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O desafio do gerenciamento de tudo nas previsões de TI para 2018

Por| 21 de Fevereiro de 2018 às 07h45

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everythingposs/DepositPhotos
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* Por André Migliorelli

As diversas previsões para 2018 compiladas por analistas do Gartner, IDC e outras pesquisas constatam mudanças definitivas no papel de todos os profissionais da cadeia de serviços de TI, dos CIOs aos integradores de soluções. “Gerenciamento e integração de serviços em múltiplas nuvens vai ser crítico. Os times de TI e integradores mudam sua atuação, que deixa de ser orientada à execução de projetos e passa a ser uma habilitadora de soluções em nuvem”, diz Jay Gumbiner, vice presidente da IDC Latin América. “Mais de 30% dos gastos atuais em TI não fazem parte do orçamento do setor, mas a responsabilidade geral por apoiar essas iniciativas permanece com a TI tradicional. Gerenciar os provedores, fluxos de trabalho e novos tipos de ativos neste ambiente híbrido, independentemente de onde eles estão localizados, se tornará crucial para o sucesso da TI”, avalia David Cappucio, vice-presidente do Gartner.

Além dos desafios de gestão dessa infraestrutura híbrida, os vetores da “transformação digital” - como big data, Inteligência Artificial, IoT e os novos ecossistemas interconectados por APIs e microsserviços – trazem demandas sofisticadas de configuração e provisionamento de plataformas, segurança, compliance e planejamento financeiro. Nesse contexto, o provedor de consultoria, integração e suporte se prepara para atender alguns cenários, que devem ser típicos em 2018.

Multicloud – nuvens distribuídas e especializadas

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Seja pela adoção de SaaS (em que o provedor da aplicação contrata sua nuvem), questões de aderência aos projetos e, evidentemente, comparações de preços, praticamente todas as empresas têm sistemas de negócios rodando em várias nuvens.“ O multicloud será padrão no próximo ano”, afirma Gumbiner, da IDC.

Ele destaca a tendência de “nuvens distribuídas e especializadas”. O analista prevê que até 2020, 15% dos investimentos em cloud na América Latina serão destinados a serviços em plataformas específicas. “Caso típico é o de sistemas de hardware otimizados para Inteligência Artificial”, exemplifica.

Contudo, projetos de big data e IA também são geradores de negócios nas plataformas padrão, como AWS e Azure. Isto porque a necessidade de ingestão de dados exige patamares de capacidade dos sistemas de armazenamento, além do processamento em si, em que dificilmente se obtém escalabilidade e viabilidade financeira com soluções on premise.

Custos e riscos da Transformação Digital

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Agilidade e flexibilidade não podem significar pressa e falta de controle. Ordenar as iniciativas de negócios, a partir de um framework estruturado e integrado à totalidade do ambiente de TI, é fundamental para evitar problemas tecnológicos e de processos, ao se criar Torres de Babel. Uma vez que a “organização digital” se define pela interconexão online de todos os recursos de TI, independente de quem provê o serviço, a integração é ainda mais crítica.

“Os parceiros devem oferecer um conjunto de serviços de consultoria e suporte ao redor das ofertas de nuvem. Nos melhores casos, os integradores criam modelos próprios que reduzem a dependência do cliente a determinado provedor de infraestrutura”, diz Alejandro Florean, consultor da IDC Latam.

Fechar as contas do retorno de investimento é outra dificuldade. “As organizações precisam se concentrar na otimização da capacidade e evitar desperdícios - coisas que são pagas, mas que não são realmente usadas. Esse problema pode ser encontrado tanto nos data center on premise quanto na nuvem”, diz Cappucio, do Gartner.

Dados em todos os lugares, IoT e processamento descentralizado

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A tendência conhecida como edge computing, ou frog computing (computação em névoa) se refere a uma topologia em que o processamento de dados e a execução de funcionalidades ocorrem no ponto mais próximo ao usuário ou “coisa” conectados. Pode soar familiar aos mais velhos, mas David Cearly, vice-presidente do Gartner, esclarece que não se trata de um retorno ao modelo cliente/servidor, menos ainda uma contraposição à computação em nuvem. “Quando implementados em conjunto, a nuvem cria um modelo orientado a serviços, enquanto o processamento local (edge computing) oferece um modelo de entrega menos sensível a latência e pronto para operar off line”, descreve.

Disponibilidade, segurança e compliance no emaranhado digital

David Cearly, do Gartner, chama de “intelligent digital mesh” o cenário em que pessoas, dispositivos, dados e aplicações se interconectam e compartilham serviços entre si. Ricardo Villate, da IDC, salienta a necessidade de novas métricas nesse contexto. “Conforme a experiência digital ganha peso em todas as indústrias, as empresas terão que estabelecer novos critérios de benchmark e avaliação de performance, adequados a computação em nuvem, apps móveis, computação cognitiva e outras tecnologias relacionadas à evolução dos serviços digitais.

No que se refere a segurança e compliance, ameaças como ataques a grandes bases de dados (por exemplo, Equifax) e ransonware devem aumentar em volume e sofisticação. Ao mesmo tempo, em 2018 entra em vigência a Regulação Geral de Privacidade de Dados (GDPR). Embora seja uma lei da União Europeia, a GDPR abrange qualquer operação de TI que envolva dados sobre cidadãos europeus, assim como qualquer dado pessoal gerado naquele continente, mesmo que de estrangeiros. A rigidez das regras e das penalidades pelo vazamento de qualquer informação sensível, assim como as normas que restringem o tráfego de dados, obriga as organizações com operação multinacional a rever a distribuição de suas cargas e dos serviços de TI. Além do impacto global já em 2018, a GDPR tende a se tornar referência para regulações locais, inclusive no Brasil.

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Companhias buscam contextualizar inovações tecnológicas

Jay Gumbiner, da IDC, observa que tanto o ritmo do amadurecimento de novas tecnologias quanto o protagonismo das áreas de negócio nas decisões de TI exige que os parceiros de serviços tenham não apenas proficiência técnica, mas principalmente conhecimento das peculiaridades e das dores dos segmentos. “Será fundamental contar com especialistas que trabalhem conforme as métricas e os objetivos de cada tipo de negócio”, diz o analista. “A implementação de IoT no varejo pode ter grande impacto na forma de o consumidor lidar com as marcas e as lojas, mas só quem conhece o ramo sabe como fazer para dar certo”, exemplifica. 

* André Migliorelli é CEO da A5 Solutions, integradora de soluções de Contact Centers, Comunicações Unificadas e Redes Convergentes.