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Lago tóxico na Rússia vira ponto turístico para influenciadores no Instagram

Por| 15 de Julho de 2019 às 11h47

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@maldives_nsk
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Depois de Chernobyl, agora é a vez de Novosibirsk se tornar o ponto preferido de influenciadores que buscam produzir belas fotos para o Instagram sem se preocuparem muito com a própria saúde. O local das imagens parece um belo lago paradisíaco, com água cristalina e muito sol, mas, na realidade, é um lixão tóxico com alta concentração de metais, que serve como depósito de rejeitos de uma central termoelétrica.

Entre casais posando com beijinhos, camisetas representando ícones da cultura pop, gente praticando yoga na areia ou navegando e até mesmo alguns nudes, estão elementos como carvão queimado, sais de cálcio e óxidos metálicos, resultantes da geração de energia da usina próxima, que abastece toda a cidade de Novosibirsk e região, que contam com 1,6 milhão de pessoas. Suas chaminés e estruturas, entretanto, são convenientemente ocultadas das imagens publicadas no Instagram, normalmente acompanhadas de sorrisos e emojis tropicais.

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A questão se tornou um problema de saúde pública para o governo da Rússia. Por mais que informe que a região não é radioativa, as águas azuladas do local podem ser nocivas ao toque, indo desde alergias a queimaduras, enquanto o fundo de areia pode ser um risco para banhistas, que podem ficar presos no local. De acordo com os frequentadores, a região exala um cheiro de detergente, algo que por si só já deveria ser um mal sinal, mas já foi citado por influenciadores como um ponto positivo do local em relação a outros pontos turísticos “instagramáveis”.

Em comunicado publicado na rede social VK, a Siberian Generating Company explica que as águas são azuis devido a um processo químico resultante da mistura das cinzas acumuladas no fundo do lago artificial, que tem dois metros de profundidade em alguns pontos, com os óxidos metálicos e sais de cálcio dissolvidos na água. Além disso, ela alerta para a alta alcalinidade do local, com PH de mais de 8, o que representa possíveis riscos à saúde.

Para a empresa que administra a termoelétrica da cidade, a popularidade do lugar se tornou um problema principalmente pelo fluxo de pessoas que vão até ali não apenas para tirar fotos, mas também nadar e realizar churrascos. Animais de estimação e seres humanos chegam a passar dias inteiros expostos à água e vapores do lago, com frequentadores que são, em sua maioria, russos, mas com uma concentração cada vez maior de turistas estrangeiros.

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O ponto nem mesmo poderia ser chamado de “lago”, já que foi criado artificialmente pelas necessidades da geradora de energia. Nada disso impediu que o local recebesse sua própria hashtag de local na rede social de fotos, onde é chamado de Maldivas de Novosibirsk. Com a popularidade, aparecem nela não apenas imagens do próprio local, mas também de eventos musicais e culturais, bem como dicas de beleza, roupas de banho ou alimentação para os frequentadores.

As autoridades esperam que o fluxo de turistas no local caia com a publicação de informações na imprensa e o mea culpa dos próprios influenciadores. Alguns deles, após publicarem as belas imagens, reportaram a seus seguidores estarem sofrendo com alergias e outras doenças de pele, desincentivando seus fãs a fazerem o mesmo. O que se percebe, entretanto, é o efeito contrário, pelo menos por enquanto, com mais e mais interesse gerando novas fotos no lugar.

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Da mesma maneira, a questão também já está virando piada, já que nada na internet é levado a sério. Alex, do perfil @tweezer_nsk, foi um dos primeiros a publicar fotos no local, dentro das águas azuis em uma boia de unicórnio. Dias depois, ele reapareceu por lá, com bandagens nas pernas e andando de muletas devido às dificuldades causadas pelas alergias. Em seu perfil, ele se autointitula como um “sobrevivente das Maldivas de Novosibirsk”.

Fonte: CNN, Siberian Generating Company (VK)