Regulações diferentes podem complicar vida de quem negocia Bitcoins nos EUA
Por Felipe Demartini | 11 de Julho de 2017 às 08h13
No final da última semana, a Comissão de Negociação de Commodities e Futuros do governo dos EUA (CFTC, na sigla em inglês) deu a mais uma companhia a autorização para negociação de Bitcoins no país. Foi a vez da LedgerX, uma plataforma voltada para investidores e empresas, entrar oficialmente nesta dança, abrindo as portas para que mais empresas passem a integrar esse mercado de forma regulada no futuro.
A notícia, por si só, parece indicar que o governo norte-americano está avançando a passos largos em direção a uma regulamentação das moedas virtuais. De um lado, temos a já citada CTFC autorizando, até o momento, duas empresas para lidarem com as Bitcoins, que são vistas por ela como commodities, e não um tipo específico de moeda. Por outro lado, entretanto, especialistas já comentam que o caminho para um funcionamento padrão para todo o mercado está longe de ser atingido.
Isso se deve ao fato de a regulação da CFTC não necessariamente se aplicar de forma federal. A organização adotou o caminho mais fácil, chamando as moedas virtuais de commodities para que elas pudessem se adequar melhor às suas normatizações. Todavia, seu alcance é apenas derivativo, com outros órgãos ainda estudando de que forma vão regular e manter controle sobre o movimento dessa nova categoria financeira.
E é aí que a coisa começa a complicar, com as Bitcoins e outras criptomoedas recebendo tratamento diferente de acordo com o estado. Enquanto isso, os reguladores federais continuam em fase de estudo, evitando tecer comentários ou fazer análises mais profundas que indiquem o caminho pelo qual seguirão. Sendo assim, por mais que a autorização recebida pela LedgerX seja um passo adiante, ainda restam mais dúvidas do que soluções quanto ao caráter legal desse mercado.
A situação começa a se tornar uma preocupação para investidores, que observam o bonde indo embora na medida em que o valor das Bitcoins cresce e outros players internacionais parecem à frente dos EUA em termos de regulação. Por mais que tenha várias discussões em andamento, e isso seja um fator positivo, a falta de consenso pode acabar sendo um tiro pela culatra para os Estados Unidos.
Há de se levar em conta, ainda, a ideia matriz das Bitcoins, que nasceram, justamente, como uma proposta financeira não regulada, livre da autoridade de bancos centrais e governos. A proliferação do dinheiro, além da visão de investidores sobre ele, claro, mudou esse caráter, mas os entusiastas ainda torcem o nariz quando o assunto é a interferência governamental no tema, algo que os reguladores também precisam levar em conta, pois isso pode ter reflexos na valorização e popularização da categoria.
No final das contas, restam mais perguntas do que respostas, e por mais que as autorizações emitidas pela CFTC tenham sido comemoradas pelos investidores, ainda há muito trabalho pela frente. Além da LedgerX, a TeraExchange também está autorizada a negociar Bitcoins como commodities nos Estados Unidos, e a organização já disse que mais autorizações devem ser liberadas em breve.
Fonte: Business Insider