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Estas são as vacinas da COVID-19 na reta final de testes; saiba tudo sobre elas!

Por| 23 de Setembro de 2020 às 14h20

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Karolina Grabowska/Pexels
Karolina Grabowska/Pexels

Contra a pandemia da COVID-19 que já afetou, diretamente, mais de 60 milhões de pessoas e implicou em 1,4 milhão de óbitos, segundo a plataforma da Universidade Johns Hopkins, o mundo aposta em uma vacina eficaz e segura contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Nesse cenário, pesquisadores e cientistas trabalham 24 horas por dia no desenvolvimento de um imunizante contra a infecção e, hoje, já colhemos posssíveis resultados.

Na corrida por uma vacina contra a COVID-19, são mais de 200 imunizantes, em processo de desenvolvimento e testes, conforme os últimos dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) neste mês. Do total, mais de 65 já estão sendo testados em humanos, sendo que 13 estão na terceira e última fase antes da aprovação. Segundo o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, "há a esperança de que tenhamos uma até o fim deste ano" uma vacina eficaz e segura contra a COVID-19. Entretano, o desafio será a distribuição do imunizante.

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Todo esse processo de desenvolvimento de uma fórmula segura e eficaz começou, em partes, ainda em janeiro, quando cientistas sequenciaram o genoma de algumas cepas (tipos) do coronavírus SARS-CoV-2. Em março, inciaram os primeiros testes, bastante restritos, em humanos. Agora, milhares de voluntários, pelo mundo, já receberem uma das possíveis candidatas a vacina contra a COVID-19.

Especificamente, quatro testes de eficácia acontecem, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil. Isso porque ainda há uma intensa circulação do coronavírus por aqui e, como veremos adiante, este é um item fundamental para que as pesquisas sejam concluídas de forma mais rápida.

Em condições normais de saúde pública, uma vacina levaria, em média, cinco anos para ser desenvolvida nos parâmetros de segurança e eficácia necessários, incluindo as três fases de testes clínicos. Diante da emergência imposta pela COVID-19, o tempo deve se reduzir para um e, no máximo, um ano e meio. Ou seja, nos próximos meses assistiremos ao início das campanhas de vacinação.

Como funciona a pesquisa para uma vacina?

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Neste intervalo de alguns meses para o desenvolvimento de um imunizante, são investigadas milhares de fórmulas potencialmente eficazes in vitro. Depois, são selecionadas as que melhor se saíram nos testes em laboratório e, posteriormente, experimentadas em animais. Por fim, as potenciais vacinas começam a ser testadas em pequenos grupos humanos até chegarem em milhares de pessoas para se garantir a segurança e capacidade de evitar infecções.

No caso específico da COVID-19 e a partir do sequenciamento do coronavírus, a maioria das candidatas procura formas de inativar as proteínas spike — encontradas na membrana deste agente infeccioso e representadas em vermelho na imagem — através das quais o vírus faz aderência e invade as células humanas. Isso significa que, caso consigam desenvolver anticorpos contra essa parte do vírus, ele não conseguirá desencadear uma infecção, quando chegar ao organismo.

Além disso, os cientistas verificaram que mesmo que haja mutações do coronavírus, até o momento, não foram identificadas alterações específicas nesta proteína, ou seja, parece ser uma parte estável na sua estrutura viral. Por isso, é um bom identificador do agente infeccioso e pode funcionar como "alvo" dos anticorpos.

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Fase pré-clínica

É primeira parte da pesquisa, onde as possíveis fórmulas são testadas em laboratório, ou seja, in vitro. Caso demonstrem eficácia, os pesquisadores testam a potencial vacina em modelos animais, principalmente em roedores (como camundongos e ratos) e primatas não humanos (macacos). Mesmo que os organismos sejam diferentes dos humanos, esta etapa revela uma noção de quais serão as reações esperadas.

Uma vantagem dos experimentos com animais é que, com esse grupo, é possível inocular um roedor, por exemplo, com o coronavírus SARS-CoV-2. Isso é proibido nos testes em humanos. A partir do procedimento, os pesquisadores podem descobrir se, de fato, a fórmula ativa o sistema imunológico da forma correta e protege contra a COVID-19.

Fase 1

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É a primeira vez que humanos, em um número reduzido — cerca de dezenas —, entram em contato com a candidata a vacina. Esta é considerada, então, uma avaliação preliminar da segurança do imunizante, feita com voluntários adultos saudáveis e que são monitorados de perto. A ideia é entender a toxicidade e possíveis efeitos colaterais, além de se começar a compreender qual tipo de resposta imune o corpo produz.

Fase 2

Agora, o estudo clínico inclui centenas de voluntários e a potencial vacina é administrada a pessoas com características mais diferenciadas, como idade. Então, continua a ser avaliada a segurança da vacina, mas também a imunogenicidade, ou seja, a capacidade da proteção e marcadores de imunidade. Além disso, se avalia a dosagem e a forma como deve ser administrada.

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Fase 3

Última etapa antes da aprovação, o ensaio clínico é feito em larga escala, com milhares de indivíduos e de diferentes populações, para uma avaliação mais definitiva da eficácia e segurança. Aqui, além de se continuar a investigar todos os outros fatores, como efeitos colaterais, a ideia é confirmar o seu efeito de proteção contra o coronavírus.

Dessa forma, essas milhares de pessoas são divididas em dois grupos, sendo que um receberá a vacina e o outro, um placebo (substância sem conexão com a COVID-19), no chamado estudo randomizado. Assim, os pesquisadores avaliam qual dos dois grupos fica mais doente — trabalhando com a hipótese de que os voluntários vacinados fiquem menos doentes.

Entretanto, caso não haja uma circulação intensa da doença na região, esta etapa pode levar anos, já que depende de cálculos estatísticos com base no número de pessoas que adoeceram. Isso porque, diferente dos animais, pessoas não podem ser contaminadas, de forma proposital, com o vírus, para testar a eficácia de um medicamento.

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Aprovação

Após a terceira etapa, agências reguladoras de cada país — no Brasil, a Anvisa — revisam os resultados de cada fase para aprovação de uma nova vacina. Mesmo com a autorização, os pesquisadores seguem acompanhando as milhões de pessoas que terão, então, acesso ao medicamento, já que é possível encontrar alguns efeitos colaterais raros, ainda não identificados.

Diante da pandemia da COVID-19, alguns países liberaram que vacinas recebessem uma autorização de uso emergencial, antes de obter a aprovação formal e da conclusão de toda a pesquisa. Mesmo que efeitos colaterais e menor eficácia do produto sejam possíveis, essas autoridades acreditam que a necessidade de proteger a população é mais importante que os eventuais riscos. Esses são os casos da Rússia e da China.

Vacinas testadas atualmente em humanos (em Fase 3)

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Oxford

A vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, utiliza a plataforma vetor-viral não replicante. Para isso, é usado um adenovírus, encontrado em chipanzés, conhecido por chamado ChAdOx1. Esse adenovírus é editado geneticamente e tem incluído, em seu material genético, a proteína spike do novo coronavírus. Bastante estável, essa fórmula pode ser armazenada em freezer comuns, entre 2°C e 8°C.

Na fase 3, os testes com duas doses acontecem também no Brasil com 10 mil pessoas, coordenados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Recentemente, o estudo clínico foi pausado brevemente para investigar um suposto efeito adverso grave, mas já foi retomado. De acordo com os últimos dados apresentados pela pesquisa, ainda não publicados, sua taxa de eficácia pode chegar até 90%, dependendo da dosagem. Segundo levantamento do jornal O Globo, o custo estimado por dose está entre R$ 16 e R$ 22.

Sinovac

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A empresa chinesa Sinovac desenvolve o seu imunizante, conhecido como CoronaVac, a partir de fragmentos do coronavírus inativados (quando o vírus está "morto") com duas doses do imunizante. A vacina pode ser armazenada em freezer comuns, entre 2°C e 8°C. Atualmente, a vacina tem autorização de uso emergencial apenas na China. De acordo com estudos ainda não divulgados, a CoronaVac desenvolveu anticorpos em 97% dos voluntários.

No Brasil, os estudos de fase três foram ampliados para 13 mil voluntários, incluindo quem já teve infecção prévia pelo coronavírus e idosos. No total, 16 centros de pesquisa brasileiros estão envolvidos no estudo clínico nacional, liderado pelo Instituto Butantan, em São Paulo. Inclusive, as primeiras 120 mil doses já chegaram ao país e estão em um armazém secreto. No entanto, só serão distribuídas após a aprovação da Anvisa. O custo estimado por dose é de R$ 56.

Vacina Sputnik V

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O Instituto de Pesquisa Gamaleya, parte do Ministério da Saúde da Rússia, desenvolveu uma potencial vacina que atua de forma dupla na proteção contra o coronavírus, a partir da plataforma de vetor-viral não replicante, em duas doses. Para garantir uma imunidade mais duradoura, os pesquisadores apostam no uso combinado de dois tipos diferentes de vetores de adenovírus (rAd26 e rAd5), ambos conhecidos por causar um resfriado comum em humanos. Na Sputnik V, os dois vírus são editados geneticamente e têm incluído no material genético a proteína spike do coronavírus. Estável, a fórmula pode ser armazenada em freezer comuns, entre 2°C e 8°C.

No país de origem, a vacina composta por dois adenovírus humanos editados já tem autorização de uso emergencial. No Brasil, tanto o governo do Paraná quanto o da Bahia já firmaram parceria de cooperação técnica e científica para iniciar os testes, mas ainda aguardam aprovação da Anvisa. Segundo dados preliminares, o imunizante obteve uma taxa de eficácia de 94% a 95%. Já o valor estimado por dose é de R$ 54.

Além desta fórmula, a Rússia fala em uma segunda vacina contra a COVID-19, em testes, com humanos. No entanto, nenhum detalhe ou estudo científico foi publicado.

Pfizer

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Desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer com a empresa de biotecnologia alemã BioNTech, a potencial vacina contra a COVID-19 depende de duas doses. O imunizante carrega um RNA mensageiro (mRNA) — uma tecnologia inédita para a ciência — que estimula o organismo a produzir uma proteína específica do coronavírus. Depois de produzida, o sistema imunológico pode reconhecer ela como um antígeno e, assim, cria imunidade contra a doença.

Um dos grandes desafios desta fórmula é o transporte, isso porque precisa ser armazenada em temperaturas muito baixas, de -70°C, o que nem sempre é viável em algumas regiões do planeta. Para isso, a farmacêutica estuda uma série de iniciativas. Por outro lado, a eficácia é de 95%, o que é considerado excelente no universo das vacinas. No Brasil, o Centro Paulista de Investigação Clínica (CEPIC) teste a vacina em duas mil pessoas. A dose deve custar aproximadamente R$ 106.

Moderna e NIH

A farmacêutica norte-americana Moderna trabalha em uma vacina com RNA mensageiro (mRNA), de forma similar ao potencial imunizante da Pfizer, para a produção de proteínas virais do coronavírus no corpo humano, depois de duas doses. A pesquisa tem parceria com o National Institutes of Health (NIH), o maior centro de pesquisa biomédico dos EUA. Com a mesma técnica inovadora das vacinas de mRNA, as doses precisam ser armazenadas em temperaturas de -20°C. Segundo dados preliminares, a eficácia dessa vacina em proteger contra o coronavírus é de 94,5%. Entretanto, o custo estimado por dose está entre R$ 136 e R$ 201.

Vacinas disponíveis no Brasil?

Até aqui, todas as potenciais vacinas apresentadas têm algum tipo de acordo, nem que seja em andamento. Por exemplo, a Vacina de Oxford está acordada com o Ministério da Saúde, enquanto a CoronaVac foi negociada pelo Governo do Estado de São Paulo. Para a primeira, o prazo mais otimista de chegada das primeiras doses é ainda em janeiro e, ao longo do ano, a Fiocruz deve produzir 130 milhões de doses. Agora, a CoronaVac também deve iniciar suas campanhas de vacinação em janeiro com, inicialmente, 46 milhões de doses.

Já a Sputnik V fechou acordos com o Governo do Paraná e da Bahia, podendo chegar no país ainda no primeiro semestre. No entanto, o instituo russo responsável não deu entrada na documentação necessária para liberação da vacina, o que pode prolongar esses prazos.

Quanto ao imunizante da Moderna, ela poderá ser oferecida via consórcio COVAX Facility, coordenado pela OMS, do qual o Brasil é integrante, mas não é possível estimar um prazo por enquanto. Em andamento, está as tratativas para a fórmula da Pfizer contra a COVID-19, ainda sem previsão de entrega.

Mais vacinas contra a COVID-19 em produção

Johnson & Johnson

A candidata da farmacêutica da Johnson & Johnson, a Janssen, adota uma plataforma vetor-viral não replicante. Na fórmula contra a COVID-19, o adenovírus Ad26 é modificado para não se replicar mais e é editado para carregar a proteína spike do coronavírus. A previsão é que os testes de fase 3 englobem 60 mil participantes que deverão receber, por enquanto, uma única dose do imunizante. No Brasil, os testes serão realizados em 7 mil brasileiros.

Vacina BCG

Responsável por prevenir formas graves de tuberculose, a vacina BCG tem efeitos contra a COVID-19 investigados por pesquisadores australianos. Atualmente, o Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch investiga se o imunizante, conhecido oficialmente pelo nome de Bacillus Calmette-Guerin (BCG), protege parcialmente contra o coronavírus. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deve iniciar um teste com três mil profissionais da saúde com o imunizante, assim que houver liberação de pesquisa pela Anvisa.

CanSino

A farmacêutica chinesa CanSino Biologics desenvolveu uma vacina baseada em um adenovírus humano, conhecido como Ad5, em parceria com o Instituto de Biologia da Academia de Ciências Médicas Militares do país. Além de não ser replicante, esse vírus é editado e recebe parte do material genético do coronavírus. A fórmula já recebeu aprovação emergencial de uso na China.

Sinopharm

A farmacêutica chinesa Sinopharm testa uma potencial vacina com o coronavírus inativado ("morto"), desenvolvida pelo Instituto de Produtos Biológicos de Pequim. Nos Emirados Árabes Unidos, o imunizante já recebeu aprovação emergencial de uso, direcionada para os profissionais de saúde do país.

Vacina de Wuhan

Na China, o Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan — localizada na província considerada como o primeiro epicentro do coronavírus no mundo — desenvolveu uma vacina com vírus inativado ("morto"). A pesquisa é liderada pela estatal chinesa Sinopharm e o imunizante já recebeu autorização de uso emergencial também nos Emirados Árabes Unidos.

Medicago

A canadense Medicago, com incentivos da produtora de tabaco Philip Morris e da farmacêutica GSK, desenvolve uma nova vacina a partir de uma planta chamada Nicotiana benthamiana, também conhecida como tabaco selvagem. Durante o processo, o vegetal é editado geneticamente e "aprende" a produzir proteínas similares ao do coronavírus, ou seja, ela se torna uma produtora de matéria-prima para o imunizante e que será agregado a outros compostos químicos na fórmula. Em fase 2/3 de testes, a pesquisa busca englobar cerca de 30 mil voluntários, principalmente, na América do Norte.

Vacina Covaxin

Em colaboração com o Conselho Indiano de Pesquisa Médica e o Instituto Nacional de Virologia, a empresa indiana Bharat Biotech desenvolve a vacina Covaxin, que adota o uso do coronavírus inativado ("morto"). Este é o primeiro (e até agora único) imunizante contra a COVID-19 desenvolvido na Índia e já testado em humanos. Os resultados de fase 3 devem ser disponibilizados no início de 2021 e a farmacêutica planeja a distribuição das doses em junho.

Novavax

Desenvolvido pela farmacêutica norte-americana Novavax, a vacina NVX-CoV22373 deverá ser distribuída em duas doses para promer a imunização do paciente. Em andamento, o estudo clínico de fase 3 envolve 10 mil voluntários entre 18 e 84 anos, no Reino Unido. Em breve, testes também devem começar nos EUA. Quanto ao seu funcionamento, o imunizante carrega proteínas S do coronavírus, anexados em partículas microscópicas, que podem desencadear uma resposta imunológica no organismo. Além disso, também conta com uma substância que estimula as células imunológicas do paciente, o adjuvante Matrix-M.

Fonte: Anvisa, OMS, O Globo (1) e (2)New York Times, GuardianWashington Post,G1 e Raps