Spotify perde seu diretor de conteúdo
Por Felipe Demartini | 08 de Janeiro de 2018 às 11h12
O Spotify anunciou, na última sexta-feira (05), a saída de Stefan Bloom do cargo de diretor de conteúdo da empresa. O executivo ocupava o cargo desde setembro de 2014 e respondia diretamente ao fundador e CEO do serviço, Daniel Ek, tendo sido responsável, entre outros avanços em sua atuação, pela renovação de contratos de licenciamento e um maior pagamento de royalties a artistas, o que levou a plataforma a um novo patamar junto a gravadoras e empresas do setor.
Entretanto, apesar dos sucessos, os fracassos é que teriam determinado a saída de Bloom — que não teria sido tão tranquila quanto o comunicado oficial revelado pelo Spotify faz parecer. Em nota, o serviço agradeceu as contribuições do executivo e disse que elas colocaram o time de conteúdo da empresa em uma boa posição para o futuro. Entretanto, para o analista de mercado Santosh Rao, da Manhattan Venture Partners, uma demissão teria levado o chief content officer para fora da empresa.
Isso teria a ver, principalmente, com o fracasso retumbante da estratégia de vídeo do Spotify, iniciada em meados de 2016 e que contava até mesmo com a presença de executivos de renome, vindos de canais de televisão americanos. Enquanto isso, shows originais do serviço falharam em atrair a atenção do público, levando a plataforma a se focar mais do que nunca em seu negócio principal, a música.
Além disso, a saída de Bloom seria um reflexo do que, aparentemente, é uma posição discordante quanto ao vindouro IPO da companhia, marcado para acontecer até março deste ano. Em meio aos problemas relacionados à plataforma de vídeo e também processos de gravadoras independentes devido ao suposto uso indevido de músicas, o CCO teria uma postura mais conservadora quanto à abertura de capital, preferindo arrumar mais a casa antes de um movimento desse tipo.
O alinhamento entre todos os setores da companhia, por outro lado, era uma das vontades de Ek, que seria, novamente, o responsável pela contratação de um novo diretor de conteúdo. Enquanto isso, o Spotify continua os trabalhos de IPO após formalizar um pedido junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, na última semana.
A empresa estaria preparando uma abertura inicial de ações na Bolsa de Nova York, o que facilitaria o processo, mas não levantaria o capital que normalmente aparece quando falamos em uma oferta tradicional de cotas para o mercado. Por outro lado, o movimento atenderia a um dos pedidos da diretoria, que não quer ver suas ações diluídas devido ao sucesso cada vez maior do serviço e a expectativa de solidificação ainda maior desta posição com o início das negociações.
Na última semana, o serviço anunciou mais uma marca, chegando a 70 milhões de assinantes, mais do que o dobro do segundo colocado entre os serviços de streaming, o Apple Music, que conta com 30 milhões. O total representa um aumento de 40% em menos de um ano, com os dados anteriores sobre o tópico tendo sido divulgados em março do ano passado.
O Spotify não comentou diretamente sobre os detalhes da saída de Bloom. Antes de se unir ao serviço de streaming, inicialmente como diretor de estratégias, ele trabalhou na gravadora EMI e na operadora de telecomunicações 3 Scandinavia, como diretor de produtos e serviços. Seus novos rumos e planos ainda são desconhecidos.