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Coronavírus pode ficar resistente à vacina com o tempo, segundo especialistas

Por| 01 de Dezembro de 2020 às 17h40

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BlenderTimer /Pixabay
BlenderTimer /Pixabay

Desde o início do ano, especialistas têm feito o possível para compreender a COVID-19 e os enigmas por trás da doença que tem assolado a população mundial, com direito a muito estudo. Tendo isso em mente, várias instituições e empresas investiram recursos e conhecimento na busca por uma vacina que possa representar uma aliada nessa luta. No entanto, segundo David A. Kennedy e Andrew F. Read, especialistas em resistência viral da Universidade Estadual da Pensilvânia, as vacinas não vão acabar com a evolução do coronavírus.

Eles escreveram recentemente um artigo na revista científica PLoS Biology. Na ocasião, eles apontaram que o coronavírus pode, inclusive, ser conduzido a uma nova mudança evolutiva, e citam uma chance, embora pequena, de que o vírus possa desenvolver resistência a uma vacina. Frente a isso, faz-se a necessidade de monitoramento dos efeitos da vacina e da resposta viral.

“Nada do que estamos dizendo sugere desacelerar o desenvolvimento de vacinas”, disse Kennedy. "Uma vacina eficaz é de extrema importância, mas vamos nos certificar de que ela permaneça eficaz”, acrescentou.

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Na opinião dos especialistas, os desenvolvedores das vacinas poderiam usar os resultados de testes realizados em voluntários por meio de amostras nasais para procurar alterações genéticas no vírus. Na prática, trabalhar com os resultados dos testes não significaria interromper ou desacelerar o lançamento da vacina, mas apenas manter a atenção em possíveis alterações no vírus, e manter isso monitorado.

Coronavírus pode não se tornar resistente às vacinas

Mas, calma. Em contrapartida, existem alguns fatores que apontam que o coronavírus não se tornará resistente às vacinas. Os próprios especialistas Kennedy e Read apresentaram uma análise da diferença entre resistência a drogas e imunizantes. As bactérias e os vírus não desenvolvem resistência às vacinas com a mesma facilidade que fazem com as drogas. A vacina contra a varíola nunca perdeu sua eficácia, por exemplo, nem as vacinas contra o sarampo ou a poliomielite, apesar dos anos.

Os antibióticos, por outro lado, podem se tornar rapidamente inúteis à medida que bactérias e outros patógenos, como vírus e fungos, desenvolvem defesas, segundo os especialistas. As razões têm a ver com os princípios básicos de evolução e imunidade. A principal diferença é que as vacinas geralmente agem mais cedo do que as drogas e a resposta imune natural que elas promovem costuma ser mais variada. Um medicamento pode ter um alvo restrito, às vezes atacando uma via metabólica ou processo bioquímico.

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Com a maioria dos medicamentos, o vírus ou bactéria já se reproduz no corpo do paciente e, se uma variante sobreviver melhor ao ataque do medicamento, continuará a crescer e talvez seja transmitida a outra pessoa. Uma combinação de medicamentos pode ser mais eficaz porque desencadeia um ataque multifacetado. As vacinas, por outro lado, agem precocemente, antes que o vírus comece a proliferar e talvez a mudar dentro do corpo do paciente. Elas oferecem ao sistema imunológico um vislumbre do vírus, e então o organismo desenvolve um ataque sistêmico.

As vacinas contra a COVID-19 que se encontram em desenvolvimento usam maneiras diferentes para fazer o sistema imunológico responder. Algumas, como as da Rússia e da China, usam partículas virais inteiras, inativadas ou atenuadas, para desencadear uma resposta do sistema imunológico. Mas outras candidatas, como as da Pfizer e Moderna, têm como objetivo fazer com que o sistema imunológico reaja a apenas uma parte do coronavírus (usando a tecnologia de mRNA).

“Vimos a resistência à vacina evoluir contra muitos tipos diferentes de vacinas, mas também há muitos exemplos para cada uma delas, em que a resistência nunca surgiu", disse Dr. Kennedy. Segundo ele, a resistência também pode evoluir de maneiras que não são motivadas pelo modo como a vacina age. Já pode haver variantes do coronavírus menos suscetíveis à ação das vacinas. Essa preocupação levou a Dinamarca a anunciar que abateria todos os seus visons, em mais de 1.000 fazendas, citando preocupações de que uma mutação no novo coronavírus que infectou um vison poderia interferir na eficácia de uma vacina para humanos.

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A preocupação diminuiu desde que os dinamarqueses anunciaram o problema, com cientistas e a Organização Mundial de Saúde dizendo que ainda não viram evidências de que a variante iria interferir com qualquer vacina em desenvolvimento. Read e Kennedy argumentaram que a evolução viral não necessariamente condenará as vacinas, mas sim que os fabricantes de vacinas só precisam estar cientes disso e criar novas vacinas, se necessário.

Fonte: The New York Times