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Opinião: afinal, o que há de errado com os smartphones da Sony?

Por| 18 de Julho de 2016 às 14h50

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Opinião: afinal, o que há de errado com os smartphones da Sony?
Opinião: afinal, o que há de errado com os smartphones da Sony?
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Há cerca de duas semanas publicamos aqui, no Canaltech, a notícia de que a Sony optou por não continuar fabricando seus smartphones smartphones no Brasil. Segundo a empresa, os caros tributos do país impedem que a linha Xperia concorra de forma mais acirrada com seus rivais e, por isso, a opção mais viável e barata é importar os modelos do exterior para então vendê-los em terras tupiniquins.

O modelo de vendas baseado em importação começou no Brasil durante o início de 2016, com os Xperias Z5 e Z5 Premium

A medida é um claro sinal de que a expressividade dos modelos da Sony caiu no Brasil, assim como tem caído no mundo inteiro. Hoje, a japonesa não está nem mesmo no top 10 das maiores fabricantes de smartphone no mundo: segundo dados cedidos pelas próprias empresas, em 2015 a Sony ocupava o décimo lugar na lista liderada pela Samsung, Apple e Huawei, respectivamente. Em 2016, a fabricante perdeu esse posto para a chinesa Vivo, que praticamente não vende fora da China.

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Os números não mentem, e eles trazem uma verdade da qual a Sony não pode fugir: afinal, o que há de errado com os smartphones da empresa? Bem, segundo Brandon Dean, editor do The Verge e conhecido por ser fã da linha de smartphones da Sony, o núcleo do problema está em marketing. A fabricante não investe em marketing global e praticamente toda a publicidade da divisão mobile da empresa é focada em eventos esportivos e um ou dois comerciais lançados exclusivamente no YouTube. Para termos uma ideia; em 2013, a Samsung gastou cerca de US$ 14 bilhões em marketing para sua linha de smartphones, um valor que poderia comprar metade da Sony atualmente.

Na imagem, é possível ver a lateral direita de cada Xperia Z lançado, de 2012 a 2015. (Foto: Divulgação/Sony)

Em seu texto, Brandon destaca que os flagships da japonesa não tem um motivo específico para venderem tão mal. Segundo ele, cada smartphone da linha Xperia Z contava com um bom hardware e software para sua época, o erro da Sony teria sido não promover esses recursos corretamente. Se pensarmos no quão difícil é encontrar material publicitário da linha em comerciais, filmes ou eventos promocionais, fica claro que a fabricante não investe em marketing para seus celulares, ao menos não tanto quanto é necessário.

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Em suma, toda a promoção feita em torno do nome Xperia se resume à vídeos lançados nas páginas da Sony Mobile, muitos desses vídeos são explicitamente focados no mercado europeu, tal como o comercial de lançamento do Xperia Z5, que você pode ver abaixo:

Como se já não bastasse, a Sony tem uma estranha relação com o mercado norte-americano. Ao contrário do que acontece no Brasil, a maioria dos consumidores do exterior compra smartphones vinculados às operadoras de sua preferência, assim, é necessário que a fabricante estabeleça um contrato com as operadoras telefônicas predominantes no país para vender uma quantidade razoável de smartphones. Atualmente, a Sony simplesmente não tem smartphones vinculados à operadoras nos EUA, isso faz com que a marca praticamente não exista num dos maiores mercados de todo o globo.

Aparelhos vendidos em um contrato de dois anos costumam ser muito mais baratos do que os modelos internacionais desbloqueados, assim, se torna muito improvável que alguém opte por comprar um smartphone desvinculado pagando centenas de dólares a mais. Queiramos nós ou não, a baixa expressividade da Sony no mercado norte-americano acaba refletindo noutros países e só piorando a situação da empresa em mercados como o Brasil. O último Xperia a ser vendido nos EUA vinculado a uma telecom foi o Z3v, uma versão exclusiva do Xperia Z3 para a operadora Verizon.

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Apesar de se chamar Xperia Z3v, o visual do modelo exclusivo da Verizon lembra muito o seu antecessor, o Xperia Z2. (Foto: Reprodução/Mashable)

Em 2016, a Sony prometeu tentar uma nova estratégia de mercado com sua linha Xperia X. Embora a ideia tenha como objetivo diminuir as perdas financeiras causadas pela divisão móvel da empresa, é possível que os lançamentos Xperia X, XA e X Performance só aumentem o sangramento do qual a Sony tem sofrido nos últimos anos. Isso porque os dois primeiros, X e XA, são smartphones de hardware médio com preço de topo de linha: quem se espantou com os caros R$ 3.799 cobrados pelo Xperia X, no Brasil, provavelmente compartilha da mesma sensação dos mercados estrangeiros, já que até mesmo lá fora o preço sugerido do smartphone é de US$ 565 (R$ 1.910 em conversão direta).

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O modelo mais barato da nova linha é o Xperia XA, que aqui custa R$ 1.799 (Foto: Reprodução/Gizmodo US)

Apesar de termos começado esse artigo apontando a falta de publicidade como a principal causa da queda nas vendas de smartphones da Sony, que sequer já estiveram entre os mais vendidos alguma vez, é totalmente visível que os resultados negativos são fruto de uma série de erros cometidos pela empresa. Os preços altíssimos até podem dar um ar de superioridade aos smartphones da linha, mas certamente, a publicidade pesada feita pelas concorrentes faz isso com maior eficiência. É como se a Sony tivesse trocado a ideia de vender muito por pouco para vender pouco por muito. Algo que matematicamente não dá certo.

Como você pode ver em nossa análise do Xperia X, o modelo que em 2016 deve ser o topo de linha da empresa no Brasil não conta com uma série de características nas quais os lançamentos anteriores apostavam. Os novos smartphones da marca tem apostado cada vez menos em adotar novas tecnologias ou apresentar algo que os destaque perante seus concorrentes, nem mesmo a resistência a água foi adicionada nos dois smartphones mais simples da linha X. Apenas o Xperia X Performance é aprova d'água, e este não vem para Brasil.

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De fato, entender o que tem se passado com a Sony nos últimos anos é um enigma; A empresa que foi sucesso nos anos 90 tem se visto reduzindo todas as suas operações desde a segunda metade dos anos 2000. O baixo número de vendas não atinge só a sua linha de smartphones, mas também toda a sua divisão de eletrônicos, o único setor da marca que tem conseguido bons resultados financeiros tem sido a PlayStation. Embora a Sony tenha garantido que não irá sair do Brasil e muito menos do mercado global de smartphones, é difícil acreditar que no futuro a marca ainda investirá em lançar modelos comparáveis aos seus concorrentes.

Por fim, é válido ressaltar que a linha Xperia X continuará a batizar os smartphones da Sony até 2018, o que dá a empresa tempo de sobra para consertar os erros cometidos nesta primeira geração.