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Cientistas acreditam que redes sociais podem ser a ruína da humanidade

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 29 de Junho de 2021 às 17h40

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Jeremy Zero/Unsplash
Jeremy Zero/Unsplash

Embora o título possa parecer bastante apocalíptico, estudiosos da Universidade de Washington realmente creem que as mídias sociais possam ter impacto destrutivo na sociedade mundial. Segundo eles, a humanidade é capaz de sobreviver a guerras, doenças e pragas diversas, mas pode não estar pronta para enfrentar as ameaças provenientes das redes.

Um artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences traz mais detalhes. O material de 10 páginas foi escrito por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de biologia, psicologia, filosofia, ciências neurais, especialistas em mudanças climáticas e outros. 

Apesar de parecer uma previsão um tanto pessimista sobre o futuro da civilização, o artigo ajuda a compreender melhor como essas plataformas ajudam a espalhar a informações falsas. Para os pesquisadores, o poder das redes de impulsionar mentiras levaria o planeta à ruína, com uma falta de confiança generalizada e a incapacidade de discernir a verdade da mentira.

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Parte disso seria culpa da robotização das redes sociais, guiada por algoritmos incapazes de diferenciar fato de fakes, e, assim, contribuindo para espalhar as inverdades. Os autores alertam que, se não forem compreendidas e contornadas todas essas questões, as consequências indesejadas das novas tecnologias vão contribuir para fenômenos como "adulteração eleitoral, doenças, extremismo, fome, racismo e guerra".

Dos insetos para os humanos

Em entrevista concedida ao site Vox, o coautor e pesquisador Joseph Bak-Coleman fala sobre como a equipe responsável pelo estudo chegou a essa conclusão catastrófica. “A pergunta que estávamos tentando responder era: ‘O que podemos inferir sobre o curso da sociedade em escala, dado o que sabemos sobre sistemas complexos?’”, explicou.

Segundo Bak-Coleman, a ideia é traçar um paralelo entre o uso de ratos e moscas para entender a neurociência. Essas pesquisas realizadas com esses grupos ajudam a entender o comportamento coletivo em geral, mas também adentram em sistemas complexos de forma mais ampla.

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“Nosso objetivo é ter essa perspectiva e, em seguida, olhar para a sociedade humana da mesma forma. E uma das coisas sobre os sistemas complexos é que eles têm um limite finito de perturbação. Se você os perturba muito, eles mudam. E muitas vezes tendem a falhar catastroficamente, inesperadamente, sem aviso prévio”, explica o coautor do artigo.

Mentira x verdade

Os estudiosos estabeleceram diversos elos entre pesquisas desenvolvidas nas suas áreas e o atual momento da humanidade. Segundo eles, as mídias sociais interromperam o fluxo de informações confiáveis sobre saúde, ciência, clima e política, assuntos cujos impactos são fundamentais em níveis de organização civilizatória.

A grande culpada seria a internet, que funciona como uma faca de dois gumes: ajuda a aproximar pessoas e levar informações de qualidade ao mesmo tempo em que o seu uso negativo pode transformar sociedades em imensos conglomerados de massa impensante e manipulável.

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“A democratização da informação teve efeitos profundos, especialmente para comunidades marginalizadas e sub-representadas”, disse Bak-Coleman. “Isso dá a eles a capacidade de ter uma plataforma e ter uma voz, e isso é fantástico. Ao mesmo tempo, temos coisas como genocídio de muçulmanos e uma insurreição no Capitólio acontecendo. Espero que seja uma afirmação falsa dizer que devemos ter essas dores para termos os benefícios.”

O fenômeno das redes sociais é algo muito novo e ainda sem respostas concretas de nenhuma área científica. Estudos como este, embora tenham um viés bastante pessimista, ajudam a alertar a sociedade para os efeitos das mídias sociais em larga escala.

Resta saber se os responsáveis pelo "Frankenstein" serão capazes de controlá-lo. O estudo mostra que ainda dá tempo de fazer algo, mas o caminho a ser seguido permanece uma incógnita para todos.

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Fonte: PNAS, Vox