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Em uma sociedade hiperconectada, o detox digital ainda é possível?

Por| 11 de Julho de 2022 às 10h00

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Spencer Backman/Unsplash
Spencer Backman/Unsplash

Tente se lembrar qual foi a última vez em que você passou um dia inteiro longe do celular. A memória parece te parecer distante ou, em alguns casos, nem mesmo existir, mas não se assuste. Afinal, segundo o relatório da consultoria AppAnnie, você não está sozinho: os brasileiros lideram o ranking e são, junto com a Indonésia, uma das nações que mais passam tempo conectadas ao smartphone — em média, 5,4 horas por dia.

Em um primeiro momento este indicador pode causar estranheza, mas basta nos lembrarmos dos nossos hábitos diários e os das pessoas do nosso convívio, para perceber que não se trata de algo tão fora da realidade assim.

Trabalho, entretenimento, educação e até saúde. A tecnologia está presente em quase todas as áreas de nossa vida, e tem nos auxiliado das atividades mais complexas até as mais simples. Mas o que acontece quando essas ferramentas passam a fazer exatamente o contrário, e começam a atrapalhar a nossa produtividade e rotina?

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Esse tem sido um desafio que parece afetar a todos nós. Diariamente somos bombardeados com inúmeros conteúdos e informações que parecem não ter fim, e esta intensa conectividade digital pode nos gerar um enorme prejuízo de tempo e energia. Isso é o que mostra um estudo divulgado pelo The Wall Street Journal: a cada interrupção que fazemos para conferir uma notificação, por exemplo, pode representar cerca de 23 minutos até que consigamos retomar a concentração à tarefa original.

E o grande problema é que essas interrupções são bem mais frequentes do que podemos imaginar: segundo uma pesquisa realizada pela consultoria inglesa Tecmar, as pessoas pegam seus aparelhos celulares, em média, 221 vezes por dia. Para mim não há a menor dúvida de que um dos maiores desafios de nossa vida moderna não é mais estar on, e sim como podemos estar off.

Reflexão necessária

É fundamental refletir sobre nossos hábitos, fazendo uma autocrítica sobre a quantidade de tempo que dedicamos ao ambiente digital. Mas seria ingênuo não adicionar à essa conta a (grande) parcela de culpa que cabe aos provedores das redes sociais, afinal, absolutamente tudo o que é desenvolvido e ofertado por essas plataformas foi construído com o propósito principal de fazer com que seus usuários passem a maior quantidade de tempo conectados e consumindo os seus conteúdos.

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Sou uma profunda entusiasta do avanço das tecnologias e estou convencida de que o universo digital nos trará ainda mais ferramentas e soluções necessárias para os diferentes desafios da nossa existência como sociedade. Mas a transformação digital também nos impõe a responsabilidade de estarmos atentos aos seus riscos, além de nos colocar o dever de criar princípios e normas que garantam o seu uso a partir do imperativo da ética.

Considerando isso, é urgente avaliarmos a nossa relação com o ambiente online, buscando intencionalmente e de forma mais frequente realizar desconexões do mundo digital, para vivenciar de forma saudável e presente o mundo analógico.

E isso pode acontecer de maneira prática no nosso cotidiano, já qie diversas ferramentas possuem a função de auxiliar o controle do tempo de uso do celular, como é o caso do Forest. O aplicativo foi pensado de modo a gamificar essas pausas. Ao dar início no aplicativo, você se torna responsável por uma árvore, que só crescerá se o app estiver aberto em primeiro plano no celular. Ou seja, quanto menos você usar outros aplicativos, mais rápido a sua planta crescerá. Um grande diferencial do Forest, é que, com o apoio de uma organização não governamental, os desenvolvedores garantem que árvores virtuais serão transformadas em árvores reais –mais de 1.397.605 árvores já foram plantadas graças a essa iniciativa.

Outro caso interessante é o The Light Phone, da startup estadunidense Light. A proposta é ser uma “alternativa aos monopólios tecnológicos que lutam cada vez mais agressivamente por nosso tempo e atenção”. A Light oferece telefones minimalistas, com uma “tecnologia intencionalmente projetada para ser usada o mínimo possível”, com o intuito de que você utilize o seu tempo livre de uma maneira mais proveitosa e sem redes sociais.

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Como se desconectar

As organizações da sociedade civil também têm atuado nessa agenda, especialmente com a atuação de organizações como o Center for Humane Technology (CHT). Criado em 2018, o CHT se dedica a reprogramar radicalmente a nossa infraestrutura digital. Sua missão é impulsionar uma transformadora mudança em direção a uma tecnologia mais humana que apoie nosso bem-estar, democracia e ambiente de informações de forma mais transparente.

O site da organização disponibiliza diversas formações gratuitas sobre mídias digitais para professores, governadores, pais e jovens, além de dicas para assumir o controle e melhorar o seu bem-estar digital, como:

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  1. Desligar notificações dos aplicativos, pois elas são gatilhos que instantaneamente chamam nossa atenção.
  2. Remover aplicativos que lucram com vício, distração, indignação, polarização e desinformação.
  3. Baixar ferramentas úteis, como as que monitoram seu tempo de uso de tela, por exemplo.
  4. Desconectar totalmente um dia por semana.
  5. Definir limites para o uso do celular.

Ao longo dos últimos anos, trilhamos um longo e frutífero caminho para nos inserirmos na era da tecnologia, da conectividade e da digitalização. Agora, no entanto, é hora de percorrer uma outra trajetória, a partir da qual aprendemos a estar em desconexão como forma de garantir nosso bem-estar digital. A nossa e as gerações futuras têm muito a ganhar com o detox digital.