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A música eletrônica, desde os primórdios até hoje em dia - Parte 3

Por| 30 de Agosto de 2016 às 23h20

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A música eletrônica, desde os primórdios até hoje em dia - Parte 3
A música eletrônica, desde os primórdios até hoje em dia - Parte 3

Na primeira parte deste especial falamos sobre os primórdios da música eletrônica, passando pelos primeiros e principais estilos de e-music e lifestyle, chegando ao boom dos anos 1990 na segunda parte. Agora, a terceira parte trará mais informações sobre o final da década de 1990, em que a dance music já estava praticamente morta, mas outros gêneros como o techno, o trance e a house music conquistavam o mainstream. E, naturalmente, falaremos sobre o cenário atual da música eletrônica internacional desde o início dos anos 2000 até os dias atuais.

O sampler e a geração MTV dos anos 1990

Depois da “febre” da dance music entre o início e meados da década de 1990, a música eletrônica deixou sua marca definitiva na cultura internacional e diversos estilos de e-music saíram do underground e conquistaram o mainstream – e muito disso tem a ver com a MTV. O canal de televisão por assinatura, que hoje em dia não tem mais a mesma relevância que tinha nesta década, evoluiu o antigo “Dance MTV” (exibido entre 1992 e 1997) para o programa “AMP”, que passava videoclipes de diversos gêneros e sub-gêneros da e-music para o grande público e durou de 1998 a 2005. O mais legal era que o AMP passava semanalmente à meia-noite de sexta-feira, então ele servia de “esquenta” para muita gente que estava se preparando para curtir a noite.

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Foi nessa época que nomes como Moby, Daft Punk, Groove Armada, Fatboy Slim, The Chemical Brothers e Prodigy ganharam popularidade, mantendo-se na ativa e com sucesso até os dias de hoje. Esses artistas foram alguns dos que usaram e abusaram dos samplers – equipamentos ou softwares que conseguem armazenar sons de arquivos WAV para reproduzi-los um a um, ou em forma conjunta. Em inglês, “sample” significa “amostra”, e então um sampler pega amostras de músicas para serem incorporadas a novas produções.

Sampler AKAI MPC2000 (Reprodução: Divulgação)

O sucesso estrondoso de artistas como os citados acima fez o uso dos samplers crescer exponencialmente, e, apesar de não ser algo exatamente original pegar um trecho de uma música que já fez sucesso e incluí-lo em uma nova produção, esses artistas levaram muito crédito pelo seu trabalho, considerado inovador e divertido. Um exemplo muito famoso do uso bem sucedido de samplers pode ser o hit de Mc Hammer, “U Can't Touch This”, de 1990, que usou samplers de “Super Freak”, de Rick James, que foi sucesso absoluto em 1981.

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2000 para que te quero

Retornando ao final da década de 1990 e chegando ao comecinho dos anos 2000 – período marcado pelo “bug do milênio e pelas incertezas sobre a nova era que estava por vir –, a música eletrônica passou a ser considerada vanguarda cultural, permitindo uma nova explosão de ritmos e artistas. Nessa época, vimos surgir uma infinidade de gente misturando samplers, tocando novos sons em cima de bases prontas com outros instrumentos musicais, e tudo isso rendeu músicas com batidas e ritmos nunca ouvidos antes. Um nome que definitivamente aperfeiçoou essa arte foram os Chemical Brothers, que inventaram várias sonoridades e, por isso, o sucesso atingiu grupos de pessoas que, até então, não davam bola para a e-music. Nessa época, a música eletrônica virou, definitivamente, a música pop. Não que já não fosse popular desde os anos 1980, mas foi somente na década de 2000 que a e-music cruzou aquela linha que diz: “não tem mais volta, veio para ficar”.

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Além dos gêneros e sub-gêneros mais underground (como o hard techno, o futurepop e o happy hardcore, por exemplo), que surgiam renovando as cenas noturnas das grandes cidades, a evolução da e-music dançante contou com nomes como Gigi D’Agostino, Lasgo, Milk Inc., Ian Van Dahl, Benny Benassi, Magic Box, entre vários outros que se tornaram os queridinhos das pistas de dança – desde as baladas LGBT (que sempre trouxeram a e-music como parte do estilo de vida), até os clubes de grande porte que atraíam um público de alta renda interessado em curtir o que há de novo no cenário musical e baladeiro.

Os grandes festivais e os DJs-celebridade

Na década de 2000, nomes como Armin Van Buuren, Tiesto, Paul Van Dyk, Carl Cox e LCD Soundsystem não saíam da boca (e dos ouvidos) não somente dos fãs de música eletrônica, como de qualquer pessoa que valorizasse uma “curtição”. Isso porque esses artistas cresceram junto com os grandes festivais de e-music, que rapidamente levaram seus eventos gigantescos para todo o mundo. Então esses artistas tinham suas músicas tocadas nas rádios, seus videoclipes veiculados na televisão, apareciam nas revistas com status de celebridade e ainda rodavam o mundo fazendo o que sabem de melhor: agitar (e muito!) uma pista de dança.

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Foram diversos os festivais internacionais que alastraram a e-music por aí, sendo que nomes como Creamfields, Sensation, Ultra Music Festival, Tomorrowland e Love Parade foram os mais relevantes desse período da história recente. Alguns deles (como o Tomorrowland, por exemplo) descobriram o Brasil como um mercado extremamente lucrativo somente nos anos mais recentes, impulsionados pelo estrondoso sucesso da EDM – que domina a música eletrônica popular atual.

Um motivo para a produção massiva de música eletrônica a partir dos anos 2000 certamente foi a popularização dos computadores, que passaram a custar muito mais barato do que nas décadas anteriores, somada ao avanço da internet banda larga. Equipada com um PC e uma conexão razoável, qualquer pessoa poderia fazer o download de softwares de produção musical, que já vinham recheados de samplers e presets, para começar a criar seus próprios sons. E o avanço dos programas de download de MP3 e o surgimento de redes sociais musicais (como o Myspace, por exemplo) impulsionaram ainda mais essa explosão. O bom e velho rock’n’roll ficou praticamente ausente das grandes mídias, que voltaram suas atenções para quem estava rendendo mais dinheiro: os artistas de música eletrônica.

Electronic Dance Music

A EDM (ou Electronic Dance Music) atual elevou a e-music a um novo patamar, transformando-a em uma cultura da música eletrônica e em um estilo de vida. Esse gênero meio que mistura tudo o que foi produzido nas décadas passadas, pegando um pouquinho daqui, outro pouquinho dali, batendo tudo no liquidificador e resultando em mais música eletrônica dançante e viciante. Há quem diga que produtores e DJs de EDM não passam de farsantes e aproveitadores, que não têm talento e só pensam na fama e no dinheiro. Do outro lado, existem os milhares de fãs que levam a EDM do lado do esquerdo do peito.

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Seguindo esse estilo, os produtores mastigam suas influências para criar um som palpável às massas, capaz de ser digerido por uma quantidade imensa de pessoas com backgrounds bem diferentes uns dos outros. Nomes como Skrillex, Deadmau5, Steve Aoki, David Guetta e Afrojack são alguns dos que ocupam o topo da parada de sucessos da EDM atual. E tamanho sucesso também influenciou artistas consagrados em outros estilos musicais, “contaminando” desde o pop, passando pelo rock e chegando ao hip hop. Um exemplo de produção colaborativa misturando a EDM com outros estilos é a apresentação dos Foo Fighters no Grammy de 2012, quando a banda dividiu o palco com Deadmau5:

EDM, na verdade, não é um termo exatamente novo: antigamente todos os gêneros da e-music eram incluídos na sigla. E somente na última década que a EDM se tornou algo à parte com essa receita de sucesso: misturando vocais “grudentos” a synths envolventes e drops estimulantes para fazer todo mundo pular muito. E é justamente essa “fórmula” semi pronta que é tão criticada por especialistas de música eletrônica em todo o mundo, que acusam a EDM de pasteurizar a música eletrônica – tudo em prol do lucro.

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E esse lucro é tão grande que os grandes festivais de e-music da atualidade praticamente só investem em artistas de EDM, que garantem a casa cheia. O Tomorrowland, por exemplo, começou timidamente na Bélgica, em 2005, e hoje em dia é um dos maiores festivais musicais de todo o mundo, tendo realizado a primeira edição brasileira em 2015, quando trouxe para cá 187 DJs e registrou um público de 180 mil pessoas. E de acordo com a organizadora do evento, o Brasil será palco de novas edições do festival pelo menos até 2020.

Mas deixando os debates sobre qualidade musical de lado, e também ignorando preferências individuais com relação aos gêneros da música eletrônica, uma coisa é fato: atualmente, a e-music é muito mais difundida do que nas décadas passadas e a EDM é uma das grandes responsáveis por isso. E é sempre importante ressaltar que, quando um circuito comercial é consolidado, um grande número de admiradores acaba surgindo para consumir essa oferta, e boa parte deles se envolverá tanto com o estilo que acabará conhecendo também as produções “lado B”. Ou seja: quando o mainstream cresce, o underground também se fortalece.

E mais: a explosão da EDM fez com que a indústria da música eletrônica mundial superasse todos os valores arrecadados nos anos anteriores. Agora, essa indústria consolidada vale cerca de 7 bilhões de dólares.

Na quarta e última parte deste especial falaremos exclusivamente do Brasil na música eletrônica, contando um pouco sobre como a e-music chegou por aqui, passando por DJs e produtores brasileiros de sucesso e chegando à música eletrônica popular brasileira.