Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Estudo mostra que a gravidade influencia a maneira como tomamos decisões

Por| 20 de Março de 2019 às 23h10

Link copiado!

Estudo mostra que a gravidade influencia a maneira como tomamos decisões
Estudo mostra que a gravidade influencia a maneira como tomamos decisões

Todo e qualquer organismo vivo na Terra evoluiu a longo de milhares de anos sob um campo gravitacional constante, com a gravidade desempenhando papel fundamental no comportamento e também na cognição humana. E um estudo recente publicado na Aviation, Space, and Environmental Medicine afirma que a gravidade também influencia a maneira como nós tomamos decisões.

De acordo com os pesquisadores, o sistema nervoso central não possui sensores especializados para a gravidade, que é inferida através da integração de vários sinais sensoriais em um processo chamado "graviception". Esse processo envolve visão, equilíbrio e informações das articulações e músculos, sendo que órgãos sofisticados dentro do ouvido interno são especialmente importantes nesse processo.

Na gravidade da Terra e com a cabeça ereta, pequenas "pedras" ficam perfeitamente equilibradas em um fluido viscoso, mas quando movemos a cabeça, a gravidade faz o fluido se mover, o que dispara um sinal ao cérebro informando que a cabeça não está mais em pé. A exposição à gravidade zero leva nosso organismo a várias mudanças estruturais e funcionais, e o estudo visa entender melhor como tudo isso pode afetar a capacidade de tomarmos decisões no ambiente espacial.

Afinal, a humanidade está se preparando para visitar Marte pela primeira vez (em uma viagem que, possivelmente, será só de ida), e é preciso entender a fundo como longos períodos em ambientes sem gravidade, ou com uma gravidade diferente da do nosso planeta, afetam não somente nosso corpo físico, como também a nossa mente. Ninguém quer ver um astronauta em Marte acabar morrendo porque não conseguiu tomar uma decisão importante em algum momento de perigo, certo? Então, entender como a gravidade afeta a tomada de decisões é uma pauta pertinente.

Continua após a publicidade

Os autores do estudo investigaram se as alterações na gravidade influenciariam a escolha entre um comportamento rotineiro e um totalmente novo, pedindo que os participantes fossem ao laboratório e produzissem sequências de números da maneira mais aleatória possível. Sempre que os indivíduos ouviam um sinal sonoro, era preciso nomear um número entre 1 e 9, sem tempo para pensar demais ou contar. Essa tarefa exige que o cérebro suprima respostas de rotina e gere novas respostas.

Para entender esse processo em um ambiente sem gravidade, os pesquisadores pediram que os participantes deitassem no chão para mudar a orientação dos corpos em relação à direção da gravidade terrestre, que nos "puxa" para baixo. "Esta é uma manipulação laboratorial muito eficiente, que nos permite imitar alterações de sinais gravitacionais que chegam ao cérebro; na verdade, é uma maneira melhor de estudar os efeitos da gravidade do que enviar alguém para o espaço, porque quando estamos no espaço, também somos afetados pela falta de peso, radiação e isolamento — e pode ser difícil separar o efeito que a falta de gravidade terá", explica um dos autores do estudo.

Os resultados, então, indicam que as pessoas são menos propensas a gerar novos comportamentos na ausência de gravidade, e isso pode ser importante para o planejamento de futuras missões espaciais. Astronautas vivem sob constante pressão, enfrentando desafios diariamente, e decisões devem ser tomadas rápida e eficientemente — e se deixar levar por uma preferência mental automática com opções rotineiras ou estereotipadas pode até mesmo colocar a vida do astronauta em risco.

Continua após a publicidade

"A ausência de gravidade pode ser profundamente inquietante e pode comprometer os níveis de desempenho de várias maneiras. Isso sugere que os astronautas podem se beneficiar de algum tipo de treinamento de aprimoramento cognitivo para ajudá-los a superar os efeitos da gravidade alterada no cérebro, e para garantir missões espaciais tripuladas bem sucedidas e seguras", concluem os pesquisadores.

Fonte: The Conversation