YouTube removeu 1,6 milhão de canais da plataforma no terceiro trimestre do ano
Por Rafael Rodrigues da Silva | 13 de Dezembro de 2018 às 22h40
E a Google continua sua guerra contra o conteúdo impróprio publicado em sua principal plataforma de vídeos. De acordo com o último relatório de Políticas e Segurança do YouTube, entre os meses de julho e setembro o site removeu 1,67 milhão de canais da plataforma, sendo a primeira vez que o YouTube divulga o número de canais removidos do serviço, e não apenas o de vídeos individuais que foram excluídos.
A empresa afirma que a maior parte do conteúdo removido (79,6%) foi por violar as políticas de spam e de conteúdo malicioso do site, e 12,6% foram removidos por conteúdos sexuais ou de nudez. Já os vídeos que foram removidos por estarem promovendo discursos de violência e ódio extremistas somaram apenas 1% dos conteúdos removidos, apesar de terem sido os que mais fizeram “barulho” nas redes sociais, principalmente em agosto, quando o canal do teórico da conspiração Alex Jones foi removido da plataforma depois de muita polêmica. A empresa ainda revelou que 80% dos vídeos excluídos foram detectados pelos algoritmos do site, e 74,5% destes foram removidos antes que pudessem ter qualquer visualização.
Ainda que a companhia esteja empenhada em garantir que suas Políticas de Segurança sejam seguidas à risca — o que inclui ter 10 mil funcionários dedicados a esse tarefa, que removel todos os vídeos que promovam violência ou qualquer tipo de preconceito — há um problema intrínseco ao aumento de conteúdos de teóricos da conspiração que é um pouco mais difícil de resolver: até o momento, a empresa não faz nada quanto a conteúdos que espalham desinformação, mas utilizam um discurso mais ameno.
Um dos casos mais famosos é o do “escândalo” Pizzagate, uma teoria que não possui um único resquício de verdade mas que foi o motivo para que um paranóico que acreditava nessa teoria atirasse em diversos clientes e funcionários de uma pizzaria em Washington, D.C. Mesmo com a comprovação de que essas mentiras podem gerar atos de violência real, se em nenhum momento o autor do vídeo incitar a violência em si (como falar que é preciso matar as pessoas, por exemplo), não há nada que o YouTube pode fazer para remover o conteúdo.
E o Pizzagate não é a única teoria absurda criada por esses canais de conspiração: durante testemunho para o Congresso dos Estados Unidos nesta terça-feira (11), foi citada uma teoria espalhada por canais no YouTube que afirmava que Hillary Clinton e outros políticos e celebridades ligadas ao Partido Democrata conduziam rituais nos quais matavam e bebiam o sangue de crianças. Perguntado sobre o que poderia fazer quanto a esse tipo de conteúdo sendo promovido por seu site, o CEO da Google, Sundar Pichai, se esquivou do assunto, dizendo apenas que tem se esforçado para conter campanhas de desinformação, mas que ainda há muito a ser feito. E, se eventos como o tiroteio na pizzaria começarem a se tornar comuns, o YouTube pode se ver segurando uma bomba difícil de desarmar sem sofrer danos.
Fonte: CNBC