ButanVac: nova fase de testes deve recrutar 4,5 mil voluntários
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 03 de Junho de 2022 às 12h30
Após concluir a primeira fase dos estudos clínicos da vacina ButanVac, a equipe de cientistas do Instituto Butantan começa a organizar as fases 2 e 3. Para avaliar a segurança e a eficácia do potencial imunizante contra a covid-19 como dose de reforço, até 4,5 mil voluntários poderão participar dos testes.
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Na última segunda-feira (30), a equipe de cientistas da ButanVac apresentou os resultados da fase 1 dos ensaios clínicos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Estes dados mostraram que a vacina é segura e induz produção de anticorpos, mas ainda não foram publicados em uma revista científica e nem passaram pela revisão por pares.
No momento, "a Anvisa concordou com a submissão do protocolo do estudo clínico de fase 2 e 3", explicou o Butantan, em comunicado. Até o momento, não foi divulgada a data oficial para o início dos próximos estudos.
Avanço nos estudos da vacina do Butantan
Vale explicar que o objetivo dos testes é entender se a vacina do Butantan pode ser usada, de forma segura e eficaz, como dose de reforço até 2023. Na fase 2 dos estudos clínicos, cerca de 400 participantes maiores de 18 anos, sendo 50% idosos, devem receber uma dose de reforço da ButanVac ou da Pfizer.
Agora, na fase 3, serão avaliados três diferentes lotes da ButanVac em cerca de 4 mil voluntários adultos, sendo 20% idosos. Os indivíduos serão vacinados com um dos três lotes — sendo cada um com uma dosagem específica — ou com a vacina da Pfizer. A ideia é comparar a capacidade de proteção entre os diferentes imunizantes.
Quem poderá participar dos testes contra covid?
Para participar dos estudos do Butantan, os voluntários devem ter mais de 18 anos, serem saudáveis e terem, obrigatoriamente, completado o primeiro esquema vacinal contra a covid-19 (duas doses) há pelo menos 120 dias. Também poderão ser recrutados aqueles que já receberam alguma dose de reforço.
Nas próximas etapas, não serão selecionadas "pessoas com qualquer doença ativa ou condição que aumente o risco de ter resultado adverso, como imunossuprimidos e gestantes", explica a equipe da ButanVac. A segurança das doses é observada nesses grupos somente após a conclusão destes testes iniciais.
Onde acontecem os estudos?
Os testes de fase 2 e 3 da ButanVac envolverão diferentes cidades brasileiras, buscando abranger a diversidade genética do país. A seguir, confira os locais dos testes:
- Fase 2: as cidades Valinhos e São Caetano, no estado de São Paulo, e cidade do Rio de Janeiro.
- Fase 3: as cidades Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Ribeirão Preto (SP), São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), São Paulo e Recife (PE).
Como funciona a vacina ButanVac?
Para imunizar contra o coronavírus, a ButanVac adota um vírus responsável pela Doença de Newcastle (DNC) — que não provoca sintomas em seres humanos, mas atinge aves — como vetor viral inativado. Dessa forma, o vírus da DNC é editado geneticamente e tem incluído no seu material genético fragmentos do vírus da covid-19 para que, assim, desencadeie uma resposta imunológica contra o coronavírus no futuro.
Na pandemia da covid-19, a estratégia do vetor viral também foi adotada pela vacina Covishield (Oxford/AstraZeneca/Fiocruz) e pela fórmula da Janssen (Johnson & Johnson). A tecnologia também já é muito usada pelo Butantan, mas para a produção de vacinas contra a gripe (influenza).
Fonte: Instituto Butantan