Cientistas implantam chips do tamanho de um grão de sal em cérebros de ratinhos
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 22 de Setembro de 2021 às 20h20
Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de Brown buscam por novas formas de estudar o cérebro humano. Para essa empreitada, os cientistas desenvolveram minúsculos microchips — do tamanho de um grão de sal —, projetados para serem espalhados pela superfície do cérebro. Por enquanto, a tecnologia é validada em pesquisas com animais, mais especificamente, em roedores.
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Os neurossensores foram apelidados de "neurograins", em uma alusão ao tamanho da nova tecnologia. Essa dimensão reduzida é necessária, porque o objetivo é que os chips sejam espalhados por todo o tecido, onde poderão registrar a atividade cerebral. Dessa forma, não poderão ocupar muito espaço. Inclusive, um artigo sobre o invento já foi publicado na revista científica Nature Electronics.
“Cada grão tem microeletrônica suficiente para que, quando embutido no tecido neural, possa 'ouvir' a atividade neuronal por um lado e, então, também posse transmiti-la como um pequeno rádio para o mundo exterior”, explica Arto Nurmikko, neuroengenheiro da universidade norte-americana e principal autor do estudo.
Chips já foram instalados no cérebro de roedores
Por enquanto, a equipe de cientistas implementou os "neurograins" em roedores, mas espera fazer o mesmo em humanos em breve. No experimento com o modelo animal, 48 chips foram instalados no córtex cerebral de um rato, enquanto estava sob o efeito de uma anestesia.
A partir dos sensores, foi possível registrar a atividade cortical do animal, só que os pesquisadores descobriram que a qualidade do sinal não era tão boa quanto a dos chips usados na maioria das interfaces cérebro-máquina [BCIs] existentes. Dessa forma, há uma frente da pesquisa voltada para melhorar, especificamente, o aparelho. Em paralelo, os testes em animais seguem.
A próxima etapa é testar os chips em roedores que estão acordados e, potencialmente, em movimento. Em seguida, os estudos acompanharão as atividades cerebrais de macacos. Caso tudo ocorra conforme o esperado, a tecnologia será validada em humanos e a ciência dará um importante passo na compreensão do funcionamento da mente.
De acordo com Nurmikko, o entendimento hoje é de que 770 chips poderão ser implantados no cérebro humano, quando os testes forem considerados seguros. Nesse momento, as descobertas poderão ajudar a entender como doenças neurológicas graves, como Parkinson, paralisia ou epilepsia, acontecem. Muito provavelmente, novos tratamentos surgirão desses insights.
Para acessar o artigo científico sobre os chips, clique aqui.
Fonte: Futurism