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Fechamento das escolas na pandemia pode ter impactos catastróficos, diz SPE

Por| Editado por Patricia Gnipper | 18 de Março de 2021 às 20h40

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MChe Lee/Unsplash
MChe Lee/Unsplash

Em agosto passado, fizemos uma análise a respeito dos possíveis impactos da reabertura escolar em 2020. No entanto, na última quarta-feira (17), o foco de uma análise da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia foi justamente o oposto: o impacto justamente do fechamento das escolas. A secretaria estima consequências no Produto Interno Bruto (PIB), no aprendizado e até mesmo no aumento da desigualdade social.

Segundo essa análise, as consequências podem durar até o final de 2022. “Há duas formas extremas de lidar com o problema. É possível imaginar também soluções intermediárias entre elas. A primeira seria simplesmente deixar o hiato educacional cobrar seu preço no estoque de capital humano brasileiro, de modo que jovens entrem no mercado de trabalho com a mesma idade que entrariam sem a pandemia, porém com uma quantidade menor de anos de educação formal”, diz o boletim. “Essa alternativa seria uma verdadeira catástrofe na acumulação de capital humano e na produtividade do trabalho de uma geração inteira”, apontou a secretaria por meio do boletim.

A secretaria vinculada ao Ministério da Economia também anuncia que o efeito visual de se postergar por três anos a entrada dos jovens no mercado de trabalho é ‘dramático’, considerando uma proporção menor de adultos em idade laboral e, assim, um encolhimento da população que gera riqueza no Brasil. E esse efeito deve durar por aproximadamente 15 anos após o término da pandemia, possivelmente até 2038, até que toda essa parcela da população atingida com a paralisação das aulas entre no mercado de trabalho. “Portanto, escolas fechadas hoje causam um país mais pobre amanhã. E esse amanhã deve perdurar por quase duas décadas.”

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O boletim ainda acrescenta que o impacto tende a ser tanto maior quanto mais baixa é a renda familiar, uma vez que a existência de barreiras para o estudo remoto correlaciona-se fortemente com a renda. Um computador conectado à internet, e um ambiente adequado na residência para o ensino a distância, são requisitos praticamente inatingíveis para milhões de famílias de baixa renda.

Do ponto de vista da SPE, o prejuízo terá sido muito maior para crianças pobres, porque foram destituídas de qualquer tipo de ensino em 2020. A secretaria ainda faz uma estimativa a longo prazo: cada ano adicional de educação sendo capaz de impulsionar o crescimento do PIB em cerca de 0,58%. O boletim consta que 40% da diferença de renda entre o Brasil e os Estados Unidos são fruto do atraso educacional.

“Para se ter uma ideia, enquanto em países desenvolvidos, como a Alemanha e os Estados Unidos, a população tenha médias de anos de estudo de 13 ou 14 anos, no Brasil esse número é pouco maior do que 7 anos. Essa diferença evidencia não só uma das razões para o tímido crescimento brasileiro, como também para a baixa qualidade de vida do nosso povo”, ressalta a SPE.

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O boletim ainda conclui: "Nosso país optou pelo fechamento completo das escolas públicas no ano de 2020 e por um período muito mais extenso do que o registrado em outros países (média de 40 semanas no Brasil, contra 22 semanas no resto do mundo). E mais: essa política persiste, ressalvadas algumas exceções, em 2021. Nesse sentido, todos os números apresentados até aqui podem ser entendidos como a previsão mais otimista dentre as possibilidades".

Fonte: Boletim Macrofiscal via Agência Brasil