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Coronavírus: como a China está construindo dois hospitais em apenas 10 dias?

Por| 30 de Janeiro de 2020 às 16h20

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A China começou a construção, na semana passada, de dois novos hospitais — um com mil e e outro com 1.000 e 1.300 leitos — para tratamento de pacientes infectados com o coronavírus. Para suprir a demanda, o país está investindo em uma estrutura que deve colocar os prédios de pé em um prazo assustador de apenas 10 dias. Mas como isso é possível?

A rede estatal está transmitindo o trabalho de construção dos novos espaços pelo YouTube. Serão dois prédios, um chamado Wuhan Houshenshan Hospital, com uma área de 25 mil metros quadrados e com capacidade de mil leitos. É este que o governo espera que esteja pronto em 3 de fevereiro.

O segundo se chama Leishenshan Hospital, com 30 mil metros quadrados e mais 1.300 leitos. A expectativa é de que seja finalizado em 5 de fevereiro. Ambos os prédios ficam na região de Wuhan, separados por 40 quilômetros um do outro.

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A dúvida que paira sobre o projeto é: como alguém consegue fazer dois empreendimentos tão grandes em apenas uma dezena de dias?

Além de muito investimento, o segredo está na tecnologia de arquitetura de pré-fabricação. Isso significa que, após aprovado o projeto, feito em computadores, todo o prédio é pré-construído (provavelmente em concreto pré-moldado) fora do espaço de construção, depois trazido para, de forma simples, ser apenas montado no local onde ficará — como se fossem blocos gigantes em uma plataforma de Lego, resguardadas as devidas proporções da vida real e dos cuidados.

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Com isso, a parte mais demorada e trabalhosa, como explica o site Architeture Digest, fica por conta da terraplanagem do espaço. Os vídeos divulgados pela rede estatal mostram perto de uma centena de tratores fazendo o ajuste do terreno para que a construção aconteça em tempo recorde.

Desafios

Tudo é muito rápido, mas em contrapartida, ambos os hospitais não podem ser muito complexos. Segundo James Crispino, líder da empresa Gensler, que está gerenciando a obra, o prédio não terá tantos espaços diferentes. “A intenção é isolar as pessoas do coronavírus. Já que esta é a única proposta, este não é um hospital no senso convencional. Este hospital vai ter capacidades de atendimento e triagem, imagem, laboratório clínico, uma farmácia e salas de isolamento, mas nada mais que isso”, disse Crispino.

O foco, portanto, está na capacidade de ter uma boa ventilação para que o coronavírus seja isolado, uma vez que esta é a principal via de transmissão. “Doenças transmissíveis pelo ar são melhor controladas levando pacientes para salas de isolamento, com uma antessala para limpeza de roupa e mãos”, conta o arquiteto.

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Além disso, há também a necessidade de estes espaços terem uma pressão negativa em relação aos quartos adjacentes, exatamente para que o fluxo de ar seja para dentro, e não para fora.

O projeto está sendo inspirado em outro caso de 2003, quando o governo chinês criou um hospital para combater um surto de SARS (síndrome respiratória aguda grave) na região. Na época, o Xiaotangshan Hospital foi colocado de pé em apenas sete dias, destacando-se como o prédio deste porte mais rapidamente construído da história.

Na época, 4 mil pessoas trabalharam na obra dia e noite para que a construção fosse colocada de pé.

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Nesta nova empreitada, ainda não há informações sobre quantos trabalhadores estão envolvidos. A expectativa é de que ambos espaços recebam pacientes de 12 regiões diferentes do país.

Fonte: Architeture Digest,Business Insider, BBC, Associated Press