Neil deGrasse Tyson diz que a Marvel é "cientificamente mais precisa" que a DC
Por Claudio Yuge | 10 de Março de 2020 às 21h20
A rivalidade entre a Marvel e a DC Comics é alimentada há muitos anos nos Estados Unidos e, embora não seja assim tão feroz mundo afora — já que quem realmente gosta de quadrinhos não liga muito para isso e curte ambas as editoras —, às vezes é divertido comparar os personagens e tramas. E como ambas as marcas estão agora mais populares, devido ao sucesso de seus filmes, fica a pergunta: qual é cientificamente mais correta em suas histórias?
Bem, há tempos sabemos que a ciência no universo Marvel é bem semelhante à magia e isso remonta às próprias concepções do que se tinha sobre o assunto na história da humanidade — afinal, vários cientistas do passado foram vistos com certa descrença, e muitos de seus feitos chegaram a ser relacionados como “bruxaria”. Além disso, os personagens da Casa das Ideias costumam ser “humanos querendo ser deuses”, que brigam mais entre si e moram em cidades reais, enquanto os da DC são “deuses querendo ser humanos” em várias metrópoles fictícias.
E esse debate foi levado para um especialista no assunto, o astrofísico Neil deGrasse Tyson, que está voltando às telinhas com a terceira temporada da série Cosmos, no National Geographic. Perguntado se “a Marvel e a DC são cientificamente precisas”, o cientista não titubeou para responder que o universo de Homem-Aranha, Homem de Ferro, Hulk e companhia é, “sem dúvida”, o campeão nesse quesito.
Tyson cita as origens científicas dos personagens
"Isso é óbvio. A Marvel vence essa disputa com a DC, menos com Thor e talvez um ou dois outros (personagens) que eu tenha esquecido. Quase todos com poderes na Marvel Comics são derivados de algo científico que lhes aconteceu", responde o astrofísico, em entrevista ao Comic Book.
Ele demonstra isso com referências aos personagens mais populares, criados na “Era Atômica”, após a Segunda Guerra Mundial, quando radiação e bomba nuclear devastaram o Japão. "O Homem-Aranha. Ele é picado enquanto está em um laboratório de biologia, onde há uma aranha radioativa. Há o Hulk, que… sofre com raios gama. Todo mundo tem uma história baseada em ciências por trás de suas superpotências, e isso cria um cenário fértil para o qual você pode voltar se precisar. Além disso, Banner era médico, pelo amor de Deus. Portanto, isso tem valor”, comenta.
Tyson deixa claro que a DC Comics também tem seus “méritos científicos” e garante que é fã da editora — inclusive ele até fez parte de uma história do Superman, na edição 14 de Action Comics, de 2012. "Estou lá. O Superman queria usar o Planetário Hayden, onde trabalho, para observar a destruição de Krypton, porque a luz daquela explosão chegaria à Terra naquele momento. Essa foi a premissa dessa história e eu tive que me certificar de que todos estivéssemos na mesma sintonia”, conta.
Neste caso, ele detalhou que realmente teve influência no roteiro, para torná-lo preciso — ou o mais verossímil possível — em como seria, hipoteticamente, lidar com alienígenas. "Conversei o escritor e disse: 'Tudo bem, se for esse o caso, significa que o Superman chegou aqui através de um ‘buraco de minhoca’, porque é a única maneira de ele superar um raio de luz. Eu só quero deixar isso claro”, explica.
A trama foi escrita por Sholly Fisch, veterano experiente em construir histórias didáticas, em parceria com Grant Morrison. “Trabalhei com eles na história apenas para tentar manter a ciência em destaque. De qualquer maneira, foi muito divertido conhecer o Superman", complementou. A nova temporada de Cosmos, chamada Mundos Possíveis, estreou lá fora nesta terça-feira (9), em tempo das comemorações dos 40 anos da série original de Carl Sagan. Ainda não há previsão de exibição no Brasil.
Fonte: Comic Book