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Ciência ainda derrapa em estudar consequência de smartphones para o ser humano

Por| 18 de Janeiro de 2019 às 08h00

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Ciência ainda derrapa em estudar consequência de smartphones para o ser humano
Ciência ainda derrapa em estudar consequência de smartphones para o ser humano

No último ano, empresas passaram a buscar soluções para ajudar usuários a entenderem o uso que fazem de smartphones e até calcularem o tempo de tela. Tais ferramentas passaram a ser incluídas tanto no iOS 12 quanto no Android 9 Pie. Contudo, será que ficar tanto tempo na frente do smartphone é realmente prejudicial, sobretudo para os mais jovens? O jornalista Casey Newton, do The Verge acredita que a ciência ainda não consegue definir isso.

Ele levanta uma matéria da Wired, a qual aponta que a maioria das pesquisas relacionadas ao tema são de dados chamados de auto-relatados, ou seja, apenas uma correlação de dois fatores.

Um bom exemplo de que como esta técnica pode simplesmente gerar conclusões precipitadas é uma brincadeira do escritor Matheus Laneri. Ele fez uma postagem no Medium chamada Como Neymarquezine, André Marques e o Exaltasamba explicam a economia BR, no qual aponta que fatos importantes na vida do casal Neymar e Bruna Marquezine, de André Marques, e da banda Exaltasamba aconteceram em dias de disparada do dólar ou aumento do risco Brasil. Com isso, ele chega à conclusão de que estes são os três fatores que regem a economia nacional. Claro, trata-se apenas de um post irônico com o objetivo de fazer uma piada (e viralizar em cima disso), mas ajuda a lembrar que, por vezes, dados correlatos não significam diretamente causa e consequência.

Voltando às pesquisas relacionadas à consequência de uso de smartphones, por conta deste problema, uma nova pesquisa da Nature buscou uma outra abordagem para as informações. Eles usaram um método chamado especificação de curva de análise, cuja proposta é analisar ao mesmo tempo centenas de variáveis, criando correlações entre elas.

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Com isso, a pesquisa chegou a três informações: a primeira de que pequenas mudanças na abordagem pode criar resultados completamente diferentes. Segundo, que a correlação entre uso de smartphones e bem-estar não se comprovou. Por fim, ainda há uma variação de apenas 0,4% dos resultados para os mais jovens. Em resumo, o líder da pesquisa Andrew Przybylsk acredita que a tecnologia “está associada com bem estar tanto quanto comer batatas”.

Outro ponto levantado pelo jornalista é que grande parte dos problemas que os estudos apontam relacionados ao uso de tecnologias estão também associados a questões externas a elas. Por exemplo, um estudo apontou que o bullying sofrido por estudantes na Austrália fora do ambiente da internet incorria geralmente também em bullying online. Ou seja, extrapolando da questão meramente virtual.

Outra questão que ele aponta é que, sobretudo para os jovens, ainda é cedo para dizer como isso pode influenciar a vida das pessoas em todo mundo. Ele lembra que o mercado de smartphones ganhou força dentro dos telefones, em meados de 2013. Neste ano, a maioria dos aparelhos vendidos no mundo já poderiam se considerar smart, ou pelo menos traziam conexão com internet móvel e Wi-Fi. Com isso, Newton argumenta que são apenas 5 anos de influência e que, por mais que se possa dizer que o mundo online faz parte da nossa vida, ainda é pouco tempo para ter tanto peso.

O jornalista ainda versa sobre benefícios para democracia e vida social em seu texto, que pode ser conferido no The Verge.

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Fonte: Nature, Wired, Governo Australiano, The Verge