Uganda perde 5 milhões de usuários após governo taxar uso de redes sociais

A Uganda perdeu 5 milhões de usuários desde julho de 2018 quando o governo decidiu criar uma taxa de acesso para redes sociais. Cidadãos precisam pagar cerca de R$ 0,19 por dia para entrar no Facebook, Snapchat, Twitter, WhatsApp e YouTube, e outras plataformas também foram taxadas pelo governo.

Os dados são de uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (18) pela Uganda Communications Commission (UCC). As informações mostram que apenas metade dos usuários do país estão pagando para usar as redes sociais e, com isso, o governo amargura uma receita menor do que a prevista.

Antes da criação da taxa, em julho do ano passado, cerca de 17 milhões de pessoas navegavam pela internet na Uganda, send oque, em setembro, foram registrados 13,5 milhões de usuários — e metade destes desistiu de usar as redes sociais. Isso significa que, em três meses, aproximadamente 3,5 milhões de pessoas simplesmente deixaram de usar a internet no país.

“Entre julho e setembro, tanto o número de contribuintes da OTT [sigla pela qual a taxa é conhecida] quanto os valores das receitas estavam em tendência de queda. Os números indicam como 'Total Tax Payers' aqueles que usaram serviços OTT pelo menos uma vez no trimestre, e 50,4% dos assinantes de internet estavam desfrutando das redes sociais até o final de setembro de 2018 ”, diz um comunicado da UCC.

As estatísticas divulgadas pelo UCC não são surpreendentes. O sentimento predominante em Uganda é de que o imposto foi criado para inibir a liberdade de expressão das pessoas, introduzindo uma taxa extra pelo uso das redes sociais — sem contar custos com smartphones, computadores e mensalidades da internet.

Na época da criação da taxa, o presidente da Uganda, Yoweri Museveni, disse que o imposto era uma forma de conter o "olugambo", uma palavra local para "fofoca". "Conversas de mídia social são um luxo para aqueles que estão se divertindo ou para os que são maliciosos", escreveu ele em um comunicado em 4 de julho.

Museveni ainda acrescentou que o uso de mídia social está privando Uganda de dólares americanos. Os usuários "doam dinheiro infinitamente para empresas de telefonia estrangeiras" e "são alérgicos mesmo a uma contribuição modesta para o país, cuja riqueza coletiva eles estão abusando".

Enquanto isso, o país se divide entre os usuários que cortam o uso de redes sociais, os que decidem pagar o imposto, e os que usam serviços de VPN (Virtual Private Network) para burlar a taxa.

Fonte: The Next Web, CNBC