta Kazu Kikuchi, um dos pesquisadores do estudo.
Um fato interessante: o peixe paulistinha compartilha 70% do seu genoma com os seres humanos. Dessa forma, uma alternativa seria desenvolver um medicamento capaz de ativá-lo quando necessário, e por isso, mais pesquisas na área são necessárias.
Veja mais sobre a recente descoberta
Primeiros embriões macaco-humanos crescem em laboratório
Pesquisadores do Instituto Salk, dos EUA, desenvolveram organismos híbridos de macacos e humanos, conhecidos como quimeras. No caso, as quimeras de duas espécies de primatas geraram embriões que foram cultivados e se desenvolveram por 19 dias no laboratório — um recorde na história da ciência.
Para obter os embriões, a equipe, primeiramente, extraiu óvulos de macacos cynomolgus (Macaca fascicularis) e os cultivou in vitro. Em seguida, foram injetadas células-tronco humanas pluripotentes nos embriões de macacos. Cada embrião desenvolveu combinações únicas de células humanas e de macaco e, por isso, eles se deterioraram em diferentes períodos, chegando no limite de 19 dias.
“A mensagem geral é que cada embrião continha células humanas que se proliferam e se diferenciam em graus diferentes”, explicou Juan Carlos Izpisua Belmonte, biólogo do Instituto Salk, na Califórnia, líder do estudo.
Mas, a pesquisa levantou olhares de bioéticos ao redor do globo. A necessidade de experimentos do tipo, a partir de primatas tão próximos em termos evolutivos, foi questionada, principalmente porque os primatas não humanos (PNH) são protegidos por regras de ética em pesquisa. Por outro lado, a equipe tem justificativas que se baseiam em fornecer melhores modelos animais para testes com novas terapias, como remédios e vacinas, e até mesmo cultivo de órgãos para transplante em humanos.
Para entender melhor a pesquisa e seus resultados, acesse a notícia
Novo estudo conclui que tipo sanguíneo não afeta risco de contrair COVID-19
Muito tem se falado a respeito da relação entre tipagem sanguínea e riscos de contrair e desenvolver COVID grave. Estudos anteriores demonstraram que pessoas com sangue tipo A seriam mais propensas a terem formas graves da doença quando infectadas, e aqueles com sangue tipo O seriam os menos sujeitos à internação em terapia intensiva. No entanto, um novo estudo concluiu que o tipo do sangue não tem relação com a COVID-19.
Publicada na JAMA Network Open, a pesquisa contou com amostras de sangue de quase 108 mil pacientes e não encontrou nenhuma ligação entre o tipagem e risco de contrair a doença. Dos 107.796 pacientes avaliados, 11.500 testaram positivo para COVID-19 entre 3 de março e 2 de novembro de 2020 e tiveram tipagem sanguínea registrada. Os especialistas compararam os resultados de testes positivos e negativos, de pacientes hospitalizados e não hospitalizados, e de pacientes da unidade de terapia intensiva (UTI) com os que não foram para a UTI.
"O tipo de sangue não foi associado à suscetibilidade ou gravidade da doença, incluindo positividade viral, hospitalização ou admissão na UTI. Comparado com o sangue do tipo O, o tipo A não foi associado ao aumento da positividade viral ou admissão na UTI. Da mesma forma, os tipos B e AB não foram associados a resultados piores do que o tipo O", apontou o estudo.
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