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Giro da saúde: polêmica das vacinas, mutação do coronavírus, "cura" do diabetes

Por| 29 de Novembro de 2020 às 08h00

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Giro da saúde: polêmica das vacinas, mutação do coronavírus, "cura" do diabetes
Giro da saúde: polêmica das vacinas, mutação do coronavírus, "cura" do diabetes

A semana foi quente no noticiário nacional (e internacional) relacionado a assuntos de ciência e saúde. Desde uma promissora pesquisa que conseguiu reverter o envelhecimento celular até polêmicas envolvendo vacinas no Brasil e lá fora, muita coisa aconteceu nos últimos sete dias. E o Canaltech resume para você, todo domingo, os principais destaques da semana no Giro da Saúde.

Miniórgãos revolucionam a forma como a ciência enxerga a COVID-19

Os pesquisadores ainda não conhecem, por completo, o mecanismo de ação do coronavírus, desde quando invade uma célula até se espalhar pelo corpo e causar sintomas. Mas eles possuem artifícios para simular ambientes in vitro, como se fossem dentro de um organismo, para tentar entender por que o vírus é tão enigmático. A parte boa dessa história é que a tecnologia e a impressão 3D trouxeram para a ciência um mar de possibilidades. Isso porque, mesmo que distante de um organismo completo, com a ajuda de novas técnicas, já é possível criar organoides — ou miniórgãos — que ajudam a dimensionar e compreender melhor como as doenças acometem nosso corpo.

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Por exemplo: foi graças aos miniórgãos que vários cientistas conseguiram avaliar diferentes formas de tratamento contra a COVID-19, vendo acontecer a infecção e sua possível regressão dentro de miniaturas — normalmente impressas em 3D — que simulam um órgão real do corpo humano. Esses pequenos modelos "vivos", aliás, permitiram identificar que a COVID-19 não se limitava ao sistema respiratório, e que ele era apenas a porta de entrada da doença, já que ela afeta também o coração, o intestino, os rins e, até mesmo, o cérebro.

Um miniórgão é composto, essencialmente, de células simples presentes em nossa pele ou no trato urinário. Os cientistas selecionam essas células e depois as regridem, tornando-as células-tronco, capazes de se diferenciarem em diversos tipos de células, tecidos e órgãos, como neurônios, revestimentos do intestino e até um minipulmão, por exemplo. A diferença é que os miniórgãos não são réplicas perfeitas de um órgão real quanto à forma, copiando apenas as características celulares e bioquímicas essenciais. Ou seja: a "réplica" em miniatura de um cérebro não se parece, de fato, com um, podendo ser apenas esférica — mas com células e fisiologia presentes no órgão.

Curioso, né? Para saber mais sobre organoides e descobertas utilizando a técnica, leia a notícia completa!

Cientistas revertem envelhecimento de células humanas

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Em uma pesquisa inédita, cientistas da faculdade de medicina da Universidade de Tel Aviv, em Israel, se inspiraram em um experimento da NASA para conseguir reverter o processo de envelhecimento da célula humana. No nosso organismo, envelhecer é um processo natural que ocorre com o passar dos anos, e, em nível celular, os telômeros (extremidades dos cromossomos) começam a se encurtar cada vez mais. Isso faz com que as células não sejam mais capazes de se replicarem em idade avançada do corpo.

Para realizar a experiência, a equipe de cientistas contou com a ajuda de 26 pacientes voluntários, que se disponibilizaram a ficar em uma câmara de oxigênio hiperbárica, inalando oxigênio puro em uma pressão maior que a da nossa atmosfera. Ele fizeram isso por cinco sessões de 90 minutos cada, todas as semanas, durante três meses. Ao final da pesquisa, os cientistas concluíram que alguns telômeros das células foram estendidos em até 20% em relação ao tamanho que tinham no início da pesquisa, ficando como eram há 25 anos.

Mesmo com o resultado surpreendente, a descoberta ainda não é motivo para empolgação. Entenda!

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Vacina tríplice viral pode proteger contra COVID-19

Um novo estudo conduzido por microbiologistas da Universidade da Geórgia e publicado na American Society for Microbiology relacionou a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) a casos menos graves de COVID-19.

O imunizante estudado foi o MMR II, fabricado pela norte-americana Merck. "Encontramos uma correlação inversa e estatisticamente significativa entre os níveis de titulação da caxumba e a gravidade da COVID-19 em pessoas com menos de 42 anos que foram vacinadas com a MMR II", explica um dos autores do estudo, o pesquisador Jeffrey E. Gold. Segundo ele, os achados do estudo demonstram que a vacina MMR II pode proteger contra COVID-19.

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Além disso, o cientista correlaciona a sintomatologia leve em crianças ao imunizante, comumente aplicado na primeira infância. "A maioria das crianças recebe a primeira vacinação MMR por volta dos 12 a 15 meses, e uma segunda dos 4 aos 6 anos", acrescenta.

Clique aqui para saber mais sobre como a vacina funciona (e o que ela pode prometer).

Cura para o diabetes a caminho?

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Cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, anunciaram uma possível descoberta que animou a comunidade médica e científica, bem como as pessoas com diabetes no mundo inteiro: eles conseguiram curar o diabetes em camundongos, usando um novo processo baseado em células-tronco. A ideia é que a mesma técnica também possa ser realizada em humanos. De acordo com o principal pesquisador do projeto, Dr. James Shapiro, a equipe trabalhou com especialistas de todo o mundo para transformar células do sangue em produtoras de insulina.

Dr. Shapiro é conhecido entre a sociedade internacional de endocrinologia pelo protocolo de Edmonton — um procedimento que dá aos pacientes novas células produtoras de insulina, graças a transplantes feitos por doadores de órgãos. No entanto, tal protocolo utiliza medicamentos cujos efeitos colaterais são bastante significativos. O novo processo de células-tronco eliminaria esse problema. "Se forem células próprias, os pacientes não as rejeitarão", observa Shapiro.

Apesar de promissora, a pesquisa ainda tem um grande obstáculo pela frente: falta de financiamento. Um pequeno grupo de voluntários pretende arrecadar uma boa quantia até 2022 para financiar as próximas etapas da pesquisa.

Leia a notícia completa e fique por dentro de mais detalhes!

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Vacina da AstraZeneca/Oxford: do mistério à polêmica

Desde que a AstraZeneca, parceira da Universidade de Oxford, anunciou eficácia de 90% em sua vacina contra COVID-19, algo intrigou médicos e cientistas: as dosagens do imunizante eram inversamente proporcionais ao resultado esperado. Aliás, melhor dizendo: uma maior dosagem não representou, na prática, melhor proteção. Mas, por quê?

O que aconteceu foi que, até a terceira fase de testes, os cientistas apostavam em duas doses completas para a melhor imunização contra a COVID-19. Mas, após as análises estatísticas, foi observado que quando um voluntário recebia essas duas doses, a taxa de eficácia diminuía e ficava em 62%. Esse quadro foi verificado em 8.895 pessoas que receberam as duas doses completas.

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Qual seria, então, a explicação? Ainda sem consenso na ciência, uma hipótese pode se relacionar com o número de pacientes presentes em cada grupo e, nesse caso, o estudo não teria sido grande o suficiente para avaliar a real diferença entre os regimes. Outra possibilidade tem a ver com a imunidade do organismo contra vírus que atacam, especialmente, os chimpanzés — já que a vacina em questão usa em sua fórmula um adenovírus animal, que carrega fragmentos do coronavírus, para estimular a produção de anticorpos no organismo humano. Por isso, serão examinadas também as respostas do sistema imunológico humano contra esse adenovírus.

Passados poucos dias, a AstraZeneca veio a público anunciar que houve um erro no momento da divulgação dos resultados dos testes da vacina experimental. De acordo com as empresas, a falha está na classificação das doses como "altamente eficazes", sem fazer menção a como alguns dos voluntários não receberam a segunda dose. Com isso, a conta fecha em 70% de eficácia, e não mais 90%, como divulgado anteriormente. Depois do acontecido, o vice-presidente da AstraZeneca, Manelas Pangalos, após ter admitido a falha, afirmou que o erro é irrelevante. "Mesmo se você acreditar apenas nos dados de dose completa, dose total... ainda temos eficácia que atende aos limites para aprovação com uma vacina que é mais de 60% eficaz", justifica.

Para entender mais sobre o mistério das dosagens da vacina de Oxford, clique aqui!

E para ver os desdobramentos sobre a "queda na eficácia" da vacina, de 90% para 70%, acesse aqui.

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Teria sido uma mutação precoce do coronavírus a causadora de todo o estrago?

Vírus sofrem mutações com o decorrer dos anos, durante seu processo reprodutivo. E apesar de a maior parte dessas mutações afetar em muito pouco ou quase nada o comportamento do patógeno, uma delas pode ter sido essencial para causar no coronavírus da COVID-19 o potencial de "estrago" que fez o mundo enfrentar, por quase um ano, uma pandemia (com mais de 60 milhões de casos).

Pesquisadores do Reino Unido identificaram que uma mutação chamada 614G ocorreu pela primeira vez no leste da China, em janeiro de 2020. Rapidamente, o vírus chegou até a Europa e à cidade de Nova Iorque, nos EUA. Dali a poucos meses, de acordo com análises genômicas do coronavírus, a mesma variante se espalhou pelo mundo todo e conseguiu, inclusive, substituir outras — entre elas, a original, de Wuhan.

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Seria essa cepa mais potente que as outras? Duas novas análises confirmam a maior capacidade de contaminação da mutação 614G do coronavírus, mas sem evidências de que ela cause sintomas mais graves, mate mais pessoas ou complique o desenvolvimento de vacinas. O que os pesquisadores debatem, depois da descoberta, é que a mutação parece ter feito a pandemia se espalhar ainda mais pelo globo, de maneira mais rápida.

Saiba mais sobre a mutação 614G e seu potencial pandêmico!

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