YouTube fecha contrato com mais duas gravadoras para serviço de streaming
Por Felipe Demartini | 20 de Dezembro de 2017 às 09h31
O Remix, suposto serviço musical do YouTube, ainda nem foi confirmado oficialmente, mas parece estar caminhando a passos largos. Depois de fechar um acordo de licenciamento com a Warner, a Google teria, agora, chegado a um acordo também com a Universal e a Sony, fechando a trindade das maiores gravadoras do mercado fonográfico mundial e mais do que pavimentando o caminho para uma plataforma dessa categoria.
De acordo com a Bloomberg, as partes chegaram a um acordo após dois anos de conversas e muito tumulto. O principal motivo disso seria a divisão dos royalties, com, agora, um acordo tendo sido firmado com uma porcentagem satisfatória tanto para o YouTube quanto para as gravadoras, cujos valores não foram divulgados.
Além disso, fez parte da mesa de discussão a aplicação de regras mais rígidas para conteúdo hospedado por terceiros. Essa seria, inclusive, a principal característica dos dois acordos mais recentes, com tanto a Sony quanto a Universal exigindo que o cerco seja ainda mais fechado em relação ao upload não autorizado de clipes, gravações de shows e produções que contenham músicas licenciadas e usadas sem autorização.
No caso da Universal, o acordo envolveria a criação de um sistema de anúncios próprios, que seriam exibidos somente em seus vídeos, e também mais rigidez no algoritmo que detecta conteúdo irregular. Em troca, a empresa trabalharia com conteúdo original dos artistas de seu portfólio, que inclui nomes como Taylor Swift, Lady Gaga, Kanye West e Coldplay, apenas para citar alguns exemplos. Além disso, músicas e vídeos da gravadora estariam disponíveis com exclusividade no Remix, de forma a atrair a atenção de potenciais assinantes.
O que chama a atenção na nova rodada de negociações é que, ao contrário do que vinha acontecendo, a Universal confirmou a existência do acordo quando contatada pela imprensa americana. Em declaração curta, mas oficial, a gravadora disse que o acerto com a Google gerará mais flexibilidade de divulgação e ganhos financeiros maiores para seus artistas. A Sony, entretanto, não falou sobre o assunto, e muito menos a Warner, que teria assinado contrato em maio, permanecendo no silêncio desde então.
Não existem, entretanto, confirmações de que os acordos firmados teriam a ver com um serviço musical, mas os boatos apontam essa como uma consequência lógica dessa ação. Afinal de contas, hoje, o YouTube já possui negócios em vigor com as gravadoras para pagamento de royalties e divisão de lucros sobre vídeos hospedados com terceiros. A necessidade de um contrato adicional, então, seria um indicativo de que algo a mais estaria por vir.
A ideia da Google com o Remix seria criar um serviço pago e de alta qualidade, aproveitando a base de usuários que já utiliza o YouTube para ouvir música. Puxando-os pela promessa de arquivos com menos compressão e tamanho menor, ideal para utilização em conexões móveis, a empresa estaria querendo entrar de cabeça em um mercado altamente competitivo, dominado por nomes como Spotify e Apple, principalmente.
Não é como se o YouTube não estivesse no topo dessa categoria, também, mas a plataforma está longe de poder ser considerada como um serviço musical, apesar de muita gente o utilizar dessa maneira. A ideia, então, seria aproveitar esse potencial para converter clientes e ganhos.
Restam dúvidas, por outro lado, em relação ao Google Play Música, que já é um serviço musical operado pela Google, tendo, inclusive, seus próprios contratos com gravadoras. Uma das hipóteses é de que os usuários desta plataforma serão unidos ao Remix, até para dar um fôlego inicial ao serviço, enquanto outros rumores apontam para uma extinção completa.
Como a empresa não falou sobre o assunto, fica difícil ter certeza sobre o que vai acontecer, mas a perspectiva é de grandes mudanças. Com as três principais gravadoras do mundo a seu lado - e um acordo supostamente em amplo andamento com a Merlin, selo que representa muitos artistas independentes de renome -, o caminho parece bem pavimentado para o lançamento do Remix em 2018.
Fonte: Bloomberg