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GE é acusada de escândalo contábil de US$ 38 bilhões

Por| 22 de Agosto de 2019 às 11h00

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GE é acusada de escândalo contábil de US$ 38 bilhões
GE é acusada de escândalo contábil de US$ 38 bilhões

A GE está sendo acusada de cometer uma fraude contábil no valor de US$ 38 bilhões, no que pode ser o maior escândalo desse tipo já registrado. O total é equivalente a cerca de 40% do valor de mercado da companhia, que teria sido ocultado em registros e relatórios financeiros, como forma de ocultar dos investidores a verdadeira saúde da empresa, que se encontra próxima da insolvência.

A denúncia foi feita por Harry Markopolos, especialista financeiro que ficou conhecido após denunciar o maior esquema de pirâmide da história, com valor de US$ 65 bilhões e iniciado nos anos 1960 pelo bilionário Bernie Madoff, que, atualmente, cumpre pena na prisão. Agora, ele diz ter investigado os relatórios financeiros da GE durante sete meses e aponta que a fraude contábil cometida por ela pode ser a maior já vista na história, maior até mesmo que casos notórios como os da Enron e Worldcom.

De acordo com o especialista, em um estudo de mais de 170 páginas, o principal foco do ocultamento que vem sendo realizado pela GE está em sua divisão de seguros, com os executivos diminuindo riscos e perdas financeiras registradas em contratos de longo prazo. Os comunicados regulatórios falsos também esconderiam cálculos indevidos realizados na compra de uma parcela da Baker Hughes, uma prestadora de serviços do mercado petrolífero.

Segundo os especialistas, a brecha fica ainda mais clara quando se leva em conta o que concorrentes da GE fazem com contratos semelhantes, mantendo margens bem maiores e apresentando indicações financeiras mais claras aos investidores. Foi justamente esse tipo de situação, segundo Markopolos, que levou sua investigação a focar na companhia, uma linha que surgiu durante trabalhos relacionados a outra empresa não revelada.

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Na visão de Markopolos, a GE também seria adepta de mudanças nas projeções para o futuro e na forma de apresentação de seus relatórios financeiros, como forma de dificultar a localização dos números manipulados e também a projeção de analistas de mercado. Faltaria transparência, ainda, na apresentação de despesas administrativas e valores relacionados à fabricação e venda de produtos.

Isso tudo ocorre devido, novamente, às falhas nas contas, com a GE minimizando riscos e deixando de fazer a diluição devida de prejuízos, gerando uma conta gigantesca, que acabou tendo de ser ocultada do mercado. As acusações foram publicadas por Markopolos na última semana e levaram a uma queda de 14% nas ações da GE. Os números se recuperaram nos dias seguintes, mas continuam sendo operados com uma baixa de 4% em relação aos valores originais, obtidos antes da divulgação do relatório.

Em resposta oficial, a GE negou as afirmações de Markopolos e disse que ele jamais entrou em contato com a empresa durante suas investigações. A companhia aponta, ainda, que interesses financeiros estariam por trás das alegações do especialista, com fundos de investimento interessados em uma baixa nas ações para geração de volatilidade, que levaria a uma venda dos papeis, que poderiam ser adquiridos pelos interessados abaixo do custo usual.

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Ainda, a GE disse trabalhar com a maior transparência e integridade possíveis, sem números ocultos ou problemas em seus relatórios financeiros. No comunicado, ela taxa as alegações de Markopolos como infundadas e diz lamentar que alguém sem conhecimento da estrutura interna da empresa esteja agindo em benefício próprio desta maneira.

Outros processos

O Departamento de Justiça americano também tem uma investigação em andamento tendo a GE como alvo, igualmente relacionada aos números apresentados ao mercado. Neste caso, o foco foi o anúncio de uma reserva de US$ 15 bilhões para sua divisão de seguros, com gastos que seriam diluídos ao longo dos próximos cinco anos. As práticas contábeis relacionadas a isso, e também a gastos relacionados ao segmento energético da empresa, estariam na mira do governo americano.

Caso as alegações de Markopolos sejam confirmadas em investigações oficiais, esta será a segunda vez que a GE se vê envolvida em um escândalo de fraude contábil. Em 2009, ela foi condenada a pagar US$ 50 milhões, justamente, por inflar lucros e ocultar prejuízos, passando ao mercado uma aparência de saúde financeira que não condizia à realidade. A multa foi paga em troca do encerramento do caso, sem que a companhia apresentasse provas contrárias ao que vinha sendo alegado.

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Até o momento, entretanto, um inquérito oficial sobre as afirmações do delator não foi anunciado, mas o especialista acredita que isso não deve demorar a acontecer. Em entrevista à CNN, Markopolos demonstrou dúvidas sobre a sobrevivência da GE até 2021, principalmente sob o olhar da justiça americana, uma vez que, em outros casos de fraude desse tipo, nomes como Enron e Worldcom afundaram em cerca de quatro meses. Aqui, o rombo é ainda maior, e o resultado negativo ainda permanece inestimável.

Fonte: CNN (YouTube), Business Insider