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Cientistas descobrem regras simples que permitem edição precisa de genes humanos

Por| 13 de Dezembro de 2018 às 19h50

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Cientistas descobrem regras simples que permitem edição precisa de genes humanos
Cientistas descobrem regras simples que permitem edição precisa de genes humanos

Uma equipe de cientistas do Francis Crick Institute, na Inglaterra, descobriu que uma regra simples pode ser aplicada à técnica CRISPR de edição genética, permitindo uma edição precisa nos genes humanos. Tais regras podem ajudar a melhorar a eficácia e a segurança da técnica tanto em laboratório, quanto na medicina clínica.

Ainda que a técnica CRISPR já venha sendo empregada amplamente em estudos, a tecnologia é dificultada pois o resultado da edição do genoma acaba sendo imprevisível, em muitos casos, resultando em deleções aleatórias ou inserções de regiões de DNA indesejadas. Então, para que a técnica seja aplicada com a devida segurança fora dos laboratórios, é preciso ter certeza de que será possível prever, com precisão, como o DNA será modificado. E parece que foi exatamente isso o que a equipe em questão conseguiu realizar.

Conforme explica Paola Scaffidi, líder do grupo que realizou ou estudo, "até agora, a edição de genes com CRISPR envolvia muitas adivinhações, frustrações, e tentativa e erro; os efeitos do CRISPR foram considerados imprevisíveis e aparentemente aleatórios, mas analisando centenas de edições, ficamos chocados ao descobrir que existem padrões simples e previsíveis por trás de tudo". Também segundo a cientista, "isso mudará fundamentalmente a maneira como usamos o CRISPR, permitindo-nos estudar a função do gene com maior precisão e acelerar significativamente nossa ciência".

As tais regras descobertas pela equipe dependem principalmente de uma "carta" genética que ocupa uma posição específica na região que é conhecida como RNA-guia, para direcionar a enzima Cas9, chamada de tesoura molecular. Os RNAs-guias são moléculas sintéticas que são compostas por cerca de 20 letras genéticas (A, T, C, G), que se ligam a uma seção específica do DNA do gene-alvo. Cada uma dessas letras genéticas tem um parceiro complementar — por exemplo, a letra A se liga à T, enquanto a C se liga à G. Então, o RNA-guia age como um "gancho" para que as letras de liguem.

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Já a enzima Cas9 "varre" o genoma até encontrar sua região de interesse, e quando o RNA-guia coincide com a sequência correta de DNA, a Cas9 é aderida e corta o DNA, que é quebrado e, então, aceita a inserção ou exclusão de parte do código genético. E, no estudo em questão, os pesquisadores descobriram que o resultado de uma edição específica depende da quarta letra do final do RNA-guia.

Ainda, a equipe descobriu que se a "carta" é uma letra A ou T, a inserção genética será muito mais precisa, enquanto a letra C permite uma deleção relativamente precisa, e a G é a letra que leva a exclusões imprecisas. Sendo assim, basta evitar trechos do código contendo a letra G para que a edição do genoma seja mais previsível.

"Ao considerar essas regras para projetar nossos RNAs-guias, podemos maximizar as chances de obter o resultado desejado de uma edição de gene específica, o que é particularmente importante em um contexto clínico", declarou o Dr. Anob Chakrabarti, que participou do estudo.

Fonte: Phys.org