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CoronaVac é eficaz contra Ômicron? Veja o que diz Butantan

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Janeiro de 2022 às 14h10

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erika8213/envato
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Na última segunda-feira (10), um estudo preliminar da revista Emerging Microbes & Infections sugeriu que a CoronaVac pode ser eficaz contra a variante Ômicron. Os pesquisadores analisaram os anticorpos de 16 pessoas que tiveram covid-19 anteriormente e 20 pessoas que tomaram duas doses da CoronaVac para entender se o imunizante poderia neutralizar a cepa recém-descoberta na África do Sul.

Para chegar a essa informação, os cientistas compararam o nível de neutralização da Ômicron com o nível de neutralização do vírus que circulava no início da pandemia. As pessoas que tiveram covid-19 antes neutralizaram a variante 10,5 vezes menos do que o coronavírus em si. Já no segundo grupo, que tomou as duas doses de CoronaVac, essa redução foi de 12,5.

Para os cientistas responsáveis pelo estudo, essa redução indica que a CoronaVac perde menos eficácia frente à Ômicron do que vacinas de RNA mensageiro, por exemplo, que chegaram a demonstrar uma redução de 22, 30 e até 180 vezes. A pesquisa usou pseudovírus, uma partícula viral que possui todas as propriedades do vírus, com a diferença de que ele não infecta as células.

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Em coletiva de imprensa do governo do estado de São Paulo na quarta-feira (12), Dimas Covas — presidente do Instituto Butantan (responsável por produzir a CoronaVac aqui no Brasil) — fez um pronunciamento sobre o estudo:

A CoronaVac, ou outras vacinas inativadas, induzem um repertório maior de imunidade contra covid-19. Recentemente, há evidências científicas de que a capacidade de neutralização da CoronaVac contra a variante Ômicron é maior do que a capacidade das vacinas baseadas em proteína S. A consequência disso é que as vacinas inativadas, como a CoronaVac, resistem mais às variantes. A CoronaVac forma anticorpos contra pelo menos 16 proteínas, enquanto as vacinas de proteína S atuam contra uma única proteína, a Spike. Países como Brasil, Chile e outros que usaram em grande parte a CoronaVac não sofreram um grande impacto pela variante delta, enquanto os países que usaram outros imunizantes tiveram um grande impacto tanto com a delta quanto agora com a Ômicron.

Entretanto, alguns especialistas apontam a falta de dados para que seja possível afirmar que duas doses da CoronaVac seriam suficientes para neutralizar a Ômicron, e ressaltam a importância de esperar que o estudo seja revisado. O doutor em microbiologia Atila Iamarino, por exemplo, foi um dos que se posicionaram a respeito: "Tem algumas etapas cruciais de revisão por pares faltando".

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Na coletiva, Dimas também mencionou uma pesquisa da Universidade do Chile que indica que três doses da CoronaVac foram capazes de ativar a resposta imune celular contra a variante Ômicron. No entanto, esse estudo ainda não foi publicado.

Ainda neste mês, um estudo preliminar publicado na plataforma medRxiv apontou que duas doses da CoronaVac não conseguiram neutralizar a Ômicron. Por sua vez, quando combinada com duas doses de reforço da Pfizer, houve a proteção adequada.

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Fonte: Agência Brasil, ButantanEmerging Microbes & Infections