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Giro da Saúde: mais vacinas; imunidade natural à COVID; recorde de mortes no BR

Por| 21 de Março de 2021 às 08h00

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Giro da Saúde: mais vacinas; imunidade natural à COVID; recorde de mortes no BR
Giro da Saúde: mais vacinas; imunidade natural à COVID; recorde de mortes no BR

Na semana passada, o Brasil registrou a maior média móvel de mortes por COVID-19 desde o início da epidemia por aqui. Mas, além das notícias que nos entristecem e preocupam, a semana trouxe novidades animadoras no âmbito da ciência: um remédio capaz de impedir a instalação da COVID no organismo (ainda em estudo), um homem com superanticorpos, que "nasceu imune" ao coronavírus, e avanços nas negociações e acordos por vacina no Brasil.

Variante francesa pode escapar do teste RT-PCR

Uma notícia que repercutiu muito na última semana tem a ver com a descoberta de uma nova variante do coronavírus na França. Segundo os pesquisadores franceses, a nova cepa é capaz de passar batida no teste considerado padrão-ouro para investigação e diagnóstico da COVID-19, o RT-PCR. A variante foi detectada por lá após um surto no hospital de Lannion, na Bretanha, em Côtes-d'Armor. Ainda não se sabe se a cepa é mais mortal ou mais infecciosa.

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Os médicos e pesquisadores ficaram desconfiados quando oito pacientes atendidos no hospital apresentavam sinais e sintomas de COVID-19, mas no exame, nada era acusado. Intrigada, a equipe resolveu coletar amostras de maneira mais invasiva, diretamente dos pulmões, para fechar o diagnóstico. A conclusão: é coronavírus, e agora resta saber se tal cepa é mais resistente à vacinação ou se possui uma tendência mais infecciosa e mortal.

Saiba mais sobre a variante, acesse a notícia no Canaltech!

E por falar em variantes, existe coronavírus híbrido?

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Outro assunto muito discutido na última semana tem a ver com a recombinação de dois coronavírus em um só. Afinal, isso é possível? Como?

Aqui no Canaltech, você já deve ter lido alguma coisa a respeito de coronavírus híbrido. Acontece que há algumas semanas, na Califórnia, foi descoberto um tipo de coronavírus que resultou de uma fusão de duas variantes. Este híbrido foi resultado da recombinação da variante B.1.1.7, descoberta no Reino Unido e conhecida por ser mais transmissível, e da variante B.1.429, que se originou no próprio estado norte-americano e que pode ser mais resistente a alguns anticorpos. Ou seja: a possibilidade existe, alguns desses vírus já circulam, mas, apesar disso, são eventos muito raros.

Pesquisadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos, concluíram que a circulação de coronavírus híbridos é rara e estimam que "no máximo 5% dos vírus circulantes nos EUA e no Reino Unido são recombinantes". Por outro lado, o levantamento confirmou que estas variantes já circulam de pessoa para pessoa e podem, sim, infectar.

Para a ciência, pelo menos até o momento, as evidências descobertas sobre os coronavírus híbridos não apontam para uma maior transmissibilidade ou virulência do que outras variantes já identificadas.

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Leia mais, com detalhes, sobre os coronavírus híbridos

Grávidas podem ser vacinadas contra COVID-19

Com as campanhas de vacinação acontecendo mundo afora, muito se pergunta sobre quem pode ou não pode se vacinar. Considerando o grupo das gestantes, um novo estudo, publicado recentemente como pre-print no MedRxiv, as grávidas podem, sim, tomar a vacina contra COVID. O estudo envolveu as vacinas da Moderna e da Pfizer, que desencadearam fortes respostas imunes em mulheres grávidas e lactantes, equivalentes às de outras mulheres.

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O feto também pode se beneficiar da imunização, já que, segundo a análise, a vacina pode ultrapassar a barreira placentária, e os anticorpos gerados pela mãe podem ser transferidos ao recém-nascido através da amamentação.

O estudo contou com a participação de 131 mulheres vacinadas (dentre elas, 84 grávidas, 31 amamentando e 16 não grávidas. Dentre elas, 3 chegaram a dar à luz durante o período do estudo, e os autores puderam analisar o sangue do cordão umbilical em dez delas. Todas as dez amostras de cordão umbilical continham anticorpos gerados pela vacina.

Ficou interessado no assunto? Tem mais informações sobre o estudo, é só clicar aqui

Países europeus suspendem uso da vacina de Oxford/AstraZeneca

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Muitos países europeus estão suspendendo o uso da vacina Covishield (Oxford/AstraZeneca) devido a supostos efeitos colaterais causados por sua fórmula. É o caso da Alemanha, Áustria, Dinamarca, Noruega, França e Itália, por exemplo. No entanto, até o momento, não há evidências que comprovem que a vacina cause coágulos sanguíneos ou trombose.

A movimentação ocorreu após 30 casos de eventos tromboembólicos que foram registrados na Europa, sendo que, em comum, todos os pacientes receberam uma dose da vacina Covishield. Em paralelo, milhões de pessoas já receberam a fórmula de Oxford/AstraZeneca e não apresentaram reação.

Com um cenário desses, algumas agências reguladoras emitiram comunicados defendendo a vacina. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), por exemplo, emitiu nota afirmando que “milhares de pessoas desenvolvem coágulos sanguíneos anualmente na UE [União Europeia] por diferentes razões” e que o número de incidentes em pessoas vacinadas “parece não ser superior ao observado na população em geral”.

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No Brasil, a Agência Federal de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que está monitorando os possíveis efeitos colaterais da vacina nos brasileiros imunizados com a fórmula. "Nas bases nacionais que reúnem os eventos ocorridos com vacinas não há registros de embolismo e trombose associados às vacinas contra a COVID-19", esclarece a Anvisa sobre a imunização nacional. O lote que causou os efeitos na Europa, no entanto, não chegou em terras nacionais.

Acesse a notícia completa

Oxford/AstraZeneca: o que diz a OMS

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) também defende a vacina Covishield. Foi na última quarta-feira (17) que a OMS anunciou que o imunizante deve continua a ser aplicado para prevenir a propagação do coronavírus. Em nota, ela afirma que "eventos tromboembólicos podem acontecer com frequência", e que "o tromboembolismo venoso é a terceira doença cardiovascular mais comum em todo o mundo". Outro ponto levantado e pela organização reforça que os benefícios da vacinação contra a COVID-19 se sobressaem em relação aos efeitos colaterais.

A União Europeia já havia se pronunciado sobre a interrupção da aplicação das doses da Covishield, relatando o mesmo argumento que a OMS. "Os benefícios da vacina continuam a superar os riscos e o imunizante pode continuar sendo administrado enquanto a investigação sobre os casos de eventos tromboembólicos seguem em andamento", afirmou a UE, em comunicado.

Entenda melhor o caso clicando aqui

Fiocruz entrega primeiro lote de vacina fabricado na instituição

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Foi também na quarta-feira passada (17) que a Fiocruz anunciou que, finalmente, entregou o primeiro lote de vacinas da AstraZeneca/Oxford produzido na própria fundação. Ao todo, 580 mil doses de vacina foram entregues ao Ministério da Saúde na quinta-feira (18). Vale ressaltar que os imunizantes ainda utilizam Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) importado da China.

A Fiocruz também anunciou que começou o escalonamento gradual de sua produção da vacina contra a COVID-19, e acrescentou que a ideia é que até o final de março produza 1 milhão de doses por dia. Segundo a instituição, ainda este mês serão entregues mais duas milhões de vacinas produzidas por lá.

Após o anúncio, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, garantiu a imunização da metade da população brasileira até julho, e a outra metade até o fim de 2021. "Vamos controlar essa pandemia ainda no segundo semestre. Essa é a nossa missão e, para isso, precisamos das vacinas", anunciou.

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Saiba mais sobre a Fiocruz e as vacinas produzidas pela instituição

Proteína do sangue pode revelar riscos de se desenvolver COVID grave

A ciência não para. A busca por respostas e padrões da COVID-19 é incessante e, recentemente, uma nova descoberta pode ser uma arma a mais para o combate contra o coronavírus. Na Inglaterra, um grupo de pesquisa identificou uma proteína, chamada de GM-CSF, que pode estar diretamente relacionada à gravidade da doença.

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Após coletarem amostras de 470 pacientes internados com COVID no Reino Unido e compararem com as de pessoas saudáveis e recuperadas de gripe suína, cientistas descobriram que tal proteína pode apresentar concentração elevada (quase 10 vezes maior) em pacientes com quadro grave da infecção.

A ideia, agora, é usar essa proteína como marcador genético da gravidade da infecção. "Ao estudar pacientes com COVID-19 grave, em grande escala no Reino Unido, estamos construindo um quadro mais claro da doença pulmonar", explicou Dr. Kenneth Baillie, da Universidade de Edimburgo, para a BBC.

Apesar de ter sido elucidada uma nova pista para se chegar a um diagnóstico mais preciso, ainda são necessárias mais pesquisas para ligar o risco de piora da infecção com a proteína GM-CSF.

Leia a notícia e acesse o estudo completo sobre a proteína

Cientistas investigam remédio para hanseníase como prevenção à COVID

Outra descoberta anunciada na semana passada resulta de um estudo conduzido pelo Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute e da Universidade de Hong Kong, que aponta potenciais efeitos da clofazimina (normalmente usada contra hanseníase) como inibidor da replicação do SARS-CoV- 2, e também como adjuvante na prevenção de resposta inflamatória exagerada associada a COVID-19. “A clofazimina é uma candidata ideal para um tratamento da COVID-19. É segura, acessível, fácil de fazer, tomada como uma pílula e pode ser disponibilizada no mundo inteiro", defende o co-autor do estudo, Sumit Chanda. O estudo foi publicado na Nature.

Ainda em fase inicial, ou seja, com testes realizados em tubos de ensaio e animais de laboratório, a pesquisa relata que a clofazimina foi uma das 21 drogas eficazes in vitro, e chegou a testar o medicamento em hamsters infectados com SARS-CoV-2. A equipe liderada por Chanda relatou que a clofazimina reduziu a quantidade de vírus nos pulmões, inclusive quando administrada em animais saudáveis ​​antes da infecção. A droga também reduziu os danos aos pulmões e evitou resposta inflamatória à doença.

O mecanismo de ação relatado pelos pesquisadores ocorre de duas maneiras: bloqueando a entrada do coronavírus nas células e interrompendo a replicação do RNA. O fármaco ainda é capaz de reduzir a replicação do MERS-CoV, causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), no tecido pulmonar. "A clofazimina parece ter atividade de pan-coronavírus, indicando que pode ser uma arma importante contra futuras pandemias", conclui o estudo.

Saiba mais sobre a clofazimina

Brasil bate recorde na média móvel de óbitos por COVID-19

Na quarta passada (17), o Brasil informou o maior número de óbitos registrados em 24h por complicações causadas pelo coronavírus: no período, foram confirmadas 3.149 mortes e 99.634 novos casos da COVID-19, batendo uma média móvel de 2.017 óbitos. Em paralelo, a média móvel de casos da infecção pelo coronavírus é de 70.219 casos. Ambos os valores são considerados os maiores já registrados pelo Brasil desde a primeira notificação da COVID-19 no país.

Parte da elevada atualização de óbitos e casos da COVID-19 divulgados hoje é explicada pelo atraso do Rio Grande do Sul em notificar a situação epidemiológica do estado, que não consolidou os dados dentro do horário limite e contabilizou mais 9.331 casos e 501 óbitos no dia seguinte.

Na sexta-feira (19), o país completou 21 dias seguidos de recorde na média móvel de mortes (2.173). Foram 2.815 óbitos por COVID — o segundo maior número desde o início da pandemia. Ao todo, o Brasil ultrapassa 290 mil óbitos em decorrência da infecção.

Leia mais no Canaltech

Superanticorpos: conheça o homem com imunidade natural à COVID

Existem pessoas que nascem imunes ao coronavírus? Existem, embora isso seja muitíssimo raro. É o caso do escritor norte-americano John Hollis (54), que descobriu que possui superanticorpos capazes de neutralizar a infecção.

Hollis morava com um amigo, que foi contaminado em abril de 2020. Hollis achou que iria pegar a doença, no entanto, isso não aconteceu. Ele chegou a comentar com seu médico, que, intrigado, resolveu realizar um estudo científico com amostras de sangue do escritor. E foi assim que foi feita a descoberta: Hollis tem superanticorpos. Ele até chegou a ser contaminado com o vírus, mas a doença foi barrada pelo seu sistema imune diferenciado.

Segundo o médico pesquisador, Lance Liotta, os anticorpos atacaram diversas partes do vírus, resultando numa eliminação muito mais rápida. Para se ter uma ideia, os cientistas da universidade descobriram que o escritor é imune até mesmo às variações do coronavírus.

Curioso, não? Agora, Hollis é parte de um estudo que, com base em seus superanticorpos, espera encontrar novas pistas para melhorar as vacinas que já temos.

Saiba mais sobre os anticorpos do escritor e os próximos passos da ciência

Saúde compra 138 milhões de doses de vacinas da Pfizer e da Janssen

Outra boa notícia: o Ministério da Saúde finalmente fechou acordo de compra de vacinas da Pfizer e da Janssen (Johnson & Johnson) na segunda passada (15), totalizando 138 milhões de doses: 100 delas são da Pfizer, e 38 são da Janssen — que requer aplicação única.

As doses da vacina da Pfizer devem ser entregues em lotes mensais, começando com um milhão de unidades em abril, 2,5 milhões em maio, 10 milhões em junho e julho (por mês), 30 milhões em agosto e 46,5 milhões em setembro. Já o imunizante da Johnson & Johnson deve ser entregue em 16,9 milhões de doses em agosto e 21,1 milhões em novembro.

Também fecharam contrato com o Ministério da Saúde as fabricantes das vacinas Covaxin (Bharat Biotech) e Sputnik V (Instituto de Pesquisa Gamaleya).

Leia mais sobre as vacinas recém-adquiridas

Coronavírus pode ter surgido em fazendas na China

A comitiva da OMS, que viajou até a China para investigar as origens do novo coronavírus, já começa a trazer algumas conclusões de sua jornada pelo país. Peter Daszak, um dos membros enviados para lá, informou em entrevista à NPR que as fazendas de animais selvagens localizadas na região sul do país são a fonte mais provável de ter originado o SARS-CoV-2.

Tais fazendas chegaram a ser fechadas pelo governo chinês ainda em fevereiro do ano passado, mas receberam a visita dos cientistas da OMS neste ano. Os pesquisadores encontraram nelas evidências de que os animais criados lá eram fornecidos para os vendedores do mercado de frutos do mar de Wuhan, primeiro lugar que foi ligado aos casos de COVID-19. São fazendas que existem há mais de 20 anos no país.

"Eles capturam animais exóticos, como civeta, porco-espinho, pangolim, cão-guaxinin, rato de bambu, e os criam em cativeiro", explica o cientista. "A China promoveu a criação de animais selvagens como uma maneira de aliviar da pobreza as populações rurais", complementa. Ele também conta que os funcionários foram instruídos a se livrar dos animais, matando-os, depois queimando e enterrando cada um deles, para evitar a propagação de doenças. O cientista acredita que o coronavírus foi passado de um morcego para algum animal e, depois, para os humanos.

As descobertas devem ser divulgadas nos próximos dias pela própria OMS. Enquanto isso, você pode se informar com os relatos de Daszak.

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