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Moderadores do TikTok censuram vídeos indesejados para o governo chinês

Por| 25 de Setembro de 2019 às 13h00

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Reprodução / TechCruch
Reprodução / TechCruch

Documentos vazados da ByteDance, empresa responsável pelo TikTok, mostram como a companhia age em prol do governo da China ao censurar conteúdos que são desfavoráveis ao regime atual do país. Entre as publicações que devem ser retiradas do ar estão as que contenham menções aos protestos em Hong Kong, imagens da clássica manifestação na Praça da Paz Celestial ou comentários sobre a independência do Tibete.

E essa é apenas a ponta do iceberg de um manual que é entregue pela empresa aos moderadores da plataforma. De acordo com os documentos, revelados pelo The Guardian, a companhia não apenas ativamente remove conteúdos do ar ou bane usuários pelas postagens, mas também é capaz de manipular o algoritmo de forma a reduzir o alcance de publicações indesejadas, de forma a desestimular os usuários na postagem delas.

Na maioria dos casos relacionados à China, as indicações aos moderadores são escritas de forma a parecerem regras gerais da plataforma, quando uma leitura simples deixa claro se tratarem de normas a serviço do governo do país-natal da ByteDance. O manual, por exemplo, impede que “as regras sociais de um país” sejam criticadas, apenas para citar, logo na sequência, exemplos como a monarquia, o parlamentarismo e o “sistema socialista”.

A “demonização de países, regiões ou histórias” também é proibida de maneira geral no TikTok, bem como temas “controversos”. Mais uma vez, são citados exemplos diretos, que vão desde os conflitos islâmicos ou a situação da Irlanda do Norte no BrExit até, com mais ênfase, o exagero na reprodução de lutas étnicas ou questões políticas da Chechênia, Tibete e Taiwan.

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Em todos os casos acima, as postagens têm alcance diminuído, mas continuam visíveis. Postagens mais graves, entretanto, são consideradas violações e podem levar a remoção e banimento. É aqui que entra, por exemplo, a glorificação do suicídio, discurso de ódio ou a divulgação ou incitamento de atos violentos.

Fazem parte da categoria, também, figuras políticas consideradas “sensíveis” como Kim Jong-il, Mahatma Gandhi, Vladimir Putin, Barack Obama, Donald Trump e Shinzo Abe. O presidente chinês Xi Jinping, entretanto, pode ser mencionado sem maiores restrições, mas obviamente, as regras de derrubada de conteúdo contrário aos interesses chineses também se aplicam a comentários sobre ele.

O The Guardian ressalta, ainda, políticas simplesmente bizarras de moderação de conteúdo. Em uma delas, na dúvida sobre se um conteúdo constitui ou não pedofilia, a orientação é para que ela não seja considerada como tal. Em outra, o Falun Gong, que sofre repressão do governo chinês desde meados dos anos 1990, é citado como um grupo que promove o suicídio e, por conta disso, não deve ser mencionado jamais na plataforma.

Ao se pronunciar sobre o assunto, a ByteDance disse que o manual visto pela imprensa internacional está desatualizado e deixou de ser usado pela empresa em maio. As regras atuais não mencionam figuras, grupos ou minorias religiosas especificamente, enquanto as antigas são reflexo de uma postura mais dura, aplicada pela empresa nos anos iniciais do TikTok. Agora, diz a companhia, ela trabalha com times locais que tenham mais entendimento sobre realidades regionais.

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Apesar de admitir a necessidade de mais transparência sobre suas políticas de moderação e conteúdo, entretanto, a ByteDance não falou sobre as possíveis relações com o governo da China. A companhia disse apenas que a ideia é fazer com que o TikTok continue sendo um local fértil à criatividade e, a partir de agora, mais aberto à comunidade.

Fonte: The Guardian