AstraZeneca pode adaptar sua vacina para evitar risco de trombose, dizem fontes
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 14 de Julho de 2021 às 09h35
É possível que pesquisadores da farmacêutica AstraZeneca e da Universidade de Oxford, no Reino Unido, comecem estudos para reduzir os riscos de um efeito adverso raro que pode ser desencadeado pela vacina Covishield contra a COVID-19. Oficialmente, a possibilidade não foi confirmada pelos responsáveis da vacina contra o coronavírus SARS-CoV-2, mas fontes da Bloomberg confirmam análises sobre como reduzir o risco de trombose.
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Segundo informações apuradas pela agência, os cientistas da vacina AstraZeneca/Oxford estariam desenvolvendo uma pesquisa, ainda em estágio inicial, para saber se a fórmula contra a COVID-19 poderia ser ajustada, de alguma forma, para reduzir ou eliminar o risco do efeito colateral. Em questão, a reação indesejada é conhecida como trombose em combinação com trombocitopenia (TTS).
Casos de trombose e a vacina da AstraZeneca
A trombose com trombocitopenia é uma condição rara e grave, potencialmente fatal. Por isso, requer tratamento médico imediato. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), "pacientes de todas as idades e de ambos os sexos podem desenvolver essa síndrome e, atualmente, não há um sinal claro de fatores de risco associados ao evento".
No caso de suspeita, uma série de sintomas pode servir de alerta para investigação de eventos trombóticos, como: falta de ar; dor no peito; inchaço ou dor nas pernas; dor abdominal persistente; e sintomas neurológicos, incluindo dores de cabeça graves. Nestas circunstâncias, o diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais.
Após a confirmação da associação entre os casos de trombose e a imunização com doses da vacina da AstraZeneca, alguns países suspenderam o uso do imunizante no início deste ano. Por outro lado, alguns países, como o Reino Unido, apenas alteraram as orientações e limitaram o uso da vacina a determinadas faixas etárias consideradas de menor risco. No caso britânico, a maioria dos casos surgiu após a primeira dose da vacina. Até o final de junho, 399 casos foram relatados ao regulador britânico, incluindo 71 óbitos.
Reações adversas no Brasil
No final de junho, a Anvisa confirmou o registro de casos raros de trombose associados a vacinas contra a COVID-19 com vetor de adenovírus, como a da AstraZeneca/Oxford e da Janssen (braço farmacêutico da Johnson & Johnson). No entanto, a agência não detalhou o número exato de casos, a conclusão dos mesmos e a relação de eventos com cada um dos imunizantes autorizados.
No Comunicado 6/2021, foi descrito que os imunizantes de vetor viral "já contêm em suas bulas informações sobre este tipo de evento adverso" e que "o diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais nesses casos". Mesmo com a confirmação dos casos raros de trombose, a Anvisa reforça que, até o momento, os benefícios das vacinas superam os riscos do uso desses produtos e, por isso, mantêm a recomendação. No entanto, o uso dessas fórmulas está suspenso para gestantes, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde.
Fonte: Bloomberg