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Palestras sobre as atualidades das TIC na América Latina

Por| 19 de Janeiro de 2017 às 17h25

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DepositPhotos/SergeyNivens
DepositPhotos/SergeyNivens

Nestes últimos meses tenho tido a oportunidade de me reunir com reguladores e executivos das operadoras de telecomunicações de toda a América Latina e Caribe. Indiferentemente do país de origem, a principal preocupação dos reguladores demonstrou ser como incentivar uma maior concorrência em seus mercados com a chegada de novos players.

As operadoras, por sua vez, demonstraram preocupação com a regulamentação indiscriminadamente focada em atrair novos concorrentes, mas sem julgar o impacto que teria nacionalmente, já que os novos players não querem limitar suas participações no mercado.

As palestras na Argentina com diferentes representantes do governo para aumentar a cobertura de serviços de telecomunicações foram sobre os grandes centros urbanos. Via-se que estavam muito interessados em explorar os planos governamentais voltados para a expansão de fibra óptica do Chile, Peru e México.
O objetivo do governo é buscar a forma mais rápida e barata para cumprir com o plano estipulado e aparentemente descartado de desenvolvimento da administração argentina passada “Argentina Conectada”.

O anterior trazia a preocupação de um executivo das Bahamas que considera que o governo de seu país outorgou enormes vantagens segundo operadoras móveis que entrou no mercado há apenas poucas semanas. No fim do monopólio em serviços móveis desse país conclui-se impor à operadora estabelecida a obrigação de dar roaming nacional a um competidor que no momento de lançamento contava com cobertura somente em um arquipélago com 30 ilhas habitadas por um total de 700.

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Repetidamente comentava que seus novos competidores tinham pouco incentivo em colocar seus próprios pontos de venda e ainda menos interesse em desenvolver sua própria infraestrutura em muitas das ilhas do país. Como comentei anteriormente, cobertura não necessariamente significa concorrência.

As palestras com representantes dos governos de Costa Rica e Jamaica centraram-se em aspectos mais sinceros: como atrair um concorrente móvel disposto a investir no desenvolvimento nacional de uma nova rede móvel? Ambos os mercados possuem níveis de penetração superiores a 100% e uma cobertura deste serviço que chega a mais de 90% da população. Em ambos os países, como na grande maioria dos mercados do hemisfério, é maior o desafio que enfrenta qualquer empresa que deseja construir uma rede móvel do zero, não só o desenvolvimento de infraestrutura, mas também o custo de aquisição de cada novo assinante e posteriormente o custo para retê-lo.

Se fosse barato adquirir clientes, as operadoras móveis virtuais teriam participações de mercado superiores às que ostentam atualmente. Seguramente, os reguladores terminaram entregando o espectro radioelétrico destinado a um novo entrante às operadoras móveis presentes em seus territórios.

Por outro lado, minhas palestras com representantes do governo e com várias operadoras de telecomunicações de Porto Rico apresentaram uma preocupação que supera a atualidade desta indústria. A principal ameaça é o contínuo êxodo de porto-riquenhos que partem para outras nações para buscarem uma vida melhor.

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A massiva emigração de porto-riquenhos tem causado a perda de quase 10% da população em menos de 10 anos. Para colocar em termos de negócio, a redução em população implica em um declive da demanda de serviços de telecomunicações. Em um mercado com cinco operadoras móveis e outros 60 prestadores de serviços, a redução na população eventualmente dará passo a uma redução no número de empresas, seja por inviabilidade econômica ou por uma consolidação forçada pela realidade econômica deste território pertencente aos Estados Unidos.