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CEO do Spotify se defende das acusações de que o serviço paga pouco aos artistas

Por| 13 de Novembro de 2014 às 10h30

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O Spotify se envolveu em uma polêmica nos Estados Unidos após a popular cantora Taylor Swift retirar todo o seu catálogo de músicas do serviço de streaming. A alegação da cantora é que o valor pago aos artistas é muito baixo. Além de Taylor, diversos outros artistas têm tirado suas músicas do Spotify no último ano e a tendência é que mais artistas possam aderir ao movimento.

Do outro lado da moeda, o CEO do Spotify, Daniel Ek, se defendeu no blog oficial do serviço e afirmou que a empresa gastou US$ 2 bilhões em royalties desde a criação do serviço, mas aparentemente esse dinheiro pode não estar sendo repassado adequadamente pelas gravadoras que recebem o pagamento.

No caso de Taylor Swift não é difícil entender porque não compensa manter as músicas disponíveis no Spotify. O mais recente álbum da artista, “1989”, vendeu mais de 1,2 milhão de cópias na primeira semana após o lançamento nos Estados Unidos, número significativo se pensarmos em um período de queda livre nas vendas de álbuns.

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O novo CD não foi lançado no Spotify e, de quebra, Taylor retirou todos os álbuns anteriores do serviço de streaming. Outros serviços de música como o Rdio, Deezer e Napster/Rhapsody também foram afetados e ou não possuem mais os álbuns antigos da artista ou só os disponibilizam para usuários com assinatura mensal.

A cantora justificou a decisão afirmando que considera o serviço como um grande experimento. “Eu não estou disposta a oferecer o trabalho da minha vida a um experimento que, para mim, não remunera de forma justa os compositores, produtores, artistas e criadores desta música. E eu simplesmente não concordo em perpetuar a percepção de que a música não tem valor e deve ser gratuita”, defendeu a cantora.

Vale lembrar que Taylor não é um caso isolado e vários artistas estão seguindo a mesma estratégia da cantora. O recente álbum de Beyoncé, que também foi um sucesso de vendas, não foi liberado no Spotify e todos os outros serviços de streaming só possuem quatro singles do álbum - o restante das músicas não foi disponibilizado. O Coldplay demorou para liberar o novo álbum “Ghost Stories” no streaming, enquanto outros artistas como Thom Yorke, Black Keys e AC/DC se negam a deixar que suas músicas entrem nos serviços de música.

Para Nigel Godrich, da banda Atoms for Peace, que no ano passado retirou todas as músicas do Spotify, o serviço paga mal os novos artistas. “É uma equação que simplesmente não funciona. A indústria da música está sendo tomada pela porta dos fundos e se não tentarmos torná-la justa para novos produtores e artistas da música, a arte vai sofrer”, afirmou o músico.

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Enquanto de um lado os artistas afirmam que o pagamento é muito baixo, Daniel Ek afirma que uma das funções do serviço é o combate a pirataria, que não rende nada aos artistas. Ele ainda ressalta o pagamento de US$ 2 bilhões em royalties para gravadoras, dos quais US$ 1 bilhão foi desembolsado apenas neste ano. Na postagem feita no blog ele cita Taylor Swif e afirma que a cantora está certa em falar que música não deve ser gratuita.

Segundo Ek, o dinheiro é destinado as “gravadoras, editoras e sociedades de gestão coletiva para distribuição aos compositores e artistas”, mas o próprio executivo da plataforma confirma que não sabe como ocorre a distribuição. “Se esse dinheiro não está fluindo para a comunidade criativa de uma forma conveniente e transparente, isso é um grande problema”.

Em 2013 o Spotify pagou entre US$ 0,006 e US$ 0,0084 a cada vez que uma música foi tocada no serviço. Ek defende que mesmo o valor sendo baixo, ainda é mais lucrativo que as rádios, por exemplo, onde o artista não tem nenhum lucro com a música sendo tocada. Ele ainda defende que o serviço de streaming é uma alternativa de baixo custo para que as pessoas não consumam música sem pagar nada, como acontece com a pirataria ou no YouTube.

Voltando ao caso de Taylor Swift, a artista receberia US$ 6 milhões por ano para deixar todo seu catálogo disponível no serviço streaming, mas ela consegue receber isso apenas em algumas semanas com um único álbum, desmotivando que deixe seu trabalho completo disponível por uma remuneração que não condiz com o que recebe.

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Com a queda nas vendas dos álbuns tradicionais, as gravadoras têm investido mais na parceria com serviços de streaming para diminuir os prejuízos, mas a diferença no lucro entre os dois meios ainda é enorme. Com isso, gravadoras e os artistas temem que a música seja cada vez mais vista como um produto gratuito pelos consumidores.

Para Scott Borchetta, presidente da gravadora Big Machine, os serviços de streaming vão ter que mudar a forma como fazem negócio. “Se você oferece um serviço gratuito mantido por anúncios, por que alguém iria pagar pelo serviço premium? Ele não pode ser totalmente gratuito. Dê às pessoas um teste de 30 dias e depois faça com que elas paguem”, defende ele.

E o Spotify mantém a defesa. Segundo Ek, o serviço tem 50 milhões de usuários ativos, entre eles 12,5 milhões de assinantes que pagam US$ 120 por ano no serviço. Ele defende que o valor é três vezes maior que a média do gasto anual do consumidor com música. O presidente executivo também destaca a força do serviço entre jovens até 27 anos que, segundo ele, cresceram com a pirataria, mas que se disponibilizam a pagar pela música que consomem. Além de que 80% dos usuários pagos começaram usando o serviço gratuitamente, explica ele.

Outra explicação de Ek que desmente o mito de que o Spotify faz com que as vendas de álbuns sejam prejudicadas está no case canadense, onde o Spotify entrou há pouco tempo e o mercado musical vem passando por grandes dificuldades há alguns anos.

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Dessa forma é possível que continue a divisão: de um lado artistas que acreditam que não estão sendo remunerados adequadamente pelo seu trabalho e do outro os serviços de streaming que acreditam que é melhor receber um pagamento menor pelo trabalho do que perder mais espaço para pirataria que não rende nada.