EUA: a desinformação é nossa principal causa de morte, diz agente da FDA
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 06 de Maio de 2022 às 10h41
Autoridades públicas da dos Estados Unidos alertam para o risco da desinformação e das fake news na área da saúde. Para um agente da Food and Drug Administration (FDA), está já pode ser considerada a principal causa de morte, por exemplo, relacionada à covid-19. Afinal, é responsável pela baixa adesão aos imunizantes em algumas comunidades e pela popularidade de tratamentos ineficazes contra o coronavírus SARS-CoV-2.
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“Acredito que a desinformação é, agora, nossa principal causa de morte”, afirmou o cardiologista Robert Califf, da FDA, durante a sua fala na conferência Health Journalism 2022. O evento reune jornalistas da área de saúde e propõe novas abordagens para a comunicação.
Entre os exemplos do impacto da desinformação na área da saúde, Califf destaca:
- Hesitação contínua com a vacina contra a covid-19;
- Elevado número de pessoas que "usam" o antiparasitário ivermectina contra o vírus, apesar de evidências científicas não encontrarem benefícios;
- Crescimento do uso de cigarros eletrônicos.
FDA contra a desinformação nos EUA
“Historicamente, a FDA tem agido de forma discreta e divulga informações definitivas, através de orientações, rótulos ou ações regulatórias, que seriam transmitidas a consumidores e pacientes por meio de intermediários confiáveis. Mas o mundo mudou neste momento”, afirma Califf sobre o momento em que a desinformação se tornou uma arma potente. No atual cenário, ainda não está claro como a agência deve se comportar frente aos atuais desafios.
Com essa maior abertura e adesão para a desinformação, já é possível observar alguns sinais na população norte-americana. Segundo Califf, a expectativa de vida nos EUA caiu mais em comparação com outras nações ricas. O país também foi o que mais registrou mortes em decorrência da covid-19.
Para combater a desinformação, o agente da FDA lembrou da importância do jornalismo e da verificação de fatos. Califf explica que é necessário evitar a caça por cliques — ato que consiste em usar títulos alarmantes em reportagens — e transmitir notícias com responsabilidade.
“As pessoas são distraídas e enganadas pela informação médica da Torre de Babel”, afirma Califf, comparando a questão da desinformação com o mito bíblico e as infindáveis vozes que falam, mas não se escutam. Apesar dos desafios, o agente lembra que os jornalistas têm "um papel importante aqui e que seu trabalho tem um tremendo impacto na confiança do público”.
Fonte: Health Journalism