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Em depoimento, Zuckerberg foge de perguntas e pede desculpas à União Europeia

Por| 22 de Maio de 2018 às 17h11

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Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, prestou depoimento ao Parlamento Europeu nesta terça-feira (22). Diferente dos encontros no Senado e Congresso norte-americano, a sessão europeia durou apenas uma hora e meia, o que permitiu ao executivo fugir de grande parte das perguntas.

A reunião seguiu um protocolo que começou com a leitura da carta de Zuckerberg em que reconheceu que a utilização de dados pela Cambridge Analytica pode ter influenciado a decisão do Brexit, quando o Reino Unido se separou da União Europeia. “Quer se trate de notícias falsas, interferência estrangeira em eleições ou desenvolvedores usando indevidamente as informações das pessoas, não tivemos uma visão suficientemente ampla de nossas responsabilidades. Isso foi um erro e me desculpe”, disse o CEO.

A reunião seguiu com dois momentos distintos em que parlamentares fizeram perguntas. Diferente dos outros encontros com políticos de Zuckerberg, a dinâmica consistia em ouvir primeiro todas as perguntas e somente depois ele poderia respondê-las. Com isso, os políticos demoraram quase uma hora para fazer os questionamentos, deixando a Zuckerberg algo em torno de trinta minutos para responder.

Assim, ele conseguiu deixar de lado grande parte das polêmicas e respondeu um treinado discurso de relações públicas, repetindo os sistemas empregados de segurança do Facebook para evitar interferência externa em eleições. Trata-se da ferramenta que mostra ao usuário todas as campanhas financiadas pela mesma, permitindo ver se aquele anúncio foi criado dentro ou fora do país. O mecanismo entrou e teste no Canadá e Irlanda, sendo que analistas questionam e eficiência da técnica.

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Um dos principais pontos do debate, além do combate à influência externa a eleições, foi de o Facebook ser uma empresa hegemônica. Mark foi questionado pelo parlamentar alemão Manfred Weber sobre o que o político chamou de império, obviamente referindo-se ao conjunto Facebook, Messenger, Instagram e WhatsApp. “Acho que é hora de discutir a quebra do monopólio do Facebook, porque já é muito poder em apenas uma mão. Então, peço-lhe, simplesmente, e essa é a minha última pergunta: você pode me convencer a não fazê-lo?", questionou Weber.

O CEO foi ainda questionado por outro parlamentar, o belga Guy Verhofstadt, que ainda foi mais incisivo. “Você não pode convencê-lo, porque é um absurdo, na verdade. Você deu o exemplo do Twitter, você deu o exemplo, eu acho, do Google, como alguns de seus concorrentes. Mas é como se alguém que detém o monopólio na fabricação de carros estivesse dizendo: ‘Olha, eu tenho o monopólio de fazer carros, mas não há problema. Você pode pegar um avião, pegar um trem, pode até pegar sua bicicleta!’”, levantou.

Contra isso, Zuckerberg se defendeu usando dois argumentos. O primeiro de que a competição pode ser vista em vários espaços e que “a cada dia podem surgir novas ferramentas de comunicação”, aponta. Ainda, posicionando-se como uma empresa de publicidade, Zuckerberg diz que não vê monopólio, pois detém apenas 6% de toda fatia do mercado publicitário. Por fim, ele ainda pontua que a plataforma está aberta para que até mesmo empresas concorrentes possam contratar espaços de propaganda dentro da rede social, assim fomentando para um mercado mais heterogêneo.

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GDPR

A reunião acontece às vésperas do General Data Protection Regulation (GDPR), nova regulação que obriga empresas digitais a serem mais transparentes sobre dados de usuários e deem mais ferramentas para que se controle quais informações querem ou não compartilhar. A GDPR passa a valer a partir da próxima sexta-feira (25).

De acordo com Facebook, as configurações da rede social já estão adaptadas para a nova regulamentação, sendo que algumas dezenas de porcentagem de usuários europeus já se anteciparam e modificaram suas configurações para o GDPR. “A última coisa que queremos é que usuários sigam apenas a onda, passem rápido demais por isso e apenas cliquem em OK”, disse Zuckerberg.

Por conta da dinâmica do processo, grande parte das perguntas não foram respondidas. Alguns parlamentares questionaram sobre fake news no Facebook, manipulação, contas falsas, problemas de assédio e hostilidade, coisas que acabaram não sendo respondidas pelo CEO.

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A reunião terminou com um questionamento à respeito das “shadow profiles”, ou contas que mesmo deletadas da rede social ainda seriam mantidas com os dados nas redes. Estas contas-fantasma também podem ser criadas por informações de parceiros de pessoas que até mesmo nunca usaram o Facebook. “O único modo de não ter minhas informações coletadas pelo Facebook é saindo da internet como um todo?”, perguntou o parlamentar Syed Kamall.

Pressionado a responder sobre isso, Zuckerberg admitiu que estas contas existem e que mantêm os dados até mesmo de usuários que saíram da rede por “uma questão de segurança”. "Do lado da segurança, achamos importante mantê-lo para proteger as pessoas da nossa comunidade", informou.

Apesar de ter fugido de grande parte das perguntas feitas diretamente, Zuckerberg informou que vai garantir que os outros questionamentos sejam respondidos em breve.

Fonte: Engadget, BBC, The Verge, TechCrunch