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Giro da Saúde: vacinação na Rússia, cura da AIDS e vacina ideal para o BR

Por| 06 de Dezembro de 2020 às 08h00

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Giro da Saúde: vacinação na Rússia, cura da AIDS e vacina ideal para o BR
Giro da Saúde: vacinação na Rússia, cura da AIDS e vacina ideal para o BR

A semana contou com o dia mundial de conscientização e luta contra a AIDS, mas também foi permeada de novidades relacionadas a vacinas ao redor do globo. Nesse sentido, merecem destaque a Rússia e o Reino Unido, que já contam com imunizantes para vacinar suas populações — cada qual com seu plano de vacinação contra a COVID-19. Além disso, novidades também chegam ao Brasil. Confira o resumo desses e de outros destaques da semana no Giro da Saúde!

O quão perto estamos da cura da AIDS?

Dia 1 de dezembro é o Dia Mundial da Luta contra a AIDS, e a data é utilizada não apenas para lembrar, mas também para conscientizar a população sobre mitos e verdades relacionados à síndrome da imunodeficiência adquirida. AIDS, aliás, não é uma doença: "A pessoa se infecta, o vírus entra em uma latência e não é eliminado pelo sistema imunológico", conforme afirma o infectologista João Prats, da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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Considerar uma vacina contra o HIV não é algo simples, pois o vírus possui alto nível de mutação. “As proteínas do HIV não estão sempre na mesma posição e é como se elas mudassem de formato”, explica o especialista. É como se uma proteína fictícia da membrana do vírus da AIDS pudesse mudar constantemente de posição, dificultando o acesso dos anticorpos e a ligação proteica nos receptores do vírus. Como a AIDS é caracterizada por uma imunodeficiência, se uma vacina tentasse simular a resposta natural do corpo a uma infecção, o paciente iria apresentar um quadro inadequado. Em outras palavras, simular tal infecção não resultaria em cura ou resistência ao vírus, mas sim em mais infecção — ou uma infecção mais persistente.

Porém, há esperança: segundo Prats, existem anticorpos capazes de neutralizar o HIV, porém eles não são muito comuns. Raros organismos os apresentam, como é o caso de pacientes que, sozinhos, conseguiram controlar a AIDS.

Aqui no Brasil, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), vem trabalhando em uma pesquisa que envolve uma série de protocolos para combater o vírus, como uso intenso de antirretrovirais, além de uma vacina feita com o próprio vírus colhido do organismo da pessoa, que induz a uma resposta imunológica intensa. Algumas moléculas utilizadas no processo tentam tirar o vírus do seu estágio de latência e, até o momento, essa pesquisa teve resultados animadores, porém ainda não é hora de precisar quando, finalmente, teremos a cura.

Devido à pandemia da COVID-19, o estudo ainda se encontra na fase 1. Segundo Ricardo Sobhie Diaz, coordenador do estudo, em cinco anos é provável que ele e sua equipe consigam um novo protocolo de combate ao HIV.

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Veja casos clínicos de pessoas que se curaram e entenda mais sobre as atuais medidas para se evitar a contaminação.

OMS alerta para situação da COVID-19 no Brasil

Também no início da semana, a Organização Mundial da Saúde emitiu, durante coletiva, um alerta para o Brasil quanto ao enfrentamento à COVID-19. O diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou que a situação do combate ao novo coronavírus é "muito, muito preocupante", reiterando que o país deveria levar essa luta muito a sério. Além do Brasil, Ghebreyesus também criticou o combate à epidemia no México, que também vem enfrentando aumento significativo de casos.

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O diretor-geral da OMS afirmou que segue investigando as origens do coronavírus, aliás. A organização deve enviar uma equipe internacional a Wuhan, primeiro epicentro do vírus, na China. "Não há nada para esconder e a posição da OMS é clara. Temos que conhecer a origem do vírus para prevenir futuras epidemias", insistiu.

Leia a notícia sobre o alerta da OMS aqui!

Novas pistas questionam real origem do coronavírus

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De onde veio o SARS-CoV-2? Quem foi o paciente zero? O vírus veio do morcego? Está relacionado a frutos do mar? Essas e outras perguntas ainda intrigam a comunidade científica, que segue pesquisando a real origem do coronavírus, principalmente para tentar entender seu comportamento e seu enorme potencial pandêmico. Até agora, a ideia mais aceita é de que o vírus tenha sido oficialmente descoberto em Wuhan, na China, em 31 de dezembro do ano passado, porém, até isso está sendo colocado em xeque.

Um novo estudo do CDC americano publicado na Clinical Infectious Diseases coloca em dúvida a origem do agente infeccioso, relatando que 39 pessoas, de três estados dos EUA — Oregon, California e Washington —, já tinham desenvolvido anticorpos contra o coronavírus duas semanas antes do alerta chinês. Oficialmente, o primeiro caso da COVID-19 nos EUA foi registrado apenas no dia 21 de janeiro de 2020. Portanto, os novos achados questionam a cronologia da infecção.

"Essas descobertas sugerem que o SARS-CoV-2 pode ter sido introduzido nos Estados Unidos antes de 19 de janeiro de 2020", afirmam os autores do estudo. Eles sugerem que a COVID-19 pode ter chegado antes do que se imagina, porém, os primeiros casos provavelmente passaram despercebidos. Outra hipótese levantada pelos pesquisadores é de que parte desses anticorpos pode ter ligação com outros tipos de coronavírus, mas vale considerar que esse estudo abre caminho para que mais pesquisas sejam feitas, até se chegar a um consenso.

Conheça essa e outras pesquisas, inclusive brasileiras, que questionam a origem do coronavírus.

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ONU remove cannabis da lista de drogas mais perigosas

Na última quarta-feira (2), a ONU votou por eliminar a cannabis de sua lista de drogas e entorpecentes mais perigosos, que conta com opioides como cocaína e heroína, bem como outras composições altamente viciantes. Há mais de 60 anos a erva estava listada como droga pesada, e com a remoção, quem pode se beneficiar disso é a comunidade científica e, obviamente, os pacientes que têm esperança na trajetória relacionada ao uso medicinal de canabinoides.

Tanto a cannabis quanto a resina de cannabis foram removidas do Anexo IV da Convenção Única de 1961 sobre Drogas Narcóticas, o que anima a comunidade científica quanto a pesquisas sobre o uso de derivados da erva contra uma série de doenças reumáticas, neurológicas e psiquiátricas.

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É importante ressaltar que, na prática, não significa que a jurisdição internacional irá mudar, nem que vá haver um afrouxamento imediato de leis, até porque cada país vota suas regras em relação à maconha. Vale lembrar que foram 27 votos a favor e 25 contra, além da abstenção da Ucrânia: os Estados Unidos e as nações europeias votaram a favor da reclassificação da cannabis. Já o Brasil e países como China, Egito, Rússia e Turquia votaram por manter a lista como estava.

Ainda no âmbito de vitórias simbólicas relacionadas à cannabis, dois dias depois, os Estados Unidos também votaram, mas a favor da sua descriminalização (o que inclui, além do uso medicinal, o recreativo). Na Câmara, a proposta foi aprovada com 228 votos a favor e 164 contra. Já quanto a aplicações médicas, atualmente, 38 estados permitem o uso de canabinoides. Agora, é preciso aguardar pela decisão do Senado americano, que, por contar com mais representantes republicanos, pode vetar a descriminalização.

Saiba mais sobre a decisão da ONU e a votação nos Estados Unidos.

Vacina contra COVID-19 no Brasil

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São Paulo recebeu, na quinta-feira (4), 600 litros a granel da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. O material equivale à produção de 1 milhão de doses. A previsão para o estado de São Paulo é de 46 milhões de doses, com 6 milhões já prontas para aplicação e o restante em forma de matéria-prima para produção no Instituto Butantan e laboratórios nacionais parceiros. O custo da aquisição foi de US$ 90 milhões (ou 480 milhões de reais). E as obras da fábrica para a produção da CoronaVac começaram no dia 2 de novembro — com previsão de encerramento em setembro de 2021.

Entenda como a CoronaVac chegou, foi refrigerada e armazenada no Brasil!

Quanto ao restante do país, o Ministério da Saúde já traçou um planejamento de distribuição de doses, e nesta semana, a Anvisa definiu os requisitos para pedido de uso emergencial de uma vacina contra a COVID-19. Por enquanto, a campanha de imunização será dividida em quatro etapas, sendo que cada uma deve alcançar uma parcela específica dos brasileiros:

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  • Primeira fase: vacinação de trabalhadores de saúde, comunidades indígenas e idosos com mais de 75 anos (ou acima de 60 anos que vivem em casas de repouso ou tratamento psiquiátrico);
  • Segunda fase: idosos de 60 a 74 anos;
  • Terceira fase: pessoas com comorbidades;
  • Quarta fase: professores, forças de segurança e salvamento, os funcionários do sistema prisional e detentos.

Mas vale lembrar que o plano é inicial e pode haver mudanças nessa programação. A validação final vai depender da disponibilidade e licenciamento dos imunizantes, levando em conta, ainda, a situação da COVID-19 em cada região brasileira. Como a expectativa é imunizar 109,5 milhões de pessoas em 2021, o governo conta com algumas opções de vacina, como as de Oxford (AstraZeneca) e as que integram a iniciativa COVAX Facility, liderada pela OMS.

Já a vacina da Pfizer, produzida com biotecnologia de mRNA, é um desafio para o Brasil, já que seu armazenamento exige temperaturas ultrafrias de -70 ºC — que devem ser mantidas, inclusive, no transporte. Isso dificultaria a aquisição de lotes pelo governo brasileiro, que precisaria investir em estratégias de logística e construção de freezers especiais para manter o imunizante estável por aqui.

Aqui você entende melhor o plano brasileiro de vacinação em sua elaboração inicial, a lista de vacinas e o que pode mudar.

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A vacina ideal para o Brasil está longe da realidade?

Se formos considerar algumas variáveis como localização do Brasil, clima tropical e sistema de aplicação de doses, chegar a uma vacina ideal pode ser um enorme desafio. Na última terça (1), o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, definiu o que consideraria como "a vacina ideal" contra COVID-19 para a distribuição no Brasil. Segundo ele, o imunizante deveria obedecer aos seguintes critérios:

  • Ser aplicado em uma única dose;
  • Poder ser armazenado em temperaturas de 2ºC a 8ºC;
  • Ser eficaz e seguro;
  • Induzir boa memória imunológica;
  • Ser compatível com diversas faixas etárias e grupos populacionais;
  • Ser termoestável por longos períodos.
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Você já deve estar imaginando que de difícil, chega a ser quase impossível contar com um imunizante que cumpra todos os requisitos elaborados por Medeiros. Mas, nessas condições, existe apenas uma vacina (em testes no Brasil) que obedece à lista (quase) completa: a da Johnson & Johnson, desenvolvida pelo laboratório da companhia, Janssen. No entanto, a fórmula ainda está na fase 3 de testes e não anunciou resultados preliminares de eficácia e segurança.

Se for para obedecer a todos esses critérios, portanto, nenhuma das vacinas de mRNA mais promissoras do mundo — a da Pfizer e a da Moderna — seriam opções interessantes para o Brasil. Isso porque precisam ser armazenadas em temperaturas extremamente baixas, de -70ºC e -20ºC, respectivamente. Além disso, ambas são aplicadas em duas doses. Apesar das dificuldades em trazê-las para o Brasil, Medeiros não descarta a hipótese de compra dos imunizantes, a menos que a cadeia nacional de frios invista em freezers específicos e logística capazes de mantê-las estáveis. Para tanto, é necessário estabelecer acordos com as fabricantes e/ou com a COVAX Facility para tentar baratear custos.

Saiba mais sobre essas e outras questões envolvendo o desafio das vacinas no Brasil!

Enquanto isso, Rússia e Reino Unido já estão vacinando

Na sexta-feira (4), a prefeitura de Moscou iniciou um serviço de vacinação no país, com direito a agendamento online para evitar filas e aglomerações. A campanha de imunização começou no sábado (5), utilizando a vacina russa Sputnik V (lê-se V, de vacina, e não cinco, como nos satélites russos)— ainda em fase final de testes, porém liberada no país para uso emergencial. Segundo o governo local, resultados preliminares com a vacina mostraram taxa de 95% de eficácia na proteção contra COVID-19.

Os moradores de Moscou podem se inscrever para a vacinação gratuita em 70 pontos da cidade e os atendimentos começaram a ser marcados a partir de sábado. Neste primeiro momento, o foco da campanha serão: os assistentes sociais; os profissionais da saúde; e os professores com idades entre os 18 e os 60 anos, que lecionam tanto em instituições públicas quanto privadas no país. Soldados russos já começaram a receber as doses.

Fique por dentro da campanha de vacinação russa!

E também na última semana, o Reino Unido se tornou o primeiro país ocidental a aprovar o uso de uma vacina contra a COVID-19 de forma emergencial. A campanha de vacinação britânica começará nesta semana, utilizando imunizantes da Pfizer/BioNTech, já disponíveis no país.

As doses da vacina da Pfizer foram levadas para uma central de distribuição em local não revelado — por questões de segurança —, de onde serão enviadas para os centros de vacinação espalhados por todo o Reino Unido. Por enquanto, apenas hospitais possuem instalações adequadas para o armazenamento das vacinas (em baixíssimas temperaturas).

As encomendas giram em torno de 40 milhões de doses da vacina, o que é suficiente para imunizar 20 milhões de pessoas (já que são necessárias duas doses para imunização completa). Por isso, o Reino Unido também conta com um plano emergencial de prioridades, que visa vacinar idosos em casas de repouso, funcionários desses estabelecimentos, pessoas com mais de 80 anos e profissionais de saúde, respectivamente.

Veja mais sobre como o Reino Unido está conduzindo a vacinação em parceria com a Pfizer.

E a vitamina D? Protege ou não contra COVID-19?

No último dia 2, o Canaltech noticiou os resultados de um estudo brasileiro que avaliou, em 240 pessoas, o efeito da suplementação de vitamina D (colecalciferol). Todas elas eram pacientes com COVID-19 em estado grave. Pesquisadores da Universidade de São Paulo descobriram que grandes doses do nutriente não parecem reduzir a gravidade da doença, quando ministradas diante da infecção pelo coronavírus já em estágio avançado.

Dos 240 pacientes em estado grave, avaliados entre junho e outubro, metade foi designada aleatoriamente em um estudo duplo-cego randomizado a receber uma dose única de 200.000 UI de vitamina D3 — equivalente a 500 vezes a recomendação diária de colecalciferol. A outra metade recebeu um placebo. Como resultado, aqueles que receberam a suplementação não apresentaram melhoras significativas.

É importante dizer que suplementar é diferente de avaliar quantidades anteriores dos níveis de vitamina D no sangue. Quando um paciente recebe suplementação de algum nutriente, as doses são geralmente ministradas em níveis altos para garantir mais absorção por menos tempo. Assim, os pesquisadores quiseram garantir que os pacientes suplementados ganhassem níveis suficientes de vitamina D no sangue para controlar ou amenizar a infecção pela COVID-19.

O estudo, no entanto, conta com certas limitações, já que os pacientes envolvidos nas análises clínicas já tinham desenvolvido casos graves de COVID-19, e os estudos anteriores em torno da relação entre a vitamina D e a doença apontam uma possibilidade de eficácia desde que a vitamina D seja administrada ao paciente precocemente, antes que a doença piore, ou que esse paciente já tenha um histórico de bons níveis de colecalciferol na corrente sanguínea. Portanto, vale interpretar os dados com cautela — e, até o momento, há mais estudos relatando benefícios em relação à vitamina D quando considerada a COVID-19 que o oposto.

Esse assunto está detalhado na notícia veiculada no Canaltech. Confira!

Hackers estão atacando distribuidores da vacina da COVID-19

Parece que acabamos de descobrir o novo ouro em pó para o crime organizado: vacinas. De acordo com pesquisadores da IBM, empresas que trabalham com armazenamento e logística de imunizantes contra COVID-19 estão na mira de cibercriminosos, já que, desde setembro, enfrentam ataques baseados em tentativas de phishing — que é quando um atacante mal-intencionado pretende invadir sistemas ou redes para extrair dados confidenciais. No caso, essas redes são as intranets das empresas, e os dados, claro, são informações confidenciais sobre pesquisas e logística de distribuição das doses.

Cinco países estariam no topo da lista de preferências dos hackers: Alemanha, Itália, Coreia do Sul, Taiwan e República Checa. O epicentro seria a GAVI, uma aliança global de empresas e plataformas de distribuição focada na distribuição de vacinas pelo mundo, que, inclusive, controla a COVAX. A GAVI ainda conta com apoiadores de peso, como Bill Gates.

Ainda de acordo com o dossiê da IBM, empresas de armazenamento de vacinas em temperaturas extremamente baixas seriam os principais alvos. Portanto, aquelas que cuidam das doses da Pfizer/BioNTech e da Moderna são as que mais sofrem com os ataques, já que as vacinas de mRNA precisam dessa condição de temperatura para se manter estáveis.

Empresas de tecnologia e de armazenamento, bem como fornecedoras de energia e desenvolvedoras de sistemas de controle estariam entre as que já receberam alguma tentativa de ataque. Um deles, inclusive, veio por email e tentou driblar a equipe interna de uma companhia, quando o hacker tentou se passar por um fornecedor de equipamentos médicos chamado Haier Biomedical. A mensagem continha links e arquivos anexos que tentavam sequestrar dados sensíveis e confidenciais, como logins, senhas e credenciais completas de companhias atuantes nos cuidados com as vacinas.

A CISA (Agência de Cibersegurança e Proteção de Infraestrutura, na sigla em inglês), do governo dos EUA, emitiu, após receber o comunicado da IBM, um alerta para que as empresas de armazenamento e logística das vacinas contra COVID-19 se mantenham vigilantes, realizando campanhas internas para informar seus funcionários e redobrando os cuidados com segurança cibernética.

A notícia completa sobre a pesquisa da IBM e as consequências dos ataques você lê aqui.

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