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Geek: visitamos uma das maiores feiras de quadrinhos dos Estados Unidos

Por| 30 de Junho de 2014 às 16h20

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Geek: visitamos uma das maiores feiras de quadrinhos dos Estados Unidos
Geek: visitamos uma das maiores feiras de quadrinhos dos Estados Unidos

*De Nova Iorque, EUA

Ao entrar no Javits Center, em Manhattan, no fim de semana dos dias 21 e 22 de junho, a sensação era a de embarcar em algum tipo de universo paralelo: dezenas de personagens se espalhavam pelos corredores, milhares de revistas em quadrinhos estavam em exposição sendo lidas, vendidas, compradas ou somente admiradas.

Esse era o cenário da Special Edition, uma das maiores feiras de quadrinhos dos Estados Unidos. Ali, reuniram-se cerca de 400 expositores, entre famosos estúdios, como DC Comics e Marvel, até editores independentes e muitos jovens com brilhos nos olhos ao expor para o mundo os seus primeiros trabalhos na produção de HQs.

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Fãs de quadrinhos se reuniram na Special Edition NY (Imagem: Canaltech/Caroline Hecke)

Ao longo dos dois dias de feira pudemos ver os mais divertidos cosplays, além de ouvir depoimentos de ilustradores, roteiristas e editores de peso de grandes estúdios em painéis com os mais variados temas.

Venda de edições raras

Entre uma série de vendedores especializados estava Will Mason. Empolgado ao falar de quadrinhos, Mason ostentava uma coleção de fazer inveja em qualquer geek. Entre eles, o maior destaque era a edição original de Detective Comics #27, HQ que marca a criação do Batman.

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Will Mason mostra a revista que marca a primeira aparição do Batman (Imagem: Canaltech/Caroline Hecke)

Segundo Mason, a revista já tem seu valor estipulado em algo próximo de US$ 1 milhão, o que faz com que edições expostas no local para a venda por US$ 400, US$ 1.500 e US$ 3.900 parecessem um pouco tímidas nas prateleiras. Para ele, uma das coisas que mais chamam a atenção na publicação é o formato das asas do personagem. "Ele era realmente um 'homem-morcego', com asas grandes o bastante para fazê-lo voar. A inspiração para o personagem veio dos projetos de Leonardo da Vinci. Se você prestar atenção, a semelhança é grande", complementa.

Batman e seus 75 anos

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O ano de 2014 marca os 75 anos da primeira aparição do Cavaleiro das Trevas, algo que fez com que a DC Comics criasse um painel exclusivo para falar sobre o personagem no evento. Nele estavam presentes os roteiristas James Tynion IV (Batman Eternal), Gail Simone (Batgirl - também famosa por roteiros para quadrinhos da série Os Simpsons), Greg Pak (Superman/Batman) e Francis Manapul (Detective Comics).

Entre dezenas de depoimentos, uma surpresa foi revelada: a criação do Batman Day. Ele acontecerá no dia 23 de julho, quando as principais lojas de quadrinhos dos Estados Unidos distribuirão, gratuitamente, uma edição especial de Detective Comics #27 (o mesmo que tem sua edição original avaliada em cerca de US$ 1 milhão). Além disso, algumas das clássicas edições únicas do personagens serão comercializadas pelo valor simbólico de US$ 1, como The Killing Joke e The Dark Knight Returns (O Cavaleiro das Trevas). A revelação fez com que aplausos empolgados do público tomassem o local.

DC Comics comemorou os 75 anos do Cavaleiro das Trevas (Imagem: Canaltech/Caroline Hecke)

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Em seguida, os roteiristas embarcaram em discussões acaloradas sobre suas preferências por cada detalhe nas histórias de Batman. Os filmes do personagem também não ficaram de lado: um comparativo entre os Batmans de Burton, Schumacher e Nolan foi traçado.

Para Pak, quem chegou mais próximo da realidade do personagem foi Christopher Nolan. “Entre todos eles, a aparência dos filmes de Nolan me parece a mais adequada”, complementa. Simone concorda e diz amar o aspecto de horror dos filmes de Nolan, assim como o quão “legitimamente horríveis” eram os vilões.

Já Tynion diz acreditar que Burton foi quem embarcou mais fundo na mente de Batman. Para ele, o icônico Batman: Returns é o filme mais interessante do Cavaleiro das Trevas. “Esse é o filme mais enraizado na psique do personagem. Além disso, a estranheza e bizarrice de Gotham nunca foi tão bem explorada quanto foi ali”.

Marvel comemora o aniversário de 75 anos

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O ano de 1939 foi definitivo para o mundo dos quadrinhos: além da estreia de Batman, o ano marca a criação da Marvel, que também aproveitou a Special Edition NYC para comemorar a data com um painel especial.

O painel foi moderado por Nick Lowe, editor sênior da Marvel, com a presença de Peter David e Chris Claremont, dois dos nomes mais reconhecidos quando o assunto é HQ. Uma das primeiras perguntas foi sobre os primeiros contatos dos escritores com o universo da Marvel.

Em seu depoimento, David conta que foi proibido por seu pai de ler os gibis da Marvel quando era jovem, com a justificativa de que os personagens eram “monstros muito feios”. Alguns anos mais tarde, na casa de um primo, o escritor teve acesso a uma edição de um livro anual da Marvel, que mostrava quase todos os personagens do universo Marvel em uma só história.

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Cosplays de todas as espécies deram as caras na feira (Imagem: Canaltech/Caroline Hecke)

David complementa dizendo que, naquele momento, ele ficou extremamente impressionado com o fato de que, mesmo tendo ali o primeiro contato com absolutamente todos os personagens da HQ, ele conseguia acompanhar com tranquilidade toda a trama. O fato influenciou o trabalho de David em toda a sua vida. “Eu sempre tento introduzir um personagem em qualquer história dando um pequeno contexto sobre ele. É um trabalho duro, pois isso não pode transformar os quadrinhos em algo cansativo para quem já acompanha o personagem mas, ao mesmo tempo, eu sempre procuro manter uma frase em mente: ‘lembre-se de que esse pode ser o primeiro contato de alguém com o personagem’ e geralmente funciona”.

Em seguida, Lowe questionou sobre os personagens favoritos de cada escritor, com uma regra básica: o personagem não poderia ter sido escrito por eles. Ao ouvir a pergunta, Chris Claremont cruzou os braços atrás da cabeça e respondeu “acho que estou fora dessa”. Em seguida, David questiona se alguém na plateia tem ideia do número de personagens já escritos por Claremont no universo Marvel. Sem que alguém se atravesse a dar um chute, David responde entusiasmado: “Este homem ao meu lado já escreveu nada menos que 703 personagens da Marvel”.