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COVID-19 | Vacina da tuberculose começa a ser testada no BR contra o coronavírus

Por| 20 de Outubro de 2020 às 15h15

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Master 1305/Freepik
Master 1305/Freepik

Em busca de formas de combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2), pesquisadores e governos apostam em uma vacina e em diferentes tratamentos contra a infecção. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) começou, na quinta-feira (19), um estudo clínico com a vacina BCG — usada para imunizar contra a tuberculose. A ideia da pesquisa é entender se esse imunizante pode reduzir o impacto da COVID-19 entre os voluntários.

Sem considerar a COVID-19, a vacina BCG tem apresentado resultados positivos em testes para redução de outras infecções respiratórias e, agora, pesquisadores investigam seus efeitos em relação ao coronavírus. Vale ressaltar que o objetivo aqui não é imunizar e, sim, reduzir danos. Para testar essa eficácia, a previsão do estudo internacional é incluir dois mil voluntários em Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul, e mil na cidade do Rio de Janeiro. Nacionalmente, é a Fiocruz quem irá coordenar a pesquisa.

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Pesquisa com vacina BCG contra a COVID-19

Poderão participar do estudo apenas trabalhadores envolvidos na área da saúde, como enfermeiros, médicos, técnicos, fisioterapeutas, recepcionistas e porteiros, maiores de 18 anos. Isso por conta da alta exposição aos riscos de contrair a COVID-19, o que pode acelerar a obtenção dos resultados estatísticos. No entanto, só serão aceitos voluntários que passarem por testagem sorológica e não se verificar a presença de anticorpos para a COVID-19 no organismo, ou seja, pessoas que não se contaminaram.

Durante o processo, todos serão acompanhados pela equipe de pesquisa por até um ano, através de ligações telefônicas semanais. Caso apresentem qualquer sintoma da COVID-19, poderão fazer a coleta do swab nasal para avaliar a presença (ou não) do coronavírus. Além disso, retornos trimestrais serão agendados para verificar, através de exames de anticorpos, a presença de possíveis infecções assintomáticas.

Os testes de eficácia da vacina BCG contra a COVID-19 fazem parte do chamado Brace Trial, que é um ensaio clínico de fase III australiano, que tem como objetivo avaliar se a vacinação ou revacinação com BCG pode reduzir o impacto da COVID-19. Contando com o Brasil, o estudo irá vacinar cerca de 10 mil voluntários e contará com testes também na Austrália, no Reino Unido, na Espanha e na Holanda. Esse projeto é liderado pelo pesquisador Nigel Curtis, do Murdoch Children’s Research Institute, e é financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates.

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No Brasil, o estudo conta com parceria da Caixa de Assistência dos Servidores do Mato Grosso do Sul (Cassems) e da Secretaria Estadual de Saúde e é coordenado pelo médico infectologista e pesquisador da Fundação e da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Julio Croda.

Histórico da vacina da tuberculose

A BCG, sigla para Bacillus Calmette-Guérin, é umas das principais vacinas utilizadas no mundo e faz parte do programa nacional de vacinação brasileiro, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). No mundo, é aplicada anualmente em cerca de 120 milhões de recém-nascidos. Quanto ao coronavírus, outros ensaios clínicos, além do australiano, também apontam para a ação da vacina em outras infecções, além da tuberculose.

De acordo com a Fiocruz, um ensaio clínico da Activate, na Grécia, de revacinação com BCG em idosos demonstrou uma redução de 79% de infecções respiratórias após um ano de acompanhamento. Na Guiné-Bissau, uma pesquisa verificou que a vacina BCG reduziu em 38% as mortes em recém-nascidos no país. Na África do Sul, estudos mostraram que a vacina reduziu em 73% nas infecções no nariz, na garganta e nos pulmões.

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Para participar da triagem nacional da pesquisa a vacina BCG, é possível realizar o pré-cadastro através do site da Fiocruz, clicando aqui.

Fonte: Agência Brasil