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Safira: veja por que o material é mais resistente que o Gorilla Glass

Por| 20 de Agosto de 2014 às 07h42

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Divulgação
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Nos últimos dois anos, você que gosta de tecnologia com certeza deve ter lido mais de uma notícia sobre o iPhone 6. Desde o lançamento do iPhone 5, em 2012, milhões de usuários criaram uma expectativa em torno do novo smartphone da Apple, que só aumentou no ano passado com a chegada do modelo 5S - também um ótimo celular, mas não um substituto definitivo à geração anterior.

Um dos rumores que mais acompanharam as especulações do iPhone de número seis diz respeito ao seu display que, ao que tudo indica, colocará um fim ao pesadelo das telas manchadas com marcas de dedos, respingos de água, riscos e poeira. Obviamente já existem aparelhos com esse tipo de proteção, mas o objetivo da Maçã é elevar esse conceito ao equipar seus gadgets com um material nobre: a safira.

É preciso esclarecer que a safira em questão não é aquela pedra preciosa, conhecida pelo tom azulado e usada principalmente na fabricação de joias. Existe sim essa versão e muitas outras, com diferentes formas e cores (vermelha, também conhecida como rubi, verde, rosa, púrpura, amarelo), entre elas uma com tonalidade transparente. É justamente esse o tipo de safira empregado com frequência por fabricantes de diversos produtos eletrônicos, como monitores e displays que, graças à ela, se tornam muito mais resistentes do que outros componentes, mais até do que o famoso Gorilla Glass.

Então, o que torna a safira tão especial e diferenciada dos demais materiais, em especial do Glass, presente em boa parte dos dispositivos atuais? De acordo com o site PhoneArena, a principal característica é seu fator de resistência que alcança 9 pontos na Escala de Mohs, medida que quantifica a dureza dos minerais.

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Para você ter ideia, a safira é o segundo material mais duro do planeta, perdendo apenas para o diamante, que tem 10 pontos na mesma Escala. Ou seja, apenas um diamante seria capaz de danificar qualquer equipamento revestido com safira. Imagine as possibilidades desse mineral na tela do seu smartphone. Você poderia colocá-lo no bolso, na mochila ou em outro compartimento cheio de outros objetos com diferentes formatos que nada causaria um risco sequer ao display do aparelho, mesmo itens mais pontiagudos, como chaves e canetas.

Como a safira sintética é fabricada?

Em vez de extrair a safira da natureza (minas brutas) e pegá-la em sua forma pura, hoje já é possível "cultivar" a safira sintética usada nos nossos aparelhos em fornalhas. O processo de fabricação consiste em aquecer esses grandes fornos a uma temperatura aproximada de 1.815º C. O calor em excesso derrete um pedaço da gema do tamanho de um disco de hóquei misturado com óxido de alumínio em pó. O vídeo abaixo publicado pelo site Pockect Now mostra um pouco de como funciona esse procedimento:

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Comparando com o Gorilla Glass

Basicamente, o Gorilla Glass é um tipo de vidro temperado, cujo método de fabricação é mantido em segredo pela Corning, empresa responsável pela produção do material. O que se sabe é que o Glass é feito a partir de uma folha de vidro mergulhada em uma solução de sais de potássio a temperaturas de 400º C. Os íons de sódio do vidro então são substituídos por íons de potássio, criando uma camada mais densa e resistente por deixarem menos espaço entre cada átomo. É como se o material usado para fazer o vidro - chamado álcali-aluminosilicato - exercesse pressão sobre o vidro.

Só que esse material tem um problema: quando ele é arranhado, toda a pressão "armazenada" no vidro é liberada, danificando sua resistência. Quanto mais riscos forem acumulados, maiores são as chances da tela ganhar uma rachadura ao longo da região arranhada. Se o aparelho cair no chão, isso certamente irá acontecer e dar aquele efeito de "teia de aranha" que aparece em vários celulares quebrados.

Com a safira, isso dificilmente aconteceria, a não ser que o seu dispositivo caísse de uma altura bem elevada. No entanto, pela tabela abaixo, você pode perceber que a classificação geral da safira (incluindo sua versão sintética) na Escala de Mohs é de 9 pontos, enquanto a do vidro convencional é de 5. Além disso, um outro método citado pelo PhoneArena é o método Knoop, usado para a medição de micro-dureza, na qual um diamante em formato de pirâmide é pressionado contra uma superfície. Nessa escala, que vai de 0.0 a 20.0, a safira supera o nível 18.0 de resistência, contra apenas 6.0 do Gorilla Glass.

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Fabricar safira custa caro

De olho no potencial da safira, a Apple quer se beneficiar de suas propriedades para trazer o iPhone com a tela mais resistente na história da empresa. Não somente para garantir mais proteção ao aparelho, mas também para aumentar a participação do gadget no mercado de smartphones. Levando em consideração que a companhia produz aproximadamente 30 milhões de celulares a cada trimestre, a gigante de Cupertino precisaria de grandes quantidades de safira para fabricar os displays que podem equipar as próximas gerações de iPhones.

Contudo, não só a Apple, mas outras empresas, enfrentam um obstáculo para adotar de vez a safira: seu custo de fabricação. Produzir o material é muito mais caro do que o vidro ou mesmo o Gorilla Glass. Por exemplo, cada peça que usa o Glass como matéria-prima custa cerca de US$ 3 para ser feita. A safira, por sua vez, custa mais que o triplo desse valor: cerca de US$ 10. E isso porque somente com avanços recentes é que as fabricantes conseguiram chegar a esse preço - anteriormente, cada peça de safira não saía por menos de US$ 25.

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Na semana passada, o Wall Street Journal afirmou que a Apple investiu o equivalente a US$ 700 milhões em uma fábrica em Mesa, no estado do Arizona, nos Estados Unidos. Segundo o jornal, o investimento é destinado para produzir o dobro de capacidade da safira que é fabricada hoje em todas as unidades que trabalham com o material em todo o mundo. A usina americana foi aberta neste ano em parceria com a GT Advanced Technologies, que seria a responsável por fornecer as novas telas do iPhone.

Caso a Apple produza telas de safira nessa escala, o preço do display poderia ter um custo muito menor e finalmente chegar aos novos smartphones da empresa. A pergunta que não quer calar é: será que o próximo iPhone - seja ele o iPhone 6, o iPhone L ou qualquer outro modelo do aparelho - será tão resistente quanto a tela exibida no vídeo a seguir?