Impressora 3D é capaz de criar estruturas com circuitos eletrônicos completos

Muito se tem falado sobre a inovação que a chegada das impressoras 3D traria. Entretanto, fato é que, até agora, muitas aplicações se parecem mais com um hobby sofisticado do que exatamente uma revolução. E esse cenário pode mudar um pouco com a Voxel8, que consegue criar estruturas tecnológicas completas, como um drone, inclusive com circuito.

Conforme noticiou o Mashable, a Voxel8 teria criado a primeira impressora de eletrônicos em 3D. Embora já tenha havido tentativas de usar impressoras 3D na fabricação de itens eletrônicos, o máximo que a indústria conseguiu foi imprimir placas de circuito por meio de jatos de tinta, com o uso de muita graxa.

Os dispositivos da Voxel8 pesam cerca de 27 quilos e funcionam de forma semelhante às impressoras 3D tradicionais, com a impressão de objetos em camadas. A diferença é que eles fazem isso usando ácido poliláctico para compor o corpo do aparelho eletrônico e, em seguida, aplica tinta prata condutora especialmente formulada para circuitos integrados.

Os circuitos integrados são impressos e chips autônomos podem ser colocados no objeto 3D impresso durante o processo. Por fim, a máquina aplica tinta prata para completar todas as conexões.

"Somos, essencialmente, especialistas em materiais", diz o cofundador e responsável pelo hardware, Michael Bell. Aos 24 anos, Bell já sonhava com uma impressora de eletrônicos desde a época do colegial. Com a ajuda de um projeto de pesquisa sob coordenação da professora Jennifer A. Lewis, em Harvard, Bell conseguiu fundar a Voxel8 e pesquisar vários materiais condutíveis até chegar à prata.

"Em ordem de magnitude, é mais caro que o cobre", afirma Bell. Mas, o cobre, que é o material condutível mais utilizado atualmente em eletrônicos, acaba tendo boa parte de seu volume desperdiçado nos atuais processos de cobertura de placas de circuito impresso. E, no fim das contas, o cobre acaba sendo mais caro.

Bell lembra que inicialmente gostaria de utilizar o cobre para seu processo de impressão em 3D, principalmente porque é um material barato, mas logo descobriu que ele iria oxidar imediatamente após a impressão. A prata é estável e pode ser utilizada nas máquinas em temperatura ambiente.

"A impressão 3D permite que você adicione apenas as peças que você precisa", explica Bell. O criador da tecnologia disse ainda que ainda há a possibilidade de usar seu produto para a criação rápida de protótipos e até descobrir novos eletrônicos no que ele chama de "novas geometrias".

Os impressionantes resultados da Voxel8, como todas as grandes inovações, não vieram do dia para a noite. Em 2013, a equipe descobriu como imprimir microbaterias para uso em robôs e implantes miniaturizados. Mesmo com sucesso, o grupo continuou trabalhando para evoluir esse processo, já que as baterias não podem ser consideradas circuitos complexos.

De quebra, eles também avançaram consideravelmente na área da impressão 3D porque, ao descobrir que a grande barreira para a impressão de eletrônicos era o material certo para isso, acabaram desenvolvendo outros 50 tipos de itens que poderão ser importantes para o setor num futuro próximo.

A primeira versão comercial da impressora da empresa só estará disponível daqui a alguns meses e o preço será salgado, cerca de R$ 23.600 (preço estimado com cotação do dia e sem cálculo de taxas e impostos). E, mesmo com esse valor, o futuro é bastante promissor para o produto da Voxel8, já que são amplas as possibilidades de uso. Atualmente, por exemplo, ela pode imprimir decorações luminosas, um pendrive USB e até mesmo um drone completo.

"Vislumbramos um futuro em que podemos usar nossa experiência em materiais para substituir muitos dos componentes não-integrados de circuitos, tais como resistores, capacitores e indutores e tintas de impressão", planeja Bell.

Confira um vídeo sobre a impressora 3D de eletrônicos da Voxel8: